Marcia Tiburi |
O apelo ao moralismo é, em geral, usado por pessoas e instituições sem ética alguma”. A frase é da escritora e filósofa, Marcia Tiburi comentando sobre os ataques recentes contra obras de arte registrado em diversos lugares do país.
Em vídeo gravado para os Jornalistas Livres, ela faz uma sugestão: “”Eu gostaria de sugerir que nesse momento em que o Brasil é levado à histeria política e ao caos, que as pessoas pudessem voltar a si e buscar uma abordagem mais razoável sobre esses assuntos que são todos tão complexos.”
Segundo Márcia, a postura que a postura que “muitas pessoas vêm tendo em relação às artes não é apenas a falta de conhecimento. É uma postura antiética, imoral e que mística a má fé…Há toda uma onda de violência cintra as artes que nuca fizeram mal a ninguem Arte é algo que faz bem, melhora a sensibilidade, a inteligência e desse modo melhora tb o agir no mundo”.
Delírio de uns levou outros à morte
A onda moralista que começou com a censura à exposição Queermuseu, no Rio Grande do Sul, causou a apreensão pela polícia do quadro Pedofilia da exposição Cadafalso de autoria da artista mineira Alessandra Cunha, a Ropre. Desde junho no Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul (Marco), a exposição ganhou censura de 18 anos. A censura partiu de alguns deputados locais.
“O título (da obra) era “Pedofilia”. Qual foi o raciocínio que os deputados do Mato Grosso do Sul (que pediram o confisco de obra da exposição “Cadafalso”, da artista Alessandra Cunha, em Campo Grande) tiveram? Eles viram o título e, por indução, entenderam que a obra era pedofilia, que ao invés de questionar, ela incitava. Na verdade, se vocês virem a pintura, é até uma obra ingênua, que remete à solidão e ao abandono da criança quando se encontra numa situação de abuso…”, comentou Márcia.
Segundo ela, “A imaginação doentia dos inquisidores do Século XV que descreviam relações sexuais entre bruxas e demônios (“Martelo das Feiticeiras” – tratado escrito por inquisidores da época), ofereceu fundamentos para incriminar e matar pessoas inocentes, ou seja, o delírio de uns, prejudicou outros até a morte…”
Fabricação de mitos
Márcia lembrou que aqueles que “querem aparecer”, sejam políticos e os “ativistas” tem usado a “velha tática da mistificação”. “O que é a mistificação? É a criação de uma verdade que em seu todo é falsa mas que move as emoções das pessoas em um nível impressionante. O apelo ao moralismo é, em geral, usado por pessoas e instituições sem ética alguma… Podemos fabricar mitos a qualquer hora, mas isso é errado do ponto de vista ético”.
De acordo com Márcia, a sociedade precisa estar atenta e não “comprar ideias prontas”. “A televisão vem vendendo opiniões baratas junto com movimentos que brincam com a nossa ingenuidade. Não sejamos os otários que compram ideias prontas só por que parecem baratas ou fáceis de digerir. Fiquemos atentos, a nossa alma vale muito e tem muita gente, desde sempre, tentando capturá-la…”
Do Portal Vermelho com informações dos Jornalistas Livres
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