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sexta-feira, 1 de junho de 2018

Ex-catadora de papel mantém biblioteca com 22 mil livros em Belo Horizonte


Em 1998, a mineira Vanilda de Jesus Pereira sofreu um derrame cerebral. Impossibilitada de retomar o trabalho de babá, passou a recolher papéis nas ruas. Havia um tipo, porém, que não servia à reciclagem: os livros. Hoje seu acervo reúne cerca de 22 mil títulos, disponíveis na Biblioteca Comunitária Graça Rios, que fundou na Vila Paquetá, em Belo Horizonte.
Desde muito cedo Vanilda manifestava interesse pela literatura, apesar de ter estudado apenas até a sexta série. O pai, analfabeto, achava leitura coisa à toa. Mulher tinha que aprender a cozinhar e a ser boa esposa.
Em 1977, aos 14 anos, a menina foi trabalhar como babá. Certo dia, esqueceu de fazer uma tarefa. A patroa encontrou-a com um livro aberto: “Onde você quer chegar lendo?”, esbravejou. Foi demitida. Com o dinheiro que dispunha, tratou de comprar o livro da discórdia – Escrava Isaura. “Queria terminar de ler a história, uai…”. Quinze dias depois, a prima da ex-patroa a contratou. Além do novo emprego, ganhou passe livre para a biblioteca da casa. “Aqui você pode ler tudo.”
A cada salário, mais livros. Guardava-os embaixo da cama. Com o tempo, o espaço ficou pequeno. Em vez de livrar-se dos títulos, alugou um barraco para abrigá-los. Em 2002 um jornalista descobriu o espaço. Só então Vanilda deu-se conta de que possuía uma biblioteca. Aprendeu a catalogar os livros com a escritora Graça Rios (“Coloquei seu nome na biblioteca para homenageá-la em vida”), e passou a receber doações de outras entidades.
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Vanilda de Jesus, ao centro, no lançamento do livro sobre sua trajetória (foto: divulgação)
O seu trabalho rodou o Brasil por meio de reportagens de televisão. Em 2015, com a ajuda de doações, foi construída a Casa do Grande Coração, um espaço de convivência com aulas de dança de salão, pilates, ioga, violão, artes marciais, atendimento fonoaudiólogo e psicológico, entre outras atividades gratuitas. Também ajudou a criar 12 bibliotecas comunitárias em outros bairros da capital. “Nada foi planejado. Fui fazendo o que era possível”, reforça a ex-catadora de papel, ex-empregada doméstica e ex-babá.
Em 2017, as admiradoras Luana Ferraz e Marcela Gonzaga resolveram escrever um livro sobre a trajetória da mineira. O título vem de uma frase muito falada pela mulher para explicar sua dedicação nas últimas décadas: Ninguém É Feliz Sozinho – Histórias de Vanilda de Jesus. Ela diz se inspirar também em uma sentença de Madre Teresa de Calcutá: “Não tem pobre que não tem o que dar e nem rico que não precise receber”
BRASIL CULTURA

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