Cerca de 100 mil pessoas tomaram os Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro, neste sábado para defender o restabelecimento da democracia no Festival Lula Livre. Chico Buarque e Gilberto Gil encerraram o evento com o clássico da música brasileira Aquele Abraço, mas o ápice da participação dos dois foi quando cantaram juntos a canção Cálice, que lembra os tempos da censura durante a ditadura civil-militar.
“Todos nós que aqui representamos, hoje, o desejo nacional de libertação do nosso líder, manifestamos o processo de luta democrática permanente que temos que ter no país e no mundo inteiro. Viva a democracia. Lula Livre!”, pediu Gil, enquanto Chico puxou o grito “Lula Livre!”. “São quase 100 mil que estão aqui para cantar e mandar essa mensagem de esperança pela libertação do Lula”, completou Chico.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) participou do evento. “A Lapa deu a mostra de que o Brasil não vai aceitar as arbitrariedades tidas como “normais”. A ficha tá caindo, galera. Lula é um preso político e sua liberdade é a luta de milhares”, afirmou a deputada.
Pelas redes sociais, a pré-candidata do PCdoB, Manuela D´’Avila, comentou a mobilização. “Que lindo ver tanta gente no Rio lutando pela liberdade do presidente Lula! Povo que luta pela democracia!”, escreveu.
Desde às 14 horas, dezenas de artistas brasileiros e latino-americanos se apresentaram e fizeram manifestações em defesa da democracia e pela liberdade de Lula. A sambista Beth Carvalho pediu a união da esquerda na disputa eleitoral. “O povo sabe, o povo quer, o povo diz, nós queremos Lula andado livre no país”, afirmou a cantora.
Jards Macalé cantou os versos de Nelson Cavaquinho: “o sol há de brilhar mais uma vez”, versos da música Juízo Final. O cantor e compositor Chico César emocionou quando misturou seu sucesso Mama África com versos de Pra Não Dizer que Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré, que também marcou a luta contra a ditadura.
O evento ainda contou com a participação dos grupos Heavy Baile, as cantoras Dani Negra e Craca, MC Carol e o rapper Renegado que trouxeram os ritmos da periferia.
O ator Herson Capri fez a leitura da carta que Lula escreveu para o festival. “Quantas vezes, quando a sociedade calou diante de barbaridades, foram os nossos músicos, escritores, cineastas, atores, dramaturgos, dançarinos, artistas plásticos, cantores e poetas que vieram lembrar que amanhã há de ser outro dia?”, diz um trecho da carta.
Marielle, presente!
Apesar do clima festivo, o evento foi marcado por muitos protestos. Em vários momentos, artistas e lideranças políticas cobravam justiça pelo assassinato de Marielle Franco, que completaria 39 anos neste final de semana.
Os protestos também chamaram atenção para o combate à opressão contra o povo negro. O rappers Flavio Renegado, Dani Nega e o grupo Gotam Cru & Os Curingas trouxeram a cultura da periferia para o centro da festa.
“O Brasil que queremos é feito por lideranças pretas e pelo fim do genocídio e da intervenção militar”, afirmou Caio Prado e os integrantes da Intrépida Trupe durante a homenagem à vereadora.
A banda Gotam Cru destacou que Lula é preso político, vítima do “grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo”, e também criticaram o governo Michel Temer e seus retrocessos “a galope”.
Outro ponto alto da noite foi quando o músico Odair José cantou Eu vou Tirar Você Desse Lugar, em referência indireta ao ex-presidente Lula, mantido preso em Curitiba. O cantor Daniel Téo, levou para a Lapa a canção You’re not alone, que presta homenagem a Lula, Nelson Mandela, Dalai Lama, Desmond Tutu, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, John Lennon, Rosa Parks e outros ícones globais da luta pela paz, justiça e igualdade.
Do Portal Vermelho, com informações da Rede Brasil Atual e Brasil de Fato
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