Ser patriota não significa, exclusivamente, marchar no dia 7 de setembro, torcer para o Brasil na Copa ou saber cantar o Hino Nacional. Nas escolas, vemos a prática do que entendemos ser patriota na comemoração da Independência do Brasil (1822), nos ensaios das bandas, ou seja, em tudo que nos remete às homenagens à pátria.
Mas, ser patriota é muito mais que tudo isso. De acordo com o dicionário Aurélio, patriotismo é o que demonstra devoção e amor ao país e ser patriota significa ser uma pessoa que ama, protege e guarda a pátria. Porém, o significado do dicionário é conciso. É o que entende a historiadora, doutora em história cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Sara Nunes.
Segundo ela, ser patriota é se identificar com os valores, a história e a cultura do país em que se vive. “Neste sentido, não sei exatamente se a nossa população conhece de forma digna a nossa história a ponto de se identificar com ela”, reflete.
Ela explica que como o futebol é uma paixão nacional, lugar de identificação de diferentes grupos, torcer para a seleção é também um exercício de identidade. Muitas vezes, as pessoas se interessam mais pelo resultado da Copa do Mundo de Futebol, do que com o processo eleitoral, por exemplo. Sobre a paixão nacional, Sara comenta que é um patriotismo muito específico, cujas as ações não se traduzem da mesma forma e com a mesma paixão para além do futebol. A doutora afirma que, participar do desfile do 7 de setembro é mais um ritual social construído para relembrar a nossa Independência de Portugal do que exatamente um exercício de patriotismo.
>>Conceito muda_ Para a professora e historiadora, doutora em história social pela Universidade de São Paulo (USP), Miriam Branco, o conceito de patriotismo não é algo estanque. Na verdade, sua definição está sempre em movimento, e isso é necessário para que possamos atualizar os dois principais elementos que definem o termo, que segundo ela, são dedicação e solidariedade. “Se pensarmos na sociedade brasileira em sua atualidade perceberemos que devemos ser patriotas sim, mas no sentido de que nossa dedicação à pátria deve vir em forma de escolhas conscientes que conduzam a nação para formas de desenvolvimento que baseado na solidariedade todos sejam contemplados”.
>>Política_ Para Miriam, a desilusão política pode até nos fazer perder a confiança nas instituições momentaneamente. “Mas nosso patriotismo visto no sentido de dedicação ao bem comum é que nos deve dar a força para reverter o processo. O que se deve pensar é em dar condições às nossas crianças de se tornarem adultos conscientes e solidários, respeitadores da diversidade e da pluralidade, isso é ser patriota. A educação é sempre o melhor caminho”, acredita.
Sara diz que não somente a desilusão com a política, faz a pessoa não ser patriota, mas também a falta de conhecimento histórico e consciência social. “Tornar alguém patriota é conscientizar que todos fazem parte de uma coletividade e que existir é ir além de ser indivíduo do espaço privado, é ser cidadão na esfera pública”.
Estudantes conhecem a história
Através do conhecimento da história do Brasil, estudantes do 9º ano do Caic Nossa Senhora dos Prazeres, do Bairro Santa Catarina, aprendem a ser patriotas. Mesclando a história do país com a realidade atual, as aulas de história ficam mais atrativas e os alunos compreendem melhor os fatos. Dois deles, mostraram que entendem o patriotismo como algo mais amplo do que somente marchar nos desfiles cívicos.
Para Emanuele dos Santos, 17 anos, ser patriota é ser cidadão, lutar pelos direitos e sempre tentar fazer o melhor. Seu colega de classe, Victor França, 14 anos, acredita que ser patriota é valorizar mais o país e lutar para que não aconteçam injustiças. “Assisto programas de política para tentar entender melhor o país e também fico atento às notícias”.
O professor de história, Gustavo Waltrick alerta que quando não se entende a história, os mesmos erros podem ser cometidos.
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