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sábado, 8 de setembro de 2018

Wilson Moreira deixa mais belas composições das rodas de samba


Se tem um compositor que deixou relevante repertório para as rodas de samba, este é Wilson Moreira. Suas composições são as mais belas executadas e possuem enorme capacidade de interação entre músicos e público.
Por Augusto Diniz
Mas, infelizmente, o cantor e compositor Wilson Moreira morreu aos 81 anos nesta quinta-feira (6/9) depois de apresentar problemas renais ocasionados por um câncer iniciado na próstata.
Wilson Moreira foi autor de músicas que não ficam de fora de rodas de samba pelo País afora há anos, como “Não tem veneno” (com Candeia), “Judia de mim” (com Zeca Pagodinho), “Deixa clarear”, “Morrendo de saudade”, “Senhora liberdade”, “Goiaba cascão”, “Gotas de veneno”, “Coisa da antiga” (estas no Nei Lopes), entre outras.
Seu parceiro mais constante e de várias composições que se tornaram sucesso na voz de grandes intérpretes da música brasileira foi Nei Lopes.
Eles se conheceram nos anos 1970 através de um outro grande compositor: Délcio Carvalho. Nei trabalhava em um estúdio de jingle no centro do Rio quando foi apresentado a Wilson Moreira por Délcio – Nei Lopes já tinha admiração por Wilson como compositor.
A primeira música gravada de Wilson Moreira e Nei Lopes foi “Leonel Leonor”, interpretada por Roberto Ribeiro. Ambos deixaram mais de 300 composições gravadas e fizeram dois discos antológicos: “A arte negra de Wilson Moreira e Nei Lopes” (1980) e “O partido (muito) alto de Wilson Moreira e Nei Lopes” (1985).
Wilson Moreira Serra nasceu em Realengo, na Zona Norte do Rio. Participou do grupo Partido em 5, que contava entre seus membros com o inesquecível Candeia, com quem compôs algumas músicas – como a “Me alucina” e a já citada anteriormente.
Passou pela ala dos compositores das escolas de samba Mocidade Independente de Padre Miguel e Portela.
Trabalhou por mais de 30 anos na carceragem do Complexo Prisional de Bangu. Segundo Wilson, ele era muito respeitado e chegou a salvar alguns presos da morte dentro do sistema.
Gostava também de sambas de roda, de terreiro e de Jongo. Registrou como cantor importantes composições dentro dessa vertente do samba. Foi o caso de “Yaô”, de João da Baiana, e “Benguelê”, de Pixinguinha e Gastão Viana. E também produziu composições com referências africanas.
Antes de sofrer um derrame, em 1997, afetando a mobilidade de parte de seu corpo, lançou os discos solos “Peso na balança” e “Okolofé”. Em 2002 gravou mais um disco solo e outro de temas afros com um quarteto só de percussionistas (2011).
Ano passado, apresentou projeto de financiamento coletivo de um disco de composições inéditas remetendo à sua infância, mas o trabalho não chegou a ser lançado.
Wilson Moreira deixa imenso legado à música, diariamente apresentado nas rodas de samba pelo País afora.
Fonte: GGN

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