Carta aprovada em
São Paulo a sexta (12/10), com presença da candidata à vice-presidência
Manuela d’Ávila (PCdoB), denuncia ameaça à democracia.
Na última sexta-feira (12/10), centenas
de representantes estudantis do Brasil todo se reuniram na sede das entidades,
em São Paulo, para debater o papel dos estudantes no segundo turno eleitoral
brasileiro, que vai até 28 de outubro. A indicação de voto em Fernando Haddad
(PT) e convocação dos jovens para a campanha foram aprovadas pela Diretoria
Plena da UNE, da UBES e da ANPG, cada uma delas formada por cerca de 100
jovens.
“Enxergamos na candidatura de Jair
Bolsonaro a representação da ameaça democrática que o país vem vivendo”, afirma
a carta (leia abaixo), que também ressalta o papel dos estudantes durante o
período de ditadura brasileiro, exaltado pelo militar da reserva.
Após discursos dos representantes e
da candidata à vice-presidente Manuela d’Ávila (PCdoB), os estudantes gritavam
em coro: “Sou estudante / Não abro mão / de derrotar o fascismo na eleição”.
Próximos passos
Para os estudantes, o debate
eleitoral vem se apoiando em mentiras e não argumentos. Por isso, a orientação
das entidades é para criação de comitês e assembleias de campanha pró-Haddad e
pela democracia em cada escola, universidade e comunidade:
“Precisamos fomentar a disputa de
projeto de país nas redes, construindo grandes correntes para combater as fake
news, apresentar o programa de Haddad e combater o projeto reacionário de
Bolsonaro.”
Além disso, dois dias de luta foram
convocados: 20 de outubro,com um bloco da educação para se somar às
manifestações chamadas por diversos setores, em especial as mulheres. E, no dia
26 de outubro, um dia nacional de mobilização nas escolas e universidades.
Dias que valem anos
Mariana Dias, presidenta da UNE,
afirmou que a campanha precisa “não só do nosso apoio, mas também da nossa
dedicação”. Presidente da UBES, Pedro Gorki destacou a necessidade de se opor
um projeto da bala ao projeto da educação como esperança para a população.
No seu discurso, Manuela d’Ávila, que
foi diretora da UNE em 2004, pediu generosidade de cada um para conversar com
os que estão do outro lado e não são a favor do fascismo e da tirania. “A
diversidade, a pluralidade, até o direito de ir às ruas contra uma presidenta,
tudo isso só será garantido se existir democracia”, disse.
“Tem dias que valem por anos. Temos
17 dias até o segundo turno e não sabemos quantos anos de democracia podem nos
custar essa eleição”, terminou.
CARTA DA UNE, UBES E ANPG SOBRE O SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2018
Mas ninguém se rendeu ao sono.
Todos sabem (e isso nos deixa vivos):
a noite que abriga os carrascos,
abriga também os rebelados.
Em algum lugar, não sei onde,
numa quebrada,
numa sala de aula,
no porão de alguma fábrica
se traçam planos de revolta
Todos sabem (e isso nos deixa vivos):
a noite que abriga os carrascos,
abriga também os rebelados.
Em algum lugar, não sei onde,
numa quebrada,
numa sala de aula,
no porão de alguma fábrica
se traçam planos de revolta
As eleições
presidenciais de 2018 vêm pautando o debate nas ruas e nas redes de todo o
Brasil nos últimos meses. É um momento em que se coloca em evidência os
projetos em disputa para o país e os rumos da democracia brasileira. Frente a
esse histórico pleito, as entidades estudantis – UNE, UBES e ANPG – vêm a
público manifestar suas preocupações e suas orientações aos estudantes
brasileiros.
É notório a
escalada de intolerância e da violência nessas eleições. Estão surgindo dezenas
de denúncias de agressões e até casos de assassinato que se dão por
divergências políticas. Faz-se necessário a denúncia de toda forma de supressão
ao debate democrático e é fundamental também repudiar todos os discursos dos
candidatos que fortaleçam o ódio e a violência.
Chegaram ao
segundo turno os candidatos Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL). Frente
à polarização de seus projetos que são antagônicos, as entidades estudantis
sentem-se na obrigação histórica de pronunciar-se diante deste cenário de forma
a cumprir seu objetivo e responsabilidade com a sociedade brasileira que passa
pela defesa da democracia, educação, da ciência, dos direitos sociais e da
soberania nacional.
A crise
internacional tem imposto no mundo uma agenda de austeridade aos trabalhadores
e estudantes e levado vários setores da sociedade a apoiar saídas radicais e
autoritárias. É necessário o apoio de todas as nações democráticas para
pressionar o Brasil a seguir no caminho da defesa dos direitos do povo
brasileiro.
Por isso,
indicamos o voto dos estudantes no candidato Fernando Haddad, pois enxergamos
na candidatura de Jair Bolsonaro a representação da ameaça democrática que o
país vem vivendo.
Democracia é
um tema caro para nós e para o povo brasileiro. As entidades estudantis, tanto
nacionais, quanto estaduais e locais, foram as primeiras vítimas dos regimes
autoritários defendidos por Bolsonaro. A organização livre dos estudantes na
época foi posta na ilegalidade, acompanhado de incêndios criminosos às nossas
sedes. Nossas lideranças foram perseguidas, brutalmente torturadas e assassinadas.
E ainda assim, mantivemos nossa bandeira azul contra o fascismo hasteada e
assumimos a tarefa de reconquistar a democracia.
Por isso, a
obrigação histórica daqueles que foram perseguidos e sofreram pelo punhal da
ditadura militar é colocar-se contra os defensores da tortura e dos regimes
ditatoriais e a favor de projetos nacionais com responsabilidade democrática.
Esse autoritarismo de Bolsonaro é vinculado a um projeto que visa atacar a
democracia para aplicar a qualquer custo as medidas neoliberais que retiram
direitos dos trabalhadores para maximizar os lucros dos grandes empresários.
Assim,
convocamos os estudantes brasileiros a estarem engajados na campanha
presidencial apresentando cada vez mais as insuficiências e contradições do
programa econômico de Bolsonaro, que nada tem de antissistêmico e se propõe a
continuar a rejeitada política econômica de Temer. O seu compromisso com as
medidas anti-povo de Temer como a Emenda 95 (PEC do teto de gastos), a reforma
trabalhista que terceiriza e retira direitos, a privatização de estatais e
aprovação a reforma da previdência precisam ser denunciados ao povo mais pobre
e aos setores médios da sociedade.
O programa
para educação de Bolsonaro é também absolutamente destoante da trajetória de
lutas dos estudantes brasileiros. A defesa da redução da maioridade penal, a
manutenção da emenda 95 (que ele apoiou no congresso) que congela os
investimentos em educação, a ameaça a manutenção da política de ações
afirmativas, as propostas de militarização da educação, a defesa do projeto
Escola com Mordaça, a proposta de educação à distância no ensino fundamental e
médio, desmonte da universidade pública e um programa vago para o setor
educacional o colocam como o inimigo número UM dos estudantes e da educação.
Além disso,
Bolsonaro não apresenta projeto concreto para a sustentação e desenvolvimento
da ciência brasileira. O candidato propõe a extinção do Ministério da Ciência e
Tecnologia associado a defesa do teto dos gastos e privatização das estatais
brasileiras que são base para o desenvolvimento e ciência nacional. Este fato,
coloca em risco todo o sistema nacional de ciência e tecnologia, incluindo a
pós-graduação e Programas de Iniciação Científica (PIBIC) que vem colocando
nossos jovens estudante em contato com a produção científica.
Ainda,
Bolsonaro pretende aplicar esse programa de atraso usando medidas
anti-democráticas, legitimando e institucionalizando a violência e a repressão
contra os movimentos sociais, entidades estudantis, sindicatos e todos aqueles
que se opuserem a esse projeto.
Por outro
lado, a candidatura do professor Fernando Haddad, o responsável por projetos
que impactaram Educação, como o processo de democratização do acesso à
universidade pública e particular através do ENEM, SISU, PROUNI e a política de
cotas; a abertura de centenas de Institutos Federais de educação; a criação do
Plano Nacional de Educação e consolidação do Plano Nacional de Pós-Graduação; a
valorização e expansão da pós-graduação; e, o piso nacional para professores são
alguns projetos que modificaram a educação.
Somado a
isso, o projeto representado por Fernando Haddad tem se colocado como um amplo
e plural polo democrático que, ao contrário do projeto de Bolsonaro, defende a
democracia, o combate às desigualdades sociais, a valorização do trabalho,
tendo a educação e a ciência como alicerce para um projeto nacional.
É urgente a
convocação de assembleias para debater a posição dos estudantes nesse segundo
turno e a criação de comitês de campanha pró-Haddad/pela democracia em cada
escola, universidade, comunidades e bairros por esse país para organizar essa
parcela significativa de estudantes que querem se engajar nesse momento de
defesa dos direitos, da democracia e do Brasil. Precisamos fomentar a disputa
de projeto de país nas redes, construindo grandes correntes para combater as
fake news, apresentar o programa de Haddad e combater o projeto reacionário de
Bolsonaro.
Precisamos
estar atentos e fortes para os tempos que virão, a derrota do nosso inimigo se
dará nas ruas junto ao povo em luta, engrossando as fileiras de um Brasil
soberano e democrático.
Convocamos
ainda dois grandes dias de mobilização para ocupar novamente as ruas contra
Bolsonaro e em defesa da democracia: no dia 20 de outubro organizaremos um
bloco da educação que se somará às manifestações chamadas por diversos setores,
em especial pelas mulheres que vem protagonizando a resistência ao
conservadorismo com atos em todo o Brasil e, no dia 26 de outubro, faremos um
dia nacional de mobilização nas escolas e universidades.
O ódio, a
violência e as mentiras não amedrontarão os estudantes brasileiros. Acreditamos
em nosso povo e suas potencialidades e, por isso, defendemos um futuro para o
Brasil em que cada jovem tenha em uma mão um livro e na outra uma carteira de
trabalho e não uma arma. Defendemos que em cada bairro do nosso país tenhamos
uma escola e não mais um presídio. Sabemos que educação e ciência e tecnologia
possuem enorme capacidade para geração de riquezas e de transformação social
para reduzir as desigualdades sociais que assolam o nosso país. Nesse sentido,
a União Nacional dos Estudantes, a União Brasileira de Estudantes Secundaristas
e a Associação Nacional de Pós-Graduandos convocam todo o corpo discente
brasileiro a se engajar na campanha de Fernando Haddad e Manuela D’Ávilla afim
de defender nossa democracia. Só o voto 13 pode derrotar as forças
conservadoras, anti-populares e reacionárias e defender e garantir uma nação
soberana com acesso à uma educação e ciência pública, gratuita e de qualidade.
São Paulo, 12
de Outubro de 2018
Fonte: UBES
Adaptação: CPC/RN
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