Jornalistas que testemunharam o encontro de Jair Bolsonaro com o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, disseram que o futuro presidente brasileiro bateu continência para o assessor de Trump.
Bolton, em recente discurso em Miami, retomou o discurso de George W. Bush sobre um suposto “eixo do mal”, só que desta vez na América Latina: Nicarágua, Cuba e Venezuela.
São países em que os Estados Unidos, através de bloqueios e sanções econômicas, ações clandestinas e propaganda, tentam promover troca de regime.
Para isso, agora contam com o Brasil. A primeira ação “eficaz” do ponto-de-vista de Washington foi a destruição do programa Mais Médicos no Brasil, em que Bolsonaro denunciou os médicos cubanos como “escravos”.
É importante lembrar que durante a guerra fria os EUA financiaram direta ou indiretamente intelectuais de esquerda que se opunham à União Soviética.
Bolton é o clássico apparatchik norte americano, tendo servido aos governos de Ronald Reagan e Bush filho.
Ele é um dos responsáveis pela decisão de cancelar o acordo firmado entre EUA e aliados europeus com o Irã durante o governo Obama.
O objetivo é, contando com a aliança Israel-Arábia Saudita, promover a troca de regime também no Irã. Uma aliança na qual os EUA já contam com o Brasil, depois da recente visita do filho de Bolsonaro, Eduardo, a Washington.
Eduardo disse que não teme um boicote às exportações brasileiras para países árabes se a embaixada brasileira em Israel for transferida de Tel Aviv para Jerusalém.
Segundo ele, será possível trabalhar com países árabes de maioria sunita que enfrentam o Irã xiita.
O Brasil também deu um sinal claro de que vai se alinhar a Donald Trump nas questões ambientais.
Trump disse que não acredita num relatório emitido recentemente por seu próprio governo segundo o qual o aquecimento global provocará grandes danos à economia dos Estados Unidos.
Bolsonaro, por sua vez, de olho em ocupar a Amazônia com o agronegócio, interferiu para que o Brasil não sediasse, no ano que vem, a Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 25.
Com o título “Brasil envergonha a agenda climática”, o Greenpeace definiu como desastrosa a decisão:
É do Acordo de Clima que saem as metas para conter as emissões de gases de efeito estufa. Na conta do Brasil, isso significa principalmente acabar com o desmatamento e promover energia limpa a fim de assegurar um país e um mundo em que a biodiversidade possa ser conservada, que eventos extremos não destruam vidas e que os direitos das pessoas sejam assegurados. Porém, a retirada da candidatura brasileira ocorre no momento em que a Amazônia registra alta de 14% na taxa de desmatamento. No Brasil, o equilíbrio climático é fundamental principalmente para setores como a agricultura, que tem importante participação na economia. Assim, fazer mais pelo clima é uma questão de lógica estratégica para o país. Infelizmente, este campo parece não ser o forte do próximo governo.
No twitter, @luciocaramori fez uma brincadeira com a trapalhada entre o futuro ministro Onyx Lorenzoni e Bolsonaro sobre a desistência de sediar a COP (ver vídeo abaixo).
Onyx pretendia mentir, mas Bolsonaro admitiu sua interferência.
O clipe termina com legendas da série norte-americana Curb Your Enthusiasm, em que um dos criadores de Seinfeld, Larry David, brinca com suas próprias trapalhadas.
Vi o Mundo
C/ CTB NACIONAL
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