Waldir Bispo dos Santos e Davi de Oliveira Fernandes eram seguranças terceirizados do supermercados Ricoy. Trabalhavam para a empresa KRP Valente Zeladoria Patrimonial, com sede em São José dos Campos. O chicote cortou as costas da vítima e deixou marcas, visíveis até hoje, passados mais de 30 dias das agressões.
Segundo o delegado Pedro Luís de Sousa, do 80° DP, responsável pelo caso, o segurança preso neste sábado tem histórico de lesão corporal contra mulher. O outro já foi denunciado por apropriação indébita.
Na quarta-feira (4), o delegado afirmou acreditar que o caso não foi isolado – há mais duas investigações de possíveis torturas, uma delas contra um menino. “Acho que o chicote foi usado outras vezes [dentro do supermercado], já que pequenos furtos são corriqueiros no local.”
O titular do 80° DP afirmou ainda que o crime de tortura, em que os dois seguranças são acusados, é inafiançável, imprescritível e não pode nem ser perdoado mediante indulto oferecido pela Presidência da República.
Onde está a vítima?
Desde ontem, o adolescente E.M.O. foi incluído no serviço de acolhimento, um abrigo da rede sócio-assistencial da Prefeitura de São Paulo. O encaminhamento foi feito pelo Conselho Tutelar da Cidade Ademar e pelo Centro de Referência da Assistência Social. Nos próximos dias, o jovem deve ser incluído no PPCAAM- Programa de Proteção de Crianças e Adolescentes Ameaçados.
A inclusão dele no Programa já foi solicitada pelo Conselho Tutelar e pelo Creas. A Vara da Infância e Juventude de Santo Amaro também acompanha o caso. Familiares do jovem reclamaram de ameaças e de que foram procurados por pessoas desconhecidas. O menino estava morando com um irmão dele, que foi favorável ao acolhimento dele num abrigo.
O adolescente de 17 anos torturado no mercado Ricoy esteve na última quinta-feira, dia 5, acompanhado de seu irmão Wagner Bispo de Oliveira, 30 anos, no Conselho Tutelar da Cidade Ademar. Lá foram atendidos por 4 conselheiros tutelares. O conselho tutelar encaminhou o adolescente para acompanhamento Psicossocial junto ao Creas (Centro de Referência da Assistência Social) e o Centro de Apoio Psicosocial (Caps).
Um relatório sobre a situação de risco do menino, que vivia nas ruas e usava drogas, foi encaminhado para a Vara da Infância e Juventude de Santo Amaro, que acompanha caso. O pai do jovem faleceu no início desse ano e a mãe, conforme os familiares, sofre de alcoolismo e não foi localizada pelo Conselho Tutelar.
O advogado e conselheiro do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Ariel de Castro Alves, foi quem requisitou aos membros do Conselho Tutelar da Cidade Ademar para que acompanhassem o caso, com apoio e proteção através de encaminhamentos sociais e de atendimento psicológico ao adolescente.
Fonte: Jornalistas Livres
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