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segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Jeosafá Gonçalves: Mário do quê?

Para a maioria dos paulistanos que já ouviu falar em Mário de Andrade, ele é apenas um nome de biblioteca no centro da cidade. Entre esses, poucos se dignaram sequer a entrar na biblioteca à qual ele emprestou o nome. No entanto, todos os que habitam, trabalham e sofrem no emaranhado de ruas de São Paulo lhe são devedores. Antes dele, esta cidade estava praticamente fora do mapa literário do país.
Por Jeosafá Fernandez Gonçalves*
O escritor paulista Mário de Andrade (1893-1945), na biblioteca de sua casa, na Rua Lopes Chaves, em São Paulo O escritor paulista Mário de Andrade (1893-1945), na biblioteca de sua casa, na Rua Lopes Chaves, em São Paulo
Aliás, quando da Semana de 22, cuja importância cresce quanto mais nos distanciamos dela, São Paulo tinha 200 mil habitantes menos do que o Rio de Janeiro (mais ou menos 700 mil contra 500 mil), e o centro cultural do Brasil era a então capital da República.
É Mário e os que o acompanharam, como Alcântara Machado e Oswald de Andrade, que construíram a São Paulo literária, que chamaram a atenção para a poesia da neblina, da garoa (“garoa, sai dos meus olhos”), da noite urbana (“é noite, e tudo é noite”), do zum zum zum dos calhambeques e das máquinas; e do clarão das lâmpadas elétricas da Pauliceia Desvairada.
Enquanto a capital federal comemorava o centenário da Independência, de pouca relevância para os dias de hoje, o espírito moderno nascia no Theatro Municipal da atual praça Ramos de Azevedo entre provocações e vaias. A discussão estéril sobre quem tivera primeiro a ideia da Semana de 22 foi superada pelo que veio depois. E o que veio depois transformou a cultura brasileira e tem no centro a monumental obra de Mário de Andrade.
Uma forma de os paulistanos de nascença e os de adoção reduzirem sua dívida para com este verdadeiro inventor da São Paulo moderna é visitar-lhe a obra, senão sempre, ao menos com alguma frequência.
Porém constato que milhões viveram, vivem e viverão nesta cidade sem sequer lhe ter ouvido o nome. E isto explica muito da indigência cultural e do fascismo político em que estamos mergulhados.
* Jeosafá Fernandez Gonçalves, escritor, é doutor em Letras e pesquisador colaborador do Departamento de História da USP. É colaborador do Prosa, Poesia e Arte.

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