Duarte Coelho Pereira, o primeiro donatário da capitania de Pernambuco, é um vulto um tanto misterioso. Pouca coisa foi escrita sobre ele.
De acordo com algumas fontes, teria nascido nos fins do século XV, começos da década de 1480, na Província da Miragaia, em Portugal.
Era filho bastardo de Gonçalo Coelho, escrivão da Fazenda Real e comandante da expedição portuguesa que veio para o Brasil em 1503, descendente da antiga família dos Coelho da nobreza agrária portuguesa, e de uma plebéia Catarina Ana Duarte.
Sem ter um lar organizado, teria sido criado por uma tia materna que era prioresa do Mosteiro de Vila Nova de Gaia.
Alistou-se na Marinha portuguesa e, com a Armada de Dom Fernando Coutinho, em 1509, viajou pelo Oriente durante vinte anos. Depois de atuar na África e nas ilhas do oceano Atlântico, trocou a vida de soldado pela de povoador e administrador de terras.
Quando tinha quase sessenta anos, recebeu do rei Dom João III a capitania de Pernambuco, através de carta de doação, datada de 10 de março de 1534 e subscrita em Évora, Portugal.
Poderia ter ficado na sua terra e tentado administrar a capitania a distância, mas preferiu mudar-se para o Brasil e administrá-la pessoalmente, enfrentando todas as dificuldades existentes na nova colônia portuguesa.
Chegou ao Brasil no dia 9 de março de 1535, acompanhado de sua mulher, Brites de Albuquerque, do seu cunhado Jerônimo de Albuquerque, e de algumas famílias do norte de Portugal. Trouxe também vários judeus para a montagem de engenhos de açúcar e feitores com experiência nas plantações de cana-de-açúcar na ilha da Madeira e em São Tomé, uma vez que Pernambuco, com clima quente e temperado, sem grandes variações de temperatura e chuvas regulares, era um lugar propício para a cultura da cana.
Duarte Coelho Pereira, ao chegar em Pernambuco, entrou pela barra da ilha de Itamaracá e desembarcou no rio Igarassu, numa antiga feitoria denominada dos “Marcos”.
Com o tempo verificou que o local não era apropriado para ser a sede do governo. O lugar apesar de ser abrigado dos efeitos das marés altas não era seguro, pois ele poderia ser facilmente aprisionado se ocorresse um cerco, desde o mar, apenas fechando as entradas Norte e Sul, nos dois extremos da ilha de Itamaracá. Mudou-se então para o sul e estabeleceu a sede do governo na área onde hoje se encontra a cidade de Olinda, possivelmente pouco antes do dia 12 de março de 1537, considerando a data da Carta de Doaçãoconhecida como Foral de Olinda.
O território da Capitania de Pernambuco, denominada de Nova Lusitânia por Duarte Coelho, abrangia todo o atual estado de Alagoas, indo até o rio São Francisco, na fronteira com o atual estado de Minas Gerais. Era a capitania que tinha a maior área territorial entre todas as que foram doadas pelo rei Dom João III.
Duarte Coelho expandiu bastante a cultura canavieira na sua capitania, empregando muito dinheiro e trabalho, chegando a exportar depois de pouco tempo açúcar para Portugal.
Foi um grande administrador e o organizador da economia patriarcal, baseado no açúcar e no negro. Incentivava o povo a plantar cana concedendo isenção de taxas para a montagem dos engenhos e de direitos de exportação do açúcar.
No início, a sua convivência com os índios foi pacífica, mas depois teve que enfrentar problemas com os nativos. Conseguiu pacificá-los, no entanto, com habilidade e auxiliado por seu amigo, Vasco Fernandes de Lucena e sua mulher índia.
Não permitia a fixação de degredados nas suas terras, o que lhe rendeu grandes inimizades.
Desenvolveu o comércio, implantou estaleiros onde eram construídas caravelas e embarcações para transporte de mercadorias e policiamento das costas da capitania, expulsando navios franceses que vinham fazer o contrabando do pau-brasil.
Seus inimigos criaram muitas intrigas, fazendo com que o rei, quando Duarte Coelho voltou a Portugal, o recebesse de maneira muito fria, apesar de todo o seu empenho e da antiga consideração que o monarca lhe dispensava.
Essa injustiça abalou-o, profundamente. Sendo um homem de idade, sua saúde foi muito afetada pelo desgosto, o que ocasionou a sua morte, provavelmente no dia 7 de agosto de 1554, de acordo com o historiador Pereira da Costa.
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