Entrevista rara com Câmara Cascudo - https://curiozzzo.com/uma-
entrevista-rara-com-camara- cascudo-em-1984/ Todo mundo sabe que o Potiguar, o povo do rio grande do norte, é conhecido como comedor de camarão, né?
Essa expressão veio lá dos índios Potiguaras, os primeiros habitantes das terras norte-riograndenses, inclusive os eles ainda conservam esse hábito de comer camarão até hoje.
Mas o potiguar também é conhecido como Papa-Jerimum, ou seja, comedor de jerimum, e onde veio essa expressão?
Pois saiba que essa expressão veio da época das Capitania Hereditárias. E pra você que mora no sul/sudeste jerimum é o mesmo que abóbora, ok?
Bom, segundo o maior folclorista do brasil, Luís da Câmara Cascudo, o jerimum nunca foi um alimento característico do RN. Durante muito tempo o estado comprou de seus estados vizinhos, Paraíba e Pernambuco.
Na segunda metade do século XVIII, era comum que alimentos fossem usados como moeda de troca no Brasil. Nos estados do Maranhão e Ceará era o novelo de algodão fiado, mais tarde foi a farinha de mandioca. No Pará, norte do país, a moeda era mais curiosa: pacotes de ovas de tainha.
Mas, segundo Cascudo, a expressão "papa-jerimum" nasceria na "desastrada" administração de Lopo Joaquim de Almeida Henriques, entre 1802 e 1806, quando foi exonerado da capitania Rio Grande, e mandado retirar-se imediatamente pelo Capitão-General de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro.
Diz-se que Lopo Joaquim "mandou fazer roçados de mandioca pela tropa em lugares por onde hoje se estende a cidade, e plantações de melancia, de que tirava a parte do leão" (Gonçalves Dias). Lopo também teria cultivado jerimuns/abóboras.
Jerimum, fruto conhecido no resto do país como abóbora.
Porém não se fala em jerimum nos escritos e relatos históricos, e nenhum historiador comprova a veracidade dos jerimuns como moeda: "Não se fala em jerimum e menos ainda que o governador pagasse tropa e funcionários com os produtos de sua lavoura. Não há outra oportunidade para a criação da lenda e não existe um único documento oficial em que esse episódio seja mencionado. Puro folclore!", cita Cascudo.
O Norte-Rio-Grandense é denominado papa-jerimum (abóbora) porque diz a lenda ter sido com esse fruto que pagavam-se aos funcionários da Capitania.
Indo para o ano de 1906, a primeira versão do famoso Jornal Diário de Natal, na coluna intitulada “De meu canto”, o autor sob pseudônimo “Neto”, publicou a pretensão do então governador Pedro Velho de pagar aos funcionários com salários em atraso, com jerimuns, fazendo alusão ao presidente de província Lopo Joaquim, citado anteriormente. Nesta coluna, o autor acusa o governador de plantar jerimuns nos jardins públicos da cidade.
E aí o apelido pegou e viveu até hoje. O folclorista conta que Francisco Gomes da Rocha Fagundes (conhecido como Chico Gordo), senador pelo Rio Grande do Norte em 1899, ouviu em pleno Senado a piada do "jerimum fiduciário". O senador deu uma resposta feliz: "Paga com jerimum, mas paga! E o Estado de V. Excia. fica devendo!".
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Fonte: Institudo Ludovicus, com informações adicionais de Brechando.
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