Se o 7 de setembro representa, ainda que com ressalvas, o dia em que o Brasil se tornou um país independente, há que se considerar que a independência de toda a América portuguesa foi feita aos poucos. Bem depois do que se convencionou chamar de Grito do Ipiranga, um bom pedaço do território mantinha-se fiel ao Reino Unido português. A ausência de uma identidade nacional, representada pelas diferenças regionais e pelo distanciamento entre as províncias, ajudam a entender este processo. Nas chamadas províncias do Norte, a forte ligação com Portugal, fosse em questões de comunicação, laços econômicos ou políticos, se chocava com o movimento independentista liderado por d. Pedro I. Localizados no extremo norte, o Maranhão e Piauí, por exemplo, viviam isolados da longínqua capital, o Rio de Janeiro. Lisboa, ao contrário, era logo ali. Pelo mar, ficava bem mais perto que o sul.
O Maranhão foi uma das últimas províncias incorporadas ao Império do Brasil, entre julho e agosto de 1823. E não sem resistência. Os cidadãos radicados no Maranhão tinham motivos para resistir à incorporação de sua província pelas demais, já convertidas à Independência.
No Piauí, o processo de adesão a Independência se deu após duros embates no campo de batalha, entre tropas portuguesas e o exército libertador, uma força popular que se tornou decisiva para a consolidação do império brasileiro, que apesar dos reveses iniciais foi imprescindível no cerco as forças do Major Cunha Fidié no Maranhão.
Nos primeiros meses de 1823, tropas organizadas a partir do Ceará e do Piauí invadiram o Maranhão com o objetivo de “libertá-lo” do domínio português. Tinha início as guerras de Independência na província. Somente em 28 de julho de 1823, dois dias após a chegada do Primeiro Almirante da Armada Nacional, Lord Cochrane, a província aderiu oficialmente ao novo Império.
Nota: para a produção do convite digital foi usado o acervo cartográfico da Biblioteca Nacional e acessível digitalmente através da BNDigital. Trata-se do Mappa geographico da capitania do Piauhy, e parte das do Maranhão, e do Gram Pará [Cartográfico], provavelmente de 1816, desenhado a nanquim e a tinta ferrogálica.
Série "200 da Independência"
Quinta-feira, 17 de junho de 2021, 17:00
As várias Independências do Brasil
Por Johny Santana de Araújo (UFPI) e Marcelo Cheche Galves (UEMA)
Comentários de Roni César Andrade de Araújo (UFMA e PNAP-FBN)
Johny Santana de Araújo possui graduação em História Bacharelado pela Universidade Federal do Maranhão (2001), graduação em História Licenciatura Plena pela Universidade Federal do Maranhão (2003), Mestrado em História do Brasil pela Universidade Federal do Piauí (2005), Doutorado em História Social pela Universidade Federal Fluminense (2009), Pós doutorado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É Professor do Departamento de História da Universidade Federal do Piauí, é Membro do Programa de Pós-graduação em História do Brasil e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, ambos da mesma Universidade. Desenvolve pesquisas com ênfase em História do Brasil. Atuando principalmente nos seguintes temas: Formação do Estado Nação, História Militar, Forças Armadas do século XIX ao XXI, História Política e História das Relações Internacionais, Relações Sociais, Politicas e Econômicas no Piauí do século XIX, Escravidão no Brasil do século XIX, Imprensa no Brasil do século XIX. É líder do Grupo de Pesquisa: Núcleo de História, Memoria, Sociedade e Politica e do Núcleo de Estudo e Pesquisa em História do Piauí Oitocentista, ambos cadastrados junto ao CNPq. É tutor do Programa de Educação Tutorial/PET, do Curso de Licenciatura em História/UFPI.
Marcelo Cheche Galves é doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e professor do Departamento de História e Geografia e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual do Maranhão. Coordenador do Núcleo de Estudos do Maranhão Oitocentista (NEMO) e do projeto Imprensa e propriedade: “Portugueses” na província do Maranhão após a Independência, financiado pelo CNPq, é autor, entre outros livros, de “Ao público sincero e imparcial”: Imprensa e independência na província do Maranhão (1821-1826) - Café & Lápis / Editora UEMA, 2015. A articulação entre imprensa e independências também foi objeto de vários capítulos e artigos acadêmicos publicados. E-mail: marcelochecheppg@gmail.com
Roni César Andrade de Araújo é graduado em História pela Universidade Estadual do Maranhão (2004), especialista em História do Maranhão pela Universidade Estadual do Maranhão (2005), mestre em História pela Universidade Federal da Paraíba (2008). É Professor Adjunto 3, do Curso de Licenciatura em Ciências Humanas da Universidade Federal do Maranhão, Campus Grajaú. Doutor em História pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2018). Atua, principalmente, nas áreas de História do Brasil e Maranhão Oitocentista, de História Política e de História e Imprensa. É pesquisador do Núcleo de Estudos do Maranhão Oitocentista – NEMO, e em 2020 foi contemplado no edital do Programa Nacional de Apoio à Pesquisa da Fundação Biblioteca Nacional (PNAP-FBN), cujo tema da pesquisa está nesse link: https://www.bn.gov.br/es/node/7057
Nas imagens, capa da primeira edição do jornal O Conciliador do Maranhão. O jornal circulou entre abril de 1821 e julho de 1823 e capitalizou parte das resistências ao projeto de incorporação da província ao Império do Brasil. Disponível em http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=749524&pesq=&pagfis=1
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