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sábado, 12 de junho de 2021

Zuzu Angel: 100 anos de uma mulher revolucionária. Por Amanda Rigamonti

Zuzu Angel

Originalmente publicado em ITAÚ CULTURAL

Por Amanda Rigamonti

A moda é um de muitos aspectos que podem falar da história de um país, assim como expressar questões simbólicas individuais, de cada ser.

A moda brasileira por muito tempo não foi de fato uma moda brasileira. Ela se apoiou em reproduções e importações do que era produzido na Europa – da escolha de materiais aos estilos. A França era a grande referência, foco dos holofotes. A Europa, a França… Lugares tão diferentes deste nosso extenso Brasil, que é inclusive muitos dentro de si. Nosso clima, nossas frutas, nossa comida, nossa mata, nossas praias, nossos costumes, nossas pessoas, entre tantos outros aspectos, divergem muito daqueles que são encontrados nos países europeus.

Ainda bem que em 5 de junho de 1921 nasceu uma mulher que entendeu tudo isso, e profetizou: “A moda brasileira só pode ser internacional se for legítima”.

Zuleika de Souza Netto, a Zuzu Angel, é considerada a primeira estilista brasileira, que usou materiais, mitos, símbolos e estilos que de fato se relacionavam com este país. Foi responsável pela criação de um mercado nacional da moda.

Nascida em Curvelo, cidade do interior de Minas Gerais, desde jovem tinha grande habilidade para costura e fazia peças de roupas para suas primas e amigas. Foi criada em Belo Horizonte, onde conheceu o norte-americano Norman Angel Jones, com quem se casou. Depois de viver um tempo na Bahia, local de nascimento do primeiro filho do casal, Stuart, mudaram-se para o Rio de Janeiro, onde nasceram Ana Cristina e Hildegard. Na cidade, Zuzu abriu um ateliê em sua própria casa, na rua Barão da Torre – quando transformou seu quarto em oficina de costura. Assim nasceu a “Zuzu Saias”. Com o apoio da então primeira-dama Sarah Kubitschek (1908-1996), amiga de uma tia, passou a produzir peças em série para a sociedade carioca.

Em 1961, Zuzu separou-se de Norman e se mudou com o ateliê para uma casa maior, no mesmo bairro. A clientela cresceu, o trabalho conquistou prestígio. Em 1966, Zuzu Angel era uma etiqueta conhecida na alta sociedade carioca. A estilista promovia desfiles, aparecia na imprensa e foi progredindo até chegar aos Estados Unidos e à mídia de moda internacional.

Em 14 de maio 1971 desapareceu seu filho, Stuart Edgard Angel Jones, aos 26 anos. Ele era uma das lideranças do Movimento Oito de Outubro (MR-8), que se opunha à ditadura civil-militar em curso. Ela então entrou em uma busca incessante por Stuart e, ao receber carta de Alex Polari — militante que ficou preso com Stuart e presenciou sua tortura e assassinato — confirmando a morte dele, seguiu buscando o corpo de seu filho. Ela levou ao extremo o significado de “moda política”, desfilando uma coleção-denúncia em Nova York, no consulado brasileiro. Nesse evento, fez também um discurso em que denunciou o desaparecimento e a morte de Stuart.

Ela gritou a busca do filho, assim como o desaparecimento de muitos outros filhos de tantas outras mães. Usou seu ofício para protestar, bem como seu alcance internacional. Acabou, infelizmente, assassinada.

Antes, temendo o pior, a estilista escreveu dezenas de bilhetes e os entregou a artistas e intelectuais — como o jornalista Zuenir Ventura, o dramaturgo Paulo Pontes (1940-1976) e o compositor Chico Buarque. “Se eu aparecer morta, por acidente, assalto ou qualquer outro meio, terá sido obra dos mesmos assassinos do meu amado filho”, dizia o texto.

14 de abril de 1976 é a data de sua morte. Na madrugada dessa quarta-feira, sofre um “suposto acidente de carro” na Estrada da Gávea, no Rio de Janeiro. Segundo informações, o acidente se deu porque a estilista ingeriu álcool, cochilou ao volante ou sofreu um infarto, tendo o carro derrapado, se chocado contra uma mureta, e capotado estrada abaixo. Em 1998, após anos de uma “batalha sem trégua” de suas filhas, é feita nova perícia, solicitada pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça que concluiu, após ouvir o relato de uma testemunha — o advogado Marcos Pires — que a estilista não foi vítima de “acidente de causas desconhecidas”. Pelo contrário: sofreu um atentado perpetrado por agentes da repressão.

Em 2020, a Justiça brasileira enfim reconheceu que Zuzu Angel foi assassinada por agentes da ditadura civil-militar.

Sua história é muito marcada por esses acontecimentos do final de sua vida. O desaparecimento e assassinato do filho, sua coleção protesto, os constantes esforços para denunciar a ditadura civil-militar brasileira e seu assassinato. Quando lembramos de Zuzu, essas associações são óbvias. No entanto, para honrar sua memória, assim como a história do Brasil, é necessário lembrar e reforçar a importância e pioneirismo dela na criação de uma moda brasileira, assim como seu espírito libertador e revolucionário. Zuzu Angel revolucionou a moda, mas também revolucionou a maternidade, o feminino, o empreendedorismo e a militância.

Para falar desses tantos aspectos, reunimos aqui depoimentos de três pessoas que se debruçaram e seguem se debruçando nas contribuições de Zuzu para a história e para a moda brasileiras: Virginia Siqueira Starling, jornalista que está produzindo a biografia da estilista, a ser lançada pela Todavia, ainda sem data; Ronaldo Fraga, estilista que considera Zuzu como uma de suas mentoras; e Hildegard Angel, jornalista, fundadora do Instituto Zuzu Angel e filha de Zuzu. Eles falam da Zuzu que conhecem – pelas pesquisas, estudos e, no caso de Hildegard, convivência –, comentam seu legado e imaginam uma Zuzu nos dias atuais.

Uma mulher revolucionada e revolucionária

Compartilho com Hildergard a frase do filósofo alemão Walter Benjamin, “se as mães forem revolucionadas, nada restará a revolucionar”, e lhe pergunto, como é ter uma mãe revolucionada? Ela brinca “de perto todo mundo é normal!”, e conta que era algo que eles encaravam com normalidade e que ela de fato conseguia revolucionar em todos os campos – inclusive muito antes de ser reconhecida pela história como uma revolucionária.

Hildegard Angel: “Ela era uma mãe diferente na proteção dos filhos, que se viesse uma reclamação, a premissa era tomar o lado dos filhos, para depois ir escutar.

Foi uma pioneira no pensamento feminista. Foi do Conselho Nacional de Mulheres do Brasil, que escolhia as mulheres do ano. Assinou vários manifestos pela mulher. Quando eu tinha uns 18 anos, fui para os Estados Unidos mandada por ela, participei de um congresso feminista da National Organization for Women.

Ela foi revolucionária em ver beleza no Brasil, porque nada que era brasileiro era considerado belo. Não há uma autoestima brasileira, e ela tinha essa autoestima brasileira. E foi isso que a fez fazer a moda brasileira. Porque ela achava bonito o que para os outros era feio. As nossas cores, as nossas flores, as nossas matas, paisagens, nossa história. Ela valorizou os nossos mitos. E ela aí percebeu que a sua possibilidade internacional era fazer o Brasil, porque as pessoas gostavam tanto das coisas dela. Porque não adianta querer vender para o exterior o que eles têm mais bem feito.

Ela revolucionou não porque ela fez uma moda com referências brasileiras. Mas porque ela refletiu sobre a moda com referências brasileiras. Ela teorizou, conceituou e lançou praticamente um movimento pela moda legitima brasileira, com brasilidade.

E isso criou de certa forma um mal-estar, porque não era a premissa dos outros 99% que criavam moda e da imprensa de moda. Porque tinha uma colonização. Então ela teve esse mérito.

ambém foi pioneira na criação de moda de denúncia política no mundo. E teve um tecido desenvolvido para ela, o polybel, que era um algodão misto, mas não com aquela textura de coisa artificial. Era um algodão com textura de tecido natural. E é um tecido que se mantém. As peças que temos no Museu da Moda Zuzu Angel estão novas como se tivessem sido executadas ontem, e são leves. Foi um tecido desenvolvido de acordo com o que ela pretendia com a moda brasileira.”

Como você apresentaria Zuzu para alguém que não a conhece, não sabe nada da história dela?

Virginia Siqueira Starling: “Ela foi tanta coisa, ela representa tanta coisa. Então, para amigos que me perguntaram quem era ela eu falava: ela não foi só uma estilista, só uma mãe… ela foi isso tudo. Ela era a mulher que enfrentou os preconceitos da época em relação às mulheres. Ela foi uma criadora de moda que inovou, que tinha uma visão super abrangente e diferente do que se fazia na época. Ela foi uma mãe que lutou pela família, que queria a verdade sobre o filho, uma mulher corajosa, valente, que enfrentou a ditadura, peitou tanto que morreu por isso. Então eu falo que ela era uma brasileira… até difícil achar a palavra… diversa. Porque ela fez tudo que ela pôde fazer no momento que lhe foi dado. Naquele tempo, naquele lugar; eu não gosto de falar que ela era à frente ou visionária porque essas palavras acho que hoje perderam um pouco do significado.

Eu acho que no tempo dela ela enxergou aquilo ali, aquela realidade de uma forma diferente. Ela tinha um olhar muito único.”

Ronaldo Fraga: “Uma mulher que tem uma trajetória única na história da moda brasileira e mundial. E, principalmente, em tempos desmemoriados, é importante dizer: qual é o sentido de fazer mais um vestido? Nós já temos roupas para 200 anos, então você tem que fazer uma roupa que fale. E Zuzu Angel fez roupas que cantaram, dançaram, murmuraram, denunciaram, manifestaram… e é isso que a gente precisa agora.”

Hildegard Angel: “Uma grande estilista brasileira, a primeira que propôs a moda com brasilidade, com legitimidade. A primeira a fazer um desfile/uma coleção de denúncia política, no mundo!

Uma mulher de uma grande coragem, que levou a maternidade às últimas consequências sabendo que toda aquela sua movimentação poderia levar à sua morte durante uma ditadura que matava.

Então, foi essa mulher extraordinária que enfrentou o medo, superou as adversidades profissionais e foi até o fim. E, como dizia o Chico Buarque, uma mulher ferida de morte e rindo. Ela não perdia a mineiridade, o bom humor, a malícia, e era uma grande mãe. Tanto que seus filhos a amaram antes, o Stuart, e depois da morte, eu e a Ana Cristina.”

Zuzu, o Brasil e a moda

Virginia Siqueira Starling: “É incontornável falar de Zuzu quando se pensa em moda brasileira. A roupa dela representa muito mais que feio ou bonito. A discussão sobre a moda da Zuzu não é simplesmente se é feio ou bonito, mas sobre o que ela trouxe pra moda brasileira que a gente tá discutindo até hoje. Então isso eu admiro muito nela.”

Ronaldo Fraga: “A Zuzu, no ofício dela, é o Brasil que poderia ter sido, que não foi, que não vingou ainda. Foi uma estilista tropicalista, então quando você pensa em todo momento que tava, influenciando todo aquele momento do Brasil da decoração, da música, da arte, na moda estava a Zuzu Angel.”

Hildegard Angel: “O Oscar Niemeyer, o Cândido Portinari só são quem são, têm o reconhecimento que têm porque foram diferentes, propuseram o novo.

Se você olhar os valores brasileiros que se impuseram internacionalmente foram os que fizeram diferente. E foi esse o insight da Zuzu. Ela fez diferente.”

Costureira, com orgulho

Ronaldo Fraga: “Seus pais debochavam muito dela, falando ‘Dona Zuzu, a costureira’. E ela dizia ‘eles não me atingem com isso, porque prefiro ser chamada de costureira. Não me chame de estilista, eu sou costureira e com muito orgulho’.”

Hildegard Angel: “Ela valorizou a atividade das costureiras. Dizia que a prerrogativa de criar era apenas dada ao costureiro. Aliás, era previsto que o costureiro soubesse desenhar, mas entender de moda tecido, corte, caimento, era tão superficial que nem era previsto que o costureiro soubesse costurar. E ela era uma costureira que sabia costurar. E era uma criadora de moda. Então ela se insurgiu contra isso. Ela dizia que a imagem que se tem quando se fala costureiro é um homem sofisticado requintado e que cria moda, e quando se fala costureira é uma pobre coitada debruçada sobre a máquina de costura. Então ela de certa forma se colocou na posição de costureira, que foi o início da carreira dela, para valorizar a atividade, quando ela poderia também só estar fazendo poses, trejeitos, mas não, ela quis também que as costureiras tivessem o reconhecimento que ela tinha e que as costureiras pudessem também ser criadoras. Então ela foi revolucionária nesse aspecto.”

O vestir é político?

Virginia Siqueira Starling: “Quando a Zuzu fez o desfile protesto em 1971, era a moda abertamente política, então era uma coisa muito nova. Mas, de certa forma, ela já fazia uma moda política desde que ela defendia a nova mulher e que ela queria vestir a mulher que trabalha e queria fazer roupas para todo o dia. Ela desejava romper com a alta costura francesa, e isso já era política. Então as pequenas coisas também são.”

Ronaldo Fraga: “É possível pensar um país através do que as pessoas comem, a forma como elas moram, as cadeiras em que elas sentam, a música que elas escutam e a roupa que elas vestem.

Lembrando que se a mídia mais importante é o corpo, é no corpo que você se revela para seu tempo, é no corpo que você se posiciona para os seus, então a roupa é de uma importância gigante.”

A militância

Virginia Siqueira Starling: “Ela foi uma mulher que fez muito. Ela foi muito valente e foi uma pessoa criativa, dinâmica, corajosa pra caramba. Ela fez o que ela achava que tinha que fazer e a gente não pode deixar passar essa história em branco e falar que ela foi só ‘”ah, ela enfrentou a ditadura”. Mas por que ela enfrentou a ditadura, como, por que isso era importante para ela? Isso tudo eu acho que a gente tem que conhecer. Quanto mais pessoas souberem sobre a história dela, melhor.”

Ronaldo Fraga: “O primeiro contato que eu tive com a Zuzu eu nem pensava em ser estilista. Eu era um adolescente no final da ditadura militar, só lia literatura política, e caiu nas minhas mãos um livro, se não em engano do Zuenir Ventura, em que é dedicado um capítulo a cada intelectual que lutou pela liberdade durante a ditadura militar. E um capítulo é dedicado a Zuzu Angel. E, de todos ali, parece que foi a única que tinha sido morta. Foram torturados, exilados, mas a única morta era ela.

Me marcou muito a coragem, a figura, usar o ofício, um ofício insuspeito, como manifesto. E quando você vê a trajetória da Zuzu, não é uma trajetória única no Brasil, ela é única no mundo. Na história da moda você não tem um ingllês, italiano, francês, alemão que tenha usado a moda de forma tão radical como denúncia do governo como a Zuzu Angel fez. E eu acho que ela hoje deveria ser estudada para além das escolas de moda.

Zuzu é uma figura para mim no panteão daqueles brasileiros que no futuro vão entender como brasileiros que lutaram pela liberdade.”

Hildegard Angel: “Era difícil para eles matar a mamãe, porque mamãe não era uma militante política. Ela era uma mãe amargurada. Eles não teriam esse argumento de dizer que ela era uma mulher perigosa para o regime político. E, ainda, ela era uma mulher que cantava as belezas do Brasil através do que ela fazia. Então não podiam dizer que ela não era patriota.”

Uma mulher com muitas visões

Virginia Siqueira Starling: “A Zuzu já pensava lá na frente, ela pensava numa moda que não tinha estação, uma coisa que a gente discute hoje no mercado de moda, que não precisa fazer moda primeira-verão outono-inverno, a gente pode fazer moda pra mulher de qualquer lugar do mundo, uma moda pra mulher sem idade, não precisa usar sutiã, que não tenha um monte de botões e fivela… Ela já estava pensando isso no final dos anos 1960, início dos anos 1970. Então a visão dela é muito impressionante. Porque até hoje a gente ainda está discutindo isso que ela já estava discutindo na época.”

Ronaldo Fraga:

“Eu, sem sombra de dúvidas, a coloco como a estilista mais original. Ou talvez a primeira estilista a falar de temas na época hoje ainda caros ao brasil. A primeira estilista a falar em legitimidade na moda brasileira.

O primeiro nome feminino no universo dominado por homens, pelo masculino, a fazer a moda e, principalmente, em uma época em que o Brasil era mais dependente das informações do que era lançado na Europa, ela falar de identidade e moda brasileira, de usar produtos brasileiras. Imagina o que era se inspirar em Lampião e Maria Bonita em 1971? E quando vemos isso e, principalmente, quando vemos o trabalho da Zuzu, é um trabalho que vai… ela tinha um domínio do corte, da costura, da criação, e ia da roupa do dia a dia até a roupa de gala. E isso é incomum. Não é uma coisa comum.  Então a história dela com o manifesto político, com a história do Stuart, de certa forma eu acho que deixou para segundo plano a Zuzu como criadora de moda. E ela trouxe questões que ainda são muito caras e envoltas de muito preconceito na moda brasileira.”

Como você acha que a Zuzu se relacionaria com os dias atuais?

Virginia Siqueira Starling: “Eu mesma ainda não entendi, não imaginei a Zuzu nos dias de hoje com clareza. Às vezes eu acho que ela ainda estaria um pouco à margem, no sentido de fazendo coisas que outras pessoas não estão fazendo, e que a maioria continuaria a encará-la com um pouco de estranheza. Em compensação, acho que ela estaria fazendo muito sucesso. E na militância com certeza ela estaria falando, criticando, isso ela continuaria bem firme. Agora, na moda, eu não sei como a moda a receberia. Porque olhando em retrospecto é fácil pensar como a gente valoriza ou deixa de valorizar ela hoje. Mas com ela aqui eu fico um pouco dividida ainda se a maioria estaria olhando ela com um pouco de receio ou não.”

Ronaldo Fraga: “Ela estaria raivosa, nervosa. Com faixas na fachada do ateliê dela há muito tempo. Teria feito vitrines em protesto, coisa que ninguém da moda brasileira fez. Ela estaria fazendo máscaras excepcionais com artesãs Brasil afora. E estaria denunciando tudo e todos nas redes sociais. Com certeza estaria nas redes sociais, usando-as como ela usou na época o que tinha.”

Hildegard Angel: “O mundo da moda é um mundo muito personalista, e eles todos têm um ego grande, ela também tinha [risos]. Não sei como ela ia ver quem faz uma moda parecida com a dela. Não sei se ela ia achar que só ela podia fazer ou se na verdade ia gostar muito. É fácil fazer o discurso, mas viver a situação é difícil. Não tenho dúvida de que ela estaria fazendo oposição ao governo, assinando abaixo-assinados, participando desse momento de uma forma muito intensa, nas manifestações.”

Em 2014… a Ocupação Zuzu Angel no Itaú Cultural

Em abril e maio de 2014 o Itaú Cultural (IC) apresentou a Ocupação Zuzu Angel, com curadoria da equipe da instituição, de Hildegard Angel e de Valdy Lopes Jn. A exposição foi o primeiro evento do IC a tratar da moda como expressão artística e de reflexão cultural.

Foram quatro andares do dedicados a documentos, cartas, vestidos e referências que constroem o universo da fashion designer. A mostra ocupou diferentes espaços e propunha uma exposição em movimento, com performances dirigidas pela estilista Karlla Girotto. Na abertura, réplicas dos vestidos criados por Zuzu desfilaram em atrizes, que também deram voz às cartas que ela enviava a amigos e autoridades na busca por Stuart.

Em depoimento na época, o jornalista gerente do núcleo de comunicação e audiovisual do Itaú Cultural e um dos curadores da Ocupação Zuzu Angel, Claudiney Ferreira, reforçou a importância de homenageá-la:

“A Zuzu é perfeitamente uma artista e foi absolutamente e original no seu tempo. Ela foi uma referência no seu tempo e é uma referência hoje. Acho que cada vez mais se deve falar de Zuzu e estudar Zuzu. Em suas várias facetas”.

O programa Ocupação conta também com um site, que desde a primeira edição existe para trazer materiais e informações adicionais àqueles encontrados no espaço físico. O site preparado para homenagear Zuzu Angel pode ser acessado aqui. Nele, você pode se aprofundar ainda mais na história de Zuzu, com alguns depoimentos, textos e fotos.

Nessa página você pode ver um pouco de como foi a Ocupação Zuzu Angel e o desfile ocorrido na abertura da mostra.

Abaixo você encontra uma playlist com vídeos gravados na época da exposição – depoimentos de diferentes personalidades, assim como dos curadores, e também aulas e palestras ministradas como parte da mostra.

Veja também Zuleika, uma revista produzida como parte da Ocupação. Nela, que segue o modelo das antigas publicações de moda e utiliza fotos do acervo do Instituto Zuzu Angel (IZA), há textos novos e em grande parte exclusivos, assinados por nomes como Zuenir Ventura, João Braga, Hildegard Angel, entre outros.

Fonte> Diário do Centro do Mundo - DCM

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