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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Lula em Natal: "Minha 'vingança' será fazer com que o Brasil cresça"

 

Foto: Pedro Vitorino

  Por: Eliade Pimentel / especial para o Potiguar Notícias
 
Ao encerrar sua visita ao Rio Grande do Norte, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva passou rapidamente pelo Centro de Convenções, na manhã desta quarta-feira (25), em evento promovido pelo Consórcio Nordeste, entidade formada pelos nove estados da região, e concedeu uma entrevista coletiva. Considerada a liderança política mais popular do Brasil, ele falou sobre a viagem, em que está percorrendo o país, sobre a possível candidatura em 2022 e também respondeu se existe sentimento de vingança sobre aqueles que lhe imputaram acusações, das quais ele foi inocentado 15 vezes, ou seja, é considerado inocente em todos os casos em que foi julgado. 
 
Lula disse que, caso opte por se candidatar e seja reconduzido à presidência, seu objetivo maior vai ser reconstruir o país, missão para a qual ele contará com todos os setores da sociedade, da classe política, à classe trabalhadora. "Eu não faço política por raiva. Quando se entra na política, tem que se pensar no bem comum, tem que se pensar no povo. Caso eu volte à presidência, a minha 'vingança' será fazer mais pela educação, mais pelos jovens, será fazer com que o país cresça. Eu sei o que me fizeram, em nove meses eu fui alvo de mentiras, mas eu tinha certeza que a verdade iria prevalecer e a gente iria ganhar", enfatizou. 
 
De partida para a Bahia, ele explicou que a viagem pelo Nordeste é é um encontro com a região que mais precisa de atenção nesse processo de reconstrução do Brasil, açodado, segundo suas palavras, pela política genocida do presidente Jair Bolsonaro. "Estamos dentro de uma crise sanitária jamais vista em todos os tempos, sendo que parte dela poderia ser evitada se nós tivéssemos feito o que toda sociedade civilizada fez.  Se o governo  tivesse feito comitê de crise, na hora certa e com as pessoas certas, principalmente conversado com os governadores e ouvido os profissionais da saúde, teríamos evitado a morte de mais de 570 mil brasileiros e brasileiras", disparou.  
 
Lula repudiou a atitude da maior autoridade do país, que "continua tripudiando todas as pessoas, não usando máscara, ignorando os mais de 14 milhões de desempregados e as mais 40 milhões de pessoas que vivem em situação de insegurança alimentar", disse. Ele relembrou que, em 2012, quando encerrou o segundo mandato como chefe do Executivo nacional, não existia mais fome no Brasil e que agora não é possível que um dos maiores produtores de grãos do mundo considere normal "continuar assistindo as pessoas morrerem de fome". 
 
O ex-presidente também destacou que Bolsonaro se contradisse em seus propósitos de campanha, de ser uma via política alternativa, visto que ele tem se aliado às velhas oligarquias. "Ele caiu na ratoeira da velha política. Hoje o que temos é um país destroçado. Temos um presidente que só é amigo da ignorância, das fake news, da mentira, que não conversa com governadores, com prefeitos, com empresários, com trabalhadores e com movimentos sociais", disparou o líder que, na véspera (24), considerado o dia do(a) artista, recebeu a classe artística e os movimentos sociais para dialogar sobre a conjuntura nacional e discutir sobre o futuro da nação. 
 
"Vamos precisar reconstruir o Brasil juntos, esse mesmo país que esteve no sexto lugar da economia quando eu saí da presidência. A tarefa de reconstruir a nação é de todos nós", enfatizou. E, com um sorriso largo no rosto, declarou: "Eu comi carne do sol todos os dias em que estive aqui, a melhor do Brasil". Antes de Lula falar aos jornalistas, a presidente do Partidos dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann falou aos presentes e distribuiu o Memorial da Verdade, publicação editada pelo PT que conta a histórias de todos os processos que  resultaram em sua prisão arbitrária, e que trata de sua inocência.
 
"Quero agradecer a todos que nos receberam muito bem, em especial a governadora Fátima Bezerra e à miliância, e dizer que estamos nessa viagem pelo Brasil, especialmente no Nordeste, difundindo que o presidente Lula foi inocentado, está livre e é inocente. O que ele passou foi o maior processo de perseguição a um líder político no Brasil", resumiu a deputada federal. Além da companheira de Lula, Rosângela da Silva (Janja), também estavam presentes os políticos petistas, senador Jean Paul Prates, deputada federal Natália Bonavides, deputado federal eleito Fernando Mineiro (que briga na justiça pela vaga ocupada por Beto Rosado) e a deputada estadual Isolda Dantas.  
TEMAS TRATADOS NA COLETIVA
Regulação da mídia - Pauta histórica do PT, Lula foi provocado a falar sobre a Rede Globo e sobre a regulamentação da mídia e critérios regionais para dirimir as verbas públicas para publicidade. "Eu trabalho com a consciência sei como foi o escárnio com que foi criada a Lava-jato. Eu acho difícil que a rede Globo vá se redimir, vá pedir desculpas. Eu estou com minha consciência tranquila, porque quando eu fui dar meu depoimento a Moro, eu disse que ele estava condenado por me condenar. Sobre a comunicação do Brasil, não é possível continuarem gastando verba apenas na imprensa do Sul e Sudeste, não é democrático. Vamos sim regulamentar a comunicação no Brasil com o propósito de democratizar o acesso à informação". 
 
Petrobras - "Eu sei o quanto o petróleo é associado ao desenvolvimento do Rio Grande do Norte, aqui descoberto ainda no no século 19. O Petróleo mudou a realidade do estado. A gente tem que pensar na Petrobras como a maior empresa para promover o desenvolvimento do Brasil. Quando não tiver mais nada no Brasil, quando venderem as empresas de gás, as empresas navais, e deixarem tudo na mãos das multinacionais, terão alcançado o objetivo de destruir a nação".  
 
Pesquisa, eleições 2022, vice e Moro candidato - "Eu não posso discutir pesquisa, está muito longe ainda, temos cerca de 14 meses para a frente. Mas, eu adoraria que Moro saia presidente para a sociedade conhecer o carácter dele, mas acho que ele não tem coragem". E sobre o perfil para o vice de sua possível candidatura, Lula brincou em princípio, depois voltou a falar sério: "não pode ser mais bonito do que eu, mais pode ser mais alto do que eu, ou mais forte do que eu. Sei que será difícil encontrar um José de Alencar, então tem que ser uma pessoa que pense como eu penso no povo. É como encontrar uma mulher para casar. Eu já encontrei a minha, então vou escolher com muito cuidado o vice". 
 
Crescimento da Economia - "Eu acredito que a economia pode crescer quando os empresários acreditarem nisso, mas o mercado não só investe para ter lucro, ele investe sobretudo para não ter prejuízo. E para aumentar a rentabilidade, os estados têm que fazer a sua parte. Estado junto com empresários, junto com a sociedade, ajudando a conduzir o crescimento da economia. O Estado é tutor. Se o estado não investe, a economia não cresce. Por isso construirmos a BR-101, por isso que pensei em fazer a transposição, que não deixaram Dom Pedro fazer, porque a gente tem que investir e acreditar no Nordeste. Quando tudo isso acontecer, o Nordeste voltará a crescer". 
 
Militares na política - "As forças armadas foram constituídas para defender nossas fronteiras, nossa florestas, defender a soberania nacional. Se algum militar quiser se candidatar, que se aposente, só não dá para as forças armadas se meterem na política". 
 
Alianças com MDB no RN - "É preciso lembrar que Garibaldi Filho foi ministro de Dilma, e eu preciso pensar de forma civilizada sobre como manter as relações políticas e não posso definir como serão as eleições aqui. Quem define é o partido do Rio Grande do Norte. Eu sou um democrata. Eu sou um político civilizado. O que esse governo faz é pregar o ódio".

 Fonte: Potiguar Notícias

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