Conheça hoje, Moacy Cirne, um poeta, artista e professor, um filho do Rio Grande do Norte que é considerado o maior estudioso brasileiro das histórias em quadrinhos. Ele foi a primeira pessoa a publicar trabalhos sobre o assunto no Brasil, e tem sua pesquisa reconhecida, inclusive, internacionalmente, em premiações e festivais.
Moacy nasceu em São José do Seridó, pequeno município no Seridó potiguar, no ano de 1943. Além de poeta, estudioso da poesia e artista visual ele foi professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF), tendo escrito inúmeros livros sobre a poesia.
Ele foi ao lado de muitos outros, um dos fundadores do chamado “poema/processo”, movimento de vanguarda literária próxima das artes plásticas, mas sua grande paixão mesmo eram as histórias em quadrinhos. Na década de 1970 ele escreveu na coluna EQ (jornal Tribuna da Imprensa, RN), foi editor da Revista de Cultura Vozes, e colaborador do suplemento Livro do Jornal do Brasil.
No Departamento de Comunicação Social da UFF ele lecionava disciplinas sobre histórias em quadrinhos e ficção científica, dentre outras. Era famoso por editar e distribuir um fanzine independente chamada “Balaio Porreta”, e por organizar as “Balaiadas”, comemoração onde distribuía brindes como livros de arte e poesia entre os alunos do curso de Comunicação Social, para divulgar as edições do “Balaio”, fanzine que unia textos provocativos, listagens de filmes, pensamentos e poesias.
Dizem que Cirne tinha um alter-ego chamado de “Chico Doido de Caicó” que escrevia poesias eróticas justamente através do fanzine Balaio, tornando a revista um dos principais meios de divulgação dessas obras no Rio de Janeiro.
As principais obras de Moacy Cirne são:
- A explosão criativa dos quadrinhos (1970)
- Para ler os quadrinhos (1972)
- Vanguarda: um projeto semiológico (1975)
- Objetos verbais (1979)
- A poesia e o poema do Rio Grande do Norte (1979)
- Uma introdução política aos quadrinhos (1982)
- A biblioteca de Caicó (1983)
- Cinema Pax (1983)
- Docemente experimental (1988)
- História e crítica dos quadrinhos brasileiros (1990)
- Qualquer tudo (1993)
- Continua na próxima (1994)
- Rio Vermelho (1998)
- Quadrinhos, sedução e paixão (2000)
- Cinema Cinema (2003)
- A poética das águas (2002, com Candinha Bezerra)
- 69 poemas de Chico Doido de Caicó (2002, com Nei Leandro de Castro)
- A invenção de Caicó (2004)
- Almanaque do Balaio (2006)
- A escrita dos quadrinhos (2006)
- Poemas inaugurais (2007)
Moacy considerava a história em quadrinhos a literatura de excelência do século XX. Com a intenção de criar uma arte marxista-leninista mais radical e revolucionária, voltada para a ação, o artista pretendia criar uma poesia próxima das artes plásticas, porém de alta “voltagem semântica”. De teoria bastante complexa, o poema/processo, na visão de Moacy, desejava criar um poema em forma de diálogo, permitindo “várias leituras, a partir de um ponto dado, inicial ou não”. Assim, o poema de processo permite ao “leitor” decifrar relações semióticas entre signos não necessariamente verbais, ou criar novas.
Moacy Cirne teve duas filhas e tanto Isadora, quanto a irmã, moram no Rio de Janeiro. Em 2020 sua família tomou a iniciativa de entrar em contato com a Funcarte para trazer o acervo pessoal dele do Rio para Natal.
– Não fazia sentido todo esse material ficar no Rio com a gente, apenas para nosso usufruto, ou mesmo ficar no Rio de Janeiro, onde já há locais com esse tipo de material. Teria que ficar aqui, estou muito grata pela Prefeitura ter acolhido esse acervo e dar visibilidade a ele. Eu só tenho a agradecer!”, comemora Isadora em matéria do jornal Saiba Mais.
Moacy Cirne descobriu um câncer no fígado no final de 2013, fez uma cirurgia em 11 de janeiro de 2014 e pouco tempo depois teve uma parada cardíaca. Ainda passou alguns dias em coma induzido, mas não resistiu. Ele faleceu aos 71 anos em Natal. Além de um vasto acervo, deixou inspiração para os admiradores de sua obra.
Com informações de Wikipédia e Saiba Mais
Fonte: https://curiozzzo.com
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