Em 7 de Abril de 2019, o músico Evaldo Rosa estava com a família no carro, a caminho de um chá de bebê, quando foi morto em ação do Exército em Guadalupe, na zona norte do Rio de Janeiro. Na ação, o catador de latinhas Luciano Macedo também foi fuzilado, ao tentar ajudar a família em risco.
O evento revoltante ganhou notoriedade pela quantidade de tiros efetuados. Era o caso dos “80 tiros”.
O fato é que os militares dispararam 257 vezes contra o carro daquela família e o Exército nunca reconheceu culpa sobre o assassinato, ainda que a própria ação, baseada na GLO (Operação de Garantia da Lei e da Ordem), era ilegal, uma vez que não havia autorização presidencial para o procedimento.
O Exército chegou a emitir uma primeira nota em que afirmava que dois criminosos dentro do veículo haviam atirado contra a equipe, que os militares responderam e como resultado “um dos assaltantes foi a óbito no local e o outro foi ferido”, versão que não se sustentou e que se comprovou mentirosa.
Bolsonaro à época não fez nenhum comentário sobre a tragédia e apenas o porta-voz da Presidência disse que o presidente “confia no Exército” e que aguardaria o desenrolar das investigações para se manifestar.
Dois anos depois, apesar de pouca atenção sobre o caso, um importante passo à frente na direção de alguma justiça foi dado.
Os oito militares envolvidos no fuzilamento de Evaldo e Luciano foram condenados, sendo um feito inédito na história.
O julgamento histórico sentenciou o tenente Ítalo Nunes a 31 anos de reclusão e os outros sete militares receberam condenação de 28 anos.
Muito provavelmente a defesa dos militares irá recorrer da decisão. O caso agora seguirá para o STM (Superior Tribunal Militar) em Brasília.
Em entrevista concedida ao portal de notícias Uol, a viúva de Evaldo relatou “a sensação de dever cumprido, por poder estar honrando o nome do meu esposo. Como é satisfatório poder chegar em casa e dar essa notícia para o meu filho”.
A viúva de Luciano também considerou “muito justa a decisão da juíza, mas meu sentimento agora é alívio e tristeza, de ficar lembrando de tudo isso de novo”.
O Movimento Quilombo Raça e Classe, afiliado à CSP-Conlutas, emitiu nota sobre o caso logo quando ocorreu e indagou: “Não faz muito tempo que casos similares ocorreram tendo como executores militares e policiais e, como alvos, negros, moradores do morro e da periferia, o que deixa a pergunta: até quando?”
Muitos outros casos vieram depois deste e a luta não cessou por nenhum momento. Seguimos cobrando pelas vidas de João Pedro, Ágata, Marielle e tantos outros negros.
Ações criminosas da PM e do Exército, ambos braços armados do Estado, têm como alvo sempre o povo pobre e negro. Mais do que justiça, o povo negro quer o fim do genocídio e da violência racista estrutural. Basta de genocídio da população negra.
Fonte: cspconlutas.org.br
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