Marcelo Arruda, guarda civil, foi assassinado por um policial federal penitenciário, que ameaçou todos os convidados com a arma na mão; Marcelo evitou a chacina atirando no bolsonarista.
O guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, pai de 4 filhos, militante do PT e dirigente do sindicato dos servidores municipais de Foz do Iguaçu (PR), foi assassinado a tiros, na madrugada deste domingo (10), durante sua festa de aniversário de 50 anos, pelo bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, policial federal penitenciário.
Amigos e parentes estão velando o
corpo de Marcelo desde domingo (10) no Ginásio Sebastião Flor, em Foz do
Iguaçu. O enterro está previsto para as 14h, no Cemitério Municipal Jardim
São Paulo, na cidade paranaense.
Minutos antes do crime, Guaranho
esteve na entrada da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresfi), onde
Marcelo comemorava o aniversário com festa temática decorada com estrelas
vermelhas e imagem do rosto do ex-presidente Lula na noite deste sábado
(9), abriu a janela do carro, xingou o PT, Lula, e disse "aqui é Bolsonaro".
O bolsonarista, Guaranho, que é
um dos diretores da associação, segundo a Polícia Civil do Paraná, estava com a
mulher e um filho no carro. Pressionado pela mulher, que pediu para ele parar
aos gritos, desesperada, segundo os relatos dos convidados, saiu ameaçando
“matar todos vocês, seus desgraçados”.
Depois das ameaças, Marcelo foi até
seu carro para pegar sua arma funcional, alegando temer que o bolsonarista
realmente voltasse, como de fato aconteceu. O policial penal federal Jorge
Guaranho voltou e invadiu a festa atirando.
Marcelo exibiu identificação de
Guarda Civil e sua arma funcional, sua esposa, Pâmela Suellen Silva se
identificou com policial civil, mas nada adiantou. O primeiro tiro atingiu
Marcelo na pena, Guaranho então se aproximou para dar o tiro fatal, a mulher de
Marcelo ainda tentou impedir, mas não conseguiu.
Mesmo depois de ter levado três
tiros, um deles nas costas, do policial penal fascista, Marcelo ainda tentou
defender a si mesmo e aos convidados e atirou no assassino, que está internado
em estado grave, mas estável.
Segundo um amigo de Marcelo, “com sua
reação, ele conseguiu evitar uma chacina, foi um herói”, diz o texto da
Revista Fórum.
Intolerância
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou as consequências do episódio de intolerância para as duas famílias. “Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor. Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marcelo Arruda”, disse, via Twitter. “Também peço compreensão e solidariedade com os familiares de José da Rocha Guaranho, que perderam um pai e um marido para um discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável.”
O crime em Foz do Iguaçu faz parte de
uma onde crescente de atos de violência política estimulada pelo presidente
desde sua campanha eleitoral, em 2018. Já naquele ano, o mestre de capoeira Moa do Katendê foi morto a facadas por
um bolsonarista por ter dito que votou no petista Fernando Haddad no primeiro
turno.
“Quando digo que as pessoas estão
doentes e que a falta de respeito e diálogo é uma tragédia, alguns acham que é
exagero. As pessoas estão se atacando por causa da política e agora sabemos que
elas também jogam bombas e matam. Hoje eu perdi um dos meus melhores amigos”,
disse o petista André Alliana, amigo de Marcelo Arruda, no blog Boca
Maldita.
Leia a íntegra da nota do PT
Mais um querido companheiro se foi
nessa madrugada, vítima da intolerância, do ódio e da violência política. Em
plena celebração de seu aniversário, em que comemorava seus 50 anos com
familiares, amigos e companheiros, em Foz do Iguaçu, PR, nosso Marcelo Arruda
foi assassinado por um bolsonarista que, pouco antes, havia interrompido a
festa e ameaçado de armas na mão a todos os presentes, familiares, amigos,
companheiros ali reunidos, na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu.
Marcelo era guarda municipal e um
grande militante do PT, tendo sido nosso candidato a vice-prefeito em Foz do
Iguaçu nas eleições de 2020. As últimas imagens de sua vida, gravadas no
momento em que cantavam o parabéns, registram sua alegria de viver, seu
entusiasmo com a militância, seu compromisso de vida com o PT e o presidente
Lula.
Antes de ser assassinado com três
tiros pelo policial penal fascista que o abordou no estacionamento, Marcelo
tentou ainda se defender com a arma funcional que tinha em seu carro e reagiu.
O assassino de Marcelo também morreu no local.
Desde o começo do ano, quando lançou
uma Campanha Nacional contra a Violência Política, o PT vem alertando a
sociedade brasileira e as autoridades dos vários Poderes da República para a
escalada de perseguição a parlamentares, filiados e filiadas, militantes de
movimentos sociais e de outros partidos de esquerda e o crescimento da
violência política no país.
Embalados por um discurso de ódio e perigosamente armados
pela política oficial do atual Presidente da República, que estimula
cotidianamente o enfrentamento, o conflito, o ataque a adversários, quaisquer
pessoas ensandecidas por esse projeto de morte e destruição vêm se
transformando em agressores ou assassinos.
Marcelo estava na flor da idade,
tinha uma vida pela frente com sua família, esposa e quatro filhos, a quem
prestamos nossa total solidariedade e apoio, e sonhava com um Brasil justo e
democrático, fraterno e solidário, que queria construir com o povo brasileiro a
partir da derrota do fascismo e da eleição de Lula Presidente.
Basta de violência! Basta de
destruição! É tempo de reconstrução e transformação do Brasil e das relações
entre brasileiros e brasileiras! Vamos chorar e enterrar mais um companheiro
que tombou vítima da violência política, basta!
Cobramos das autoridades de segurança
pública medidas efetivas de prevenção e combate à violência política, e
alertamos ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal para que
coíbam firmemente toda e qualquer situação que alimente um clima de disputa
violenta fora dos marcos da democracia e da civilidade. Iniciativas nesse
sentido foram devidamente apontadas pelo PT em várias oportunidades, junto ao
Congresso Nacional, o Ministério Público e o Poder Judiciário.
Marcelo, não esqueceremos de você, em
sua memória continuaremos na luta contra a violência, a injustiça e a
intolerância. Presente, hoje e sempre!
Gleisi Hoffmann, Presidenta Nacional
do PT
Abdael Ambruster, Coordenador
Nacional do Setorial de Segurança Pública do PT
Com apoio da RBA
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