Mesa "Por Um Brasil Feminista e Antirracista" no FSM | Foto: Divulgação
O Fórum Social Mundial debateu dois temas fundamentais para a construção
de uma sociedade igualitária na manhã desta sexta-feira (27), no Auditório
Dante Barone, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre
(RS). Os debates “Por Um Brasil Feminista e Antirracista” e “Democracia
participativa e controle social” colocaram frente a frente ativistas, juristas
e acadêmicos.
Uma das falas mais
importantes partiu da palestrante e ex-deputada pelo PCdoB-RS Manuela D’Ávila.
Na avaliação da jornalista, escritora e mestra em Políticas Públicas, as
chamadas pautas identitárias são renegadas até por setores da esquerda. Segundo
ela, não é possível discutir nenhuma forma de melhorar a vida das pessoas, com
desenvolvimento, soberania e justiça social, sem pensar as soluções com o viés
das questões raciais e de gênero.
“A desigualdade
brasileira não é amorfa, ela tem cara. É econômica, obviamente. Mas não atinge
igualmente todos os corpos. Este país foi construído em cima de uma brutal
violência contra os povos indígenas e os milhões de mulheres e homens que foram
trazidos do continente africano. A construção histórica do país foi feita em
cima do racismo, que é estrutural, assim como o machismo. […] Nos anos de
escuridão, os pontos de luz foram as mulheres e os homens e mulheres negras. Eu
escuto que nunca é a hora de falar das mulheres, e eu só tenho 41 anos. Nós só
vamos conquistar os espaços de poder se nós pactuarmos que nunca mais vão fazer
políticas sem nós. Não existe nenhum tipo de dimensão de desenvolvimento sem
encarar a questão do gênero. Nós temos que ser mais radicais do que nunca. A
extrema-direita se forja em cima dos nossos corpos. Mas não irão nos apagar,
somos o astro que anuncia a chegada de um novo dia”, salientou.
A mesa contou ainda
com um sarau de poesia feminista e foi moderada pelas militantes da União
Brasileira de Mulheres, Fabi Dutra, e da Marcha Mundial Das Mulheres, Any
Moraes. Além de Manuela, as demais palestrantes foram Laudijane Domingos,
diretora nacional e presidenta da UBM-PE; Karine Vicente, advogada e integrante
do Coletivo Feminista Ana Montenegro-RS; e Suelen Gonçalves, doutora em
Sociologia e professora universitária.
“A luta
antirracista e o direito das mulheres fazem parte da luta da classe
trabalhadora. Essas lutas são indissociáveis da luta de classe. Por isso, nós
da CTB somos antirracistas e feministas”, declarou o secretário adjunto de
Políticas Sociais e Movimentos Sociais da CTB, Carlos Rogério Nunes, que integra
a comissão organizadora do FSM 2023.
O debate seguinte,
“Democracia participativa e controle social”, foi coordenado pelo integrante do
Levante Popular da Juventude, Lucas Monteiro, e contou com palestras de nomes
como Maria da Conceição Silva, da Unegro, Raquel Baster, da Intervozes, e o
ministro da Secretaria Geral da Presidência, Márcio Macedo.
“Democracia
participativa diz respeito a ir além da democracia representativa. É estar no
dia-a-dia cobrando, exigindo e controlando medidas populares de um governo
democrático”, disse Rogério.
O Fórum Social
Mundial termina neste sábado (28).
Fonte: CTB NACIONAL
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