Universidade do Amapá é a segunda instituição do Norte que sofre revés na política
No fim do ano passado a Universidade Federal do Amapá criou um órgão interno, a Superintendência de Políticas Afirmativas e Direitos Humanos que instituiu uma nova era das Políticas de Ações Afirmativas da Unifap: 75% das vagas para cotas com reserva de vagas para pessoas trans, pretos e pardos, quilombolas, indígenas e PCDs com a inclusão do espectro autista.
A SUPADH foi um órgão criado para inserir a UNIFAP em uma agenda de formulação, implementação e avaliação de políticas universitárias de direitos humanos.
A decisão dos 75% das vagas para cotas foi uma deliberação do Conselho Superior (Consu), órgão máximo de deliberação da universidade comemorada como grande conquista do movimento estudantil e da democratização da instituição.
A estudante de filosofia Laís Alves do Nascimento, é uma das conselheiras, eleita pelos estudantes e acompanhou o processo tanto na Câmara de Ensino no Conselho Universitário quanto no plenário do Consu para aprovação dos conselheiros. “Consultamos os representantes dos quilombolas, indígenas, trans, negros entre outros que fazem parte dessa ação afirmativa. Vimos como um grande avanço para o estado do Amapá, pois a partir daí iríamos ver a universidade com a cara do povo amapaense. Lembro que na época fiquei muito emocionada, pois sabia que era um momento histórico para UNIFAP”, conta ela.
Na visão da representante grande parte dos estudantes apoiavam as ações afirmativas, principalmente aqueles que vêm da classe trabalhadora porque sabem o que é estar em situação de vulnerabilidade. “ Sabem que por não terem o ensino básico de qualidade, acabam não conseguindo acessar a universidade pública, por isso, seria uma oportunidade para os estudantes amapaenses adentrarem na universidade”, explica.
No início de 2023 um grupo que se sentiu prejudicado entrou com uma ação coletiva no Ministério Público Federal. O principal argumento é que o dia da votação no Consu, em dezembro, era a final da Copa do Mundo. A verdade é que a votação ocorreu no turno da manhã e o jogo só começou ao meio dia.
Agora o movimento estudantil está se organizando, convidando a comunidade interna e externa da Unifap para debater tudo que está em jogo caso seja revogada as ações afirmativas de 75%. “A nossa posição é de nos organizarmos e cobrar da administração da UNIFAP quais respostas dará a comunidade e como a universidade está se preparando, pois são anos de lutas para garantir políticas afirmativas e não aceitamos retrocesso”, destacou.
Revés na UEA
Esta semana o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou a lei estadual que reserva 80% das vagas da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) a alunos que tenham cursado todo o ensino médio em escolas do estado. A presidenta da UNE, Bruna Brelaz, lamentou a decisão nas redes. “A retirada dessa porcentagem de cotas é um retrocesso na educação dos amazonenses”.
Para a líder estudantil, no Amazonas assim como no Amapá é preciso considerar as diferenças da região com as demais do país e a ampliação do sistema de cotas permitiu que estudantes de baixa renda, indígenas, quilombolas que moram em comunidades remotas a acessar a universidade.
Fonte: UNE
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