Diretoria do CPC/RN se reunirá amanhã (01) com representantes do Grupo de Capoeira Boa Vontade (CBV - Nova Cruz) e Arte do Corpo.  A presente reunião acontecerá as 19 horas no CEMEI - Centro  Municipal de Educação Infantil, cuja pauta será a realização do IV Encontro Estadual do Orgulho Negro.
Cultura significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membros,. ativistas, poetas, escritores, produtores culturais, grupos culturais, violeiros, pensantes e os que admiram e lutam pela cultura potiguar. Cultura! A Cultura, VIVE e Resiste! "Blog do CPC/RN, notícias variadas na BASE DA CULTURA!
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Fiquem ligados nas ondas da Rádio Agreste FM - 107.5 - NOVA CRUZ, RIO GRANDE DO NORTE, todos os sábados: Programa "30 MINUTOS COM CULTU...
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
Ana Júlia, jovem que encantou o país: Ocupação é aprendizado de vida
O Brasil se emocionou com a estudante secundarista, que, com lágrimas nos olhos, discursou na Assembleia Legislativa do Paraná nesta quarta-feira (26) (leia aqui), defendendo a legitimidade das ocupações de escolas contra a Medida Provisória da Reforma do Ensino Médio e a PEC 241. O Portal Vermelho conversou nesta quinta-feira (27) com Ana Júlia, que contou como estão sendo os dias de resistência, no maior movimento de ocupações da história do movimento estudantil brasileiro.
Discreta, a estudante de apenas 16 anos conta como se sentiu durante a exposição na Assembleia Legislativa. “Os parlamentares não entenderam, em nenhum momento, o meu discurso, tanto que interromperam a minha fala quando eu citei que as suas mãos estavam sujas de sangue [a estudante estava se referindo ao estudante Lucas Eduardo Araújo Mota, assassinado em um colégio ocupado na segunda-feira] mas, mesmo assim, consegui somar forças para descriminalizar o movimento em minha fala, a opinião pública precisa saber que as ocupações são sérias e organizadas”, explica a estudante.
Ana Julia, que estuda no Colégio Estadual Senador Manoel Alencar Guimarães, explica que teme pela exposição, pois a ideia não é personificar o movimento de ocupações em uma só pessoa, mas sim dar o caráter geral, onde milhares de secundaristas possuem o seu protagonismo. “Tudo aqui é baseado na opinião coletiva”, afirma.
Quando indagada sobre o apoio dos pais dos alunos sobre as ocupações, Ana considera que muitos apoiam e outros não, mas o importante é o diálogo, “vamos explicando o valor de reivindicarmos nossos direitos e de lutarmos em defesa da educação, aos poucos eles vão percebendo a importância da nossa luta”, enfatiza Ana Júlia.
“Aprendizado para a vida”
A jovem, que conversa bastante com seus pais enquanto está ocupada no colégio, inclusive contando com o apoio deles para permanecer no local, fala sobre a importância da ação. “Esse movimento no Paraná é uma aula de cidadania. Com certeza, o que eu vivi ocupando meu colégio servirá como aprendizado para toda minha a vida”, salienta.
A secundarista afirma ainda sua preocupação em demonstrar a não partidarização do movimento, pois esse fator é ponto estratégico da grande mídia para desqualificar as ocupações. “O nosso movimento é apartidário, aqui somos a gente pela gente, não recebemos nenhum centavo de ninguém, assim como não existe apoio de partidos políticos ou parlamentares”, conclui Ana Júlia.
Ocupações
Os estudantes paranaenses ocupam mais de 800 escolas em todo o estado. Em assembleia realizada nesta quarta-feira (26), os jovens definiram que irão continuar ocupados até que o governador Beto Richa (PSDB-PR) revogue a Medida Provisória de Reforma do Ensino Médio no estado.
Por Laís Gouveia, do Portal Vermelho
MUDE SEMPRE. ATÉ A ULTIMA GOTA. NÃO MATA
| Mudanças podem ser extremamente positivas quando elas estão na direção de descobrirmos e colocarmos para dançar novas formas de ser e de estar no mundo. Mudanças são o oposto do estagnado, da poeira varrida para debaixo do tapete. Mudanças são o avesso do vazio. Mudança é coragem, novas perspectivas, reinvenções de nós mesmos e de nossas vidas, recriações de novas posturas, de novas visões da vida e de novos pensamentos e sentimentos, novos rearranjos da música da vida. Mudança é vida. | 
Mudar é inerente à vida. De acordo com a ciência, biologicamente falando, toda célula do corpo humano se regenera em média a cada sete anos. Portanto, somos literalmente novas pessoas a cada sete anos mais ou menos. Mudamos também de idade, de lugares, de pensamentos, de sentimentos, de conceitos, de paradigmas, de representações e de visões de mundo durante toda a nossa vida. A mudança em nós, nos outros, em tudo o que nos cerca e na vida é fato. Acontece que essas mudanças externas e naturais pelo movimento próprio da vida são mais fáceis – ou menos complicadas de lidarmos – porque não podemos fugir da maioria delas. As maiores complexidades – e, por consequência, as maiores dificuldades - surgem quando falamos das mudanças subjetivas. Elas são mais difíceis porque estão atreladas a muitas representações também subjetivas desde a nossa infância e para realizarmos essas mudanças precisamos derrubar nossas resistências. Se conseguirmos derrubar as resistências - ou parte delas – elas nos levam a novas formas de ser, a novas subjetivações, nos tornando mais conscientes do enfrentamento dos nossos medos, das nossas dores, das nossas angústias e de tudo o que nos prende e tenta evitar que mudemos.
Esse enfrentamento, que é o próprio começo da mudança pode gerar conflitos, crises, dúvidas e, muitas vezes, vontade de permanecer no mesmo lugar. Temos que a resistência pode ser, ao mesmo tempo, fator de mudança e de permanência a um mesmo estado. Mas, se conseguirmos ir além, quebrar a resistência – ou que seja pelo menos, parte dela – enfrentar as angústias, as crises, o medo do salto e do novo, os sofrimentos e o caos que podem surgir dessa inicial desestabilização das coisas; o que pode surgir do outro lado, se estivermos mesmos dispostos a "pular o muro" são novos direcionamentos, novas visões e novas possibilidades. Lembro-me aqui de Nietzsche: "Eu vos digo: é preciso, às vezes, ter um pouco de caos dentro de si, para poder dar à luz uma estrela dançante."
Sempre que o assunto é mudança, não há como deixar de fora a intrínseca relação entre o carvão e o diamante natural, talvez umas das mudanças mais impressionantes encontrada na natureza. O diamante natural é a mudança, a coragem e a persistência do carvão sob a ação do tempo e de fortíssimas e altíssimas pressões e temperaturas. Ambos possuem a mesma composição. O que os difere é a maneira como esta composição está estruturada, ou seja, exatamente a estrutura promovida pela mudança. Assim somos nós. Se soubermos enfrentar as inúmeras pressões e se soubermos enfrentar e aceitar a mudança pelas altíssimas temperaturas – que podem ser todas as adversidades, dificuldades e adaptações que a vida traz em si e são inerentes a todo ser humano - poderemos nos estruturar de forma tal que o resultado será uma brilhante e belíssima pedra de diamante, que não pode ser riscada nem cortada por nenhum outro mineral ou elemento da natureza, exceto por outro diamante.
Cada um – se assim decidir e escolher - fará suas mudanças à sua forma, no seu tempo e ritmo. Freud já dizia em "O Mal Estar na Civilização" (1996[1927-1931], vol XXI): "Não existe uma regra de ouro que se aplique a todos: todo homem tem de descobrir por si mesmo de que modo específico ele pode ser salvo". Sim, mudanças e transformações podem ser uma das muitas maneiras de sermos salvos. Salvos de que? Ah, Caetano Veloso disse muito bem certa vez: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é" (Dom de Iludir, 1982). Cada um de nós precisamos nos salvar todos os dias... de nós mesmos, de nossas intempéries, de nossas ilusões, de nossas veladas e não assumidas – às vezes sequer reconhecidas ou até negadas - vitimizações, de nossos conflitos que nos apavoram e de uma melhor maneira de lidarmos com eles, de nossas meias verdades, de nossas inteiras mentiras, de nossos medos, de nossas parcas visões, de nossas considerações enviesadas e de nossas caquéticas certezas atravessadas pelo nebuloso opaco ou obstáculo que impomos aos nossos olhos. Sim, para o espanto de muitos e a aversão de outros tantos – que os céus os protejam - todos somos seres imperfeitos e, com as devidas graças, insatisfeitos também – não muito, mas o necessário para nossas buscas e descobertas, para novas perspectivas, novos olhares, novos saberes, novos sabores, novos anseios e... mudanças.
Mudar, ir em direção ao novo, à novas formas de ser e de estar no mundo não é tarefa das mais fáceis, mas plenamente possível a quem decide começá-la. O novo, o desconhecido, aquilo que não sabemos – e, por vezes, nem queremos saber, mesmo sabendo – provoca angústia, medo, sofrimento e, não raro dor. Mudar (de verdade) provoca desconforto porque mudar é, entre tantas coisas, mexer e remexer, alterar a ordem, sair da zona de conforto, dar a cara a tapa, desnudar-se, desvendar-se - com a possibilidade de desvendar o outro e o mundo também, desaprender para aprender de novo, ir ao encontro de – na maioria das vezes, ir de encontro a – dúvidas, incertezas, perguntas sem respostas, inesperados, dores passadas e presentes, angústias de ser, estar e existir, lugares escuros dentro e fora de nós e, não obstante, ir de encontro também a muitas dessas mesmas questões em relação aos que convivemos e mantemos algum tipo de vínculo relacional.
Mudar provoca desconforto porque o processo de mudança vai nos "obrigando" a olhar necessariamente para dentro. E olhar para dentro não é tarefa para qualquer um, não. Não mesmo. Quando começamos a olhar para dentro, começamos a perceber que todas as nossas atitudes ou a falta delas terão sempre consequências e começamos a entender que nada nos ajudará - muito pelo contrário - se continuarmos no processo de esquivas, desculpas, justificativas, mentiras e omissões para transferir o peso dessas nossas atitudes e as consequências delas para os ombros de outras pessoas ou para a roda da vida. Mudar implicar maturidade, maior responsabilidade conosco, com a vida que vivemos, com o outro e com tudo o que nos cerca. Sobretudo, mudar implica sermos capazes - seja de que forma for - de enfrentar e superar todo esse desconforto, toda a inquietude que a angústia do medo provoca - seja medo do novo, medo da aceitação ou da rejeição, medo do vir-a-ser, medo do não vir-a-ser, medo do salto, medo do susto, medo do “outro lado” e até mesmo medo da própria mudança e sermos capazes de transformar toda essa salada em coisas boas para nós, em aprendizados e em crescimento.
Mudanças... transformações... são questões de escolhas e da capacidade ou incapacidade de cada um em promover essas escolhas. São também questões de coragem e ousadia e de um verdadeiro pertencer a si mesmo. Mudanças são as únicas coisas permanentes no mundo. Deixo o pensamento último com Sigmund Freud, novamente em “O Mal Estar na Civilização" (1996[1927-1931], vol XXI – Grifos meus): "Todos os tipos de diferentes fatores operarão a fim de dirigir sua escolha. É uma questão de quanta satisfação real ele – o indivíduo, o homem – pode esperar obter do mundo externo, de até onde é levado para tornar-se independente dele e, finalmente de quanta força sente à sua disposição para alterar o mundo..." E enfim, parafraseando Clarice... Mude sempre. Até a última gota. Não mata.
Por Veruska Queiroz - Escritora - Psicanalista - Consultora de Estilo e de Moda.
Fonte: http://obviousmag.org/
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
PRESIDENTE DO CPC/RN, EDUARDO VASCONCELOS CONCEDE ENTREVISTA A RÁDIO COMUNITÁRIA SANTA RITA - 87.9
 Presidente do CPC/RN, Eduardo Vasconcelos concedendo entrevista a Rádio Comunitária Santa Rita - 87.9 - Santa Cruz - RN
Hoje (28) ao mio dia na Rádio Comunitária SANTA RITA: "Um bem da cidade"  - 87.9 - Santa Cruz/RN, o presidente do CPC/RN, Eduardo Vasconcelos concedeu entrevista ao radialista Ronivon sobre o IV ENCONTRO ESTADUAL DO ORGULHO NEGRO, que acontecerá dia 20 de novembro em Nova Cruz/RN.
Eduardo Vasconcelos respondeu a todas as perguntas feita pelo locutor e radialista, Ronivon, tirando todas as dúvidas sobre inscrições, programação e estruturação (transportes).  Eduardo também adiantou que os participantes não pagarão taxas de inscrições, receberão pastas com conteúdos de discussão, almoço e certificados.
Eduardo Vasconcelos informou ainda que irá as cidades de Lages Pintada e São Bento do Trairi mobilizar artistas e estudantes dessas duas cidades e que inicio do mês irá a Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro em busca de apoios apoios aos projetos que serão lançados em 2017.
No final Eduardo Vasconcelos agradeceu a todos pelo espaço cedido a essa grande emissora e aproveitou para saudar em Im memória o Grande Ativista, Hugo, pai do atual diretor, Luan.  A funcionária/radialista, Marta confirmou presença com mais uma amiga da área cultural.
PRESIDENTE DO CPC/RN EDUARDO VASCONCELOS MOBILIZA REGIÃO DO TRAIRI PARA O IV ENC EST DO ORGULHO NEGRO
 Reunião bastante proveitosa realizada na maior escola de Santa Cruz - E. E. Fco de Assis Dias Ribeiro
Ontem (27) o Presidente do CPC/RN (Centro Potiguar de Cultura), Eduardo Vasconcelos esteve reunido com lideranças estudantis e culturais na cidade de Santa Cruz, região do Trairi Potiguar. A reunião aconteceu na Escola Estadual Francisco de Assis Dias Ribeiro, centro de Santa Cruz.
O objetivo do encontro se deve a mobilização para participação do IV Encontro Estadual do Orgulho Negro, que será realizado dia 20 de novembro na Escola Municipal Nestor Marinho - Nova Cruz/RN com participação de 120 convidados inscritos antecipadamente.
A reunião contou com a participação do Presidente do Grêmio Estudantil da Escola, Anderson, de professores e representações de alunos.
Ao final dos esclarecimentos e importância do evento feito pelo Eduardo Vasconcelos foram inscritos 15 (quinze) participantes podendo fechar os 20.
O presidente do CPC/RN ficará até domingo mobilizando os alunos, apesar de hoje ser feriado (dia do funcionário público), Eduardo buscará as rádios e o som das igrejas para convocar a sociedade de Lages Pintadas, São Bento do Trairi, Japi, Cel Ezequiel e Jaçanã para debates e inscrições para o evento.
Hoje (28), as 11 horas,  Eduardo Vasconcelos dará entrevista na Rádio Comunitário Santa Rita - Sobre o evento.
Na segunda feira (31) estará na cidade de Currais Novos na região do Seridó Oriental, nessa mesma semana o presidente Eduardo Vasconcelos viaja para Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro para concretizar apoios aos eventos e projetos que serão desencadeados no ano de 2017.
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
Romances vencedores do Prêmio Oliveira Silveira são lançados em Salvador
Por Emiliane Saraiva Neves
Diante de um espetacular pôr-do-sol, com
 vista para a Baía de Todos-os-Santos com seus barcos e veleiros, a 
Fundação Cultural Palmares lançou em Salvador no estado da Bahia, na 
sexta-feira (21), os livros vencedores do Prêmio Oliveira Silveira. A 
paisagem escolhida para o evento foi a mesma que inspirou muitos 
escritores e que acumula diversas histórias desde seu descobrimento em 
1501.
Sendo a segunda maior baía do mundo, com
 mais de 50 ilhas, a Baía-de-Todos os Santos foi o cenário de batalhas, 
como a Batalha de Pirajá (1823), quando a participação popular de 
negros, índios e mestiços contribuiu para Independência da Bahia. Local 
onde sua incrível beleza inspira poetas e cantores. Também é lembrança, 
ainda bem vívida, da resistência e luta de africanos que vieram 
escravizados para o nosso continente e com sua bravura e cultura, 
construíram a identidade nacional.
Bahia é a terra de Custódia Wolney, nascida em Barreiras, autora do livro Sina Traçada – uma das cinco obras contempladas pelo edital – e também palco onde a história escrita por Eliana Cruz em Água de Barrela (romance que ficou em primeiro lugar no prêmio) acontece.
Sobre o lançamento dos livros, que 
aconteceu no Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador, Eliana 
relatou que: “É uma emoção indescritível estar aqui nesse lugar, tão 
próximo do Pelourinho, cenário do livro. Vários personagens transitaram 
nessas ruas. Estiveram nesse elevador, subiram e desceram. Meu avô, um 
dos personagens do livro, Mateus Cruz, foi quem renovou o maquinário do 
Elevador Lacerda na década de 90. São marcos, lugares muito 
emblemáticos. E o que vai ficar para sempre, para mim, desse lançamento é
 que os descendentes dos personagens do livro, parentes que nunca se 
viram, que só trocaram mensagens e se uniram em função da pesquisa do 
livro, estão reunidos aqui hoje, pela primeira vez.”
Todos
 que foram prestigiar o evento puderam levar exemplares dos livros e os 
cinco autores ficaram à disposição para autografá-los. Os livros e seus 
respectivos autores são: Eliana Alves dos Santos Cruz, com o livro Água de Barrela; Júlio César Farias de Andrade, com Haussá 1815 Comarca das Alagoas; André Luís Soares, com Sobre as vitórias que a história não conta; Maria Custódia Wolney de Oliveira, com Sina traçada; e Luiz Eduardo de Carvalho, com Sessenta e seis elos.
Custódia demonstrou “imenso prazer ao 
vê-los ganhando asas” sendo lançados pelo país. Para ela, “livros têm o 
poder de encantamento, tocam o coração das pessoas. E quando toca, as 
transforma. E essa transformação contribui para um mundo melhor”.
Para Fabya dos Reis Santos, secretária 
da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia 
(Sepromi), que esteve presente, o evento se conecta com a Década 
Internacional de Afrodescendentes, em que os eixos são reconhecimento, 
justiça e desenvolvimento. Ela entende que os livros ajudam a consolidar
 os direitos conquistados pelos povos negros e tradicionais.
O
 presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira, trouxe ao 
conhecimento da plateia as ações da Palmares. Mencionou a reestruturação
 da representação da Fundação em Salvador; a reavaliação de convênios; a
 busca pelo trabalho interdisciplinar dos Ministérios em favor da 
cultura afro-brasileira; a aplicação da Lei 10.639/03, que versa sobre o
 ensino da história e cultura afro-brasileira e africana e aprovação de 
emendas.
Lúcio Vieira Lima, deputado federal 
(PMDB/BA), que estava no momento, disse que “investir em cultura é 
investir em educação, é investimento em um país melhor. Não existe um 
povo com futuro que não preserve a sua história. Nessa fase de grande 
modernismo onde o mundo avança em uma velocidade enorme na ciência e na 
tecnologia, é muito importante nós termos guardado, como se fosse em uma
 cápsula do tempo, nossa cultura. E nada melhor para funcionar como essa
 cápsula, do que as páginas de um livro”.
Compareceram
 40 representantes de terreiros, entre eles: Pai Alcides; Ilê Yá Oman de
 Mãe Lídia; Ilê Axé Omi Jijarun, Terreiro do Viviadeus de Santo Amaro de
 Pai Eduardo; Ilê Axé de Oxum de Mãe Lina; Ilê Axé Oju Oman Oká de Pai 
Sérgio; Ogán Tonho; Ilê Axé Titolobi de Pai Elson; Ilê Axé Oman Ejo de 
Mãe Romilda; Ilê Axé Obé Lalay de Pai Tbo; Egbomy Kátia Vivadeus, 
Babakekere do Oju Onirê, Gerisvaldo e Terreiro Mutalambô de Pai Rogério,
 Ekede Marinalva, Yá Egbe Miroca e Egbe Ekede Tina. Edgar das Neves, da 
Sociedade Protetora dos Desvalidos, Edméia Reis do Museu Nacional de 
Enfermagem Anna Nery.
Eleonice Sacramento, pescadora e 
quilombola da Comunidade de Conceição de Salinas no Recôncavo Baiano, 
durante o lançamento nos compartilhou sua percepção: “Penso que é 
extremamente importante termos literatura que falem da nossa história e 
do nosso povo. Existiu no passado e existe ainda hoje, uma tentativa de 
apagar nossa identidade. E por isso, precisamos que nossa história seja a
 cada dia reafirmada. Apesar dos pescadores e pescadoras serem guardiões
 de uma tradição milenar, para a sociedade brasileira somos vistos de 
uma perspectiva poética ou somos figuras mitológicas. Como se fôssemos 
seres distantes, mas somos mais de um milhão de pessoas produzindo 
alimentos nesse Brasil. E na Bahia, apesar de parecer que nossa presença
 é muito forte, não existe um respeito a quem somos, à tradição negra. 
Todo arcabouço cultural e nossa contribuição para a construção da 
sociedade é negada. Existe uma invisibilidade da nossa importância. E 
cada dia vemos a necessidade de falarmos da gente e para gente.”
Após as falas das autoridades e a sessão
 de autógrafos a noite prosseguiu com um coquetel e foi finalizada com 
uma declamação de um poema do poeta baiano, Antônio Frederico de Castro 
Alves. Está previsto o lançamento dos romances vencedores do Prêmio 
Oliveira Silveira em Macapá, Maceió e em São Paulo, ainda em 2016.
 Veja a galeria de fotos do lançamentoFonte: Fundação PALMARES
Respeito: memória, moradia e orgulho na Pequena África
Na vergonhosa história da escravidão no 
Brasil, a zona portuária do Rio de Janeiro ficou marcada, nos séculos 
XVIII e XIX, pelo desembarque de milhares de africanos escravizados. O 
Cais do Valongo, aterrado por anos e redescoberto apenas recentemente, é
 a principal representação das políticas públicas que tentaram esquecer 
esse passado. A população da antiga zona portuária, majoritariamente 
negros e pobres, ainda resiste às tentativas de embranquecimento social,
 cultivando suas tradições. Seu futuro, entretanto, encontra-se em 
risco. A especulação imobiliária promovida pela operação urbana Porto 
Maravilha e a ausência de recursos públicos para a moradia social 
constituem uma grande ameaça para a permanência dessas famílias.
Objetivando resgatar a memória e 
valorizar a cultura negra, foi proposto à UNESCO o reconhecimento do 
Sitio Arqueológico Cais do Valongo como Patrimônio da Humanidade. A 
proposta, possível referência para outras áreas da zona portuária, é 
tornar a Rua São Francisco da Prainha em local de convivência para a 
comunidade afrodescendente do quilombo urbano Pedra do Sal.
Foi proposto a sua transformação em rua 
de pedestres bem como a recuperação dos imóveis pertencentes ao 
quilombo, convertendo-os em usos residencial, comercial e cultural, que 
gerem trabalho e renda para a população. A promoção do respeito dar-se-á
 através: da regularização fundiária e recuperação do casario, 
utilizando recursos públicos em projetos que respeitem o patrimônio; da 
garantia de moradia digna às famílias, organizadas em associações, 
cooperativas de autogestão ou outros instrumentos de defesa contra o 
processo de gentrificação; da geração de renda para a comunidade e para a
 manutenção dos imóveis; e do resgate e preservação da memória, com 
atividades religiosas, gastronômicas e culturais que valorizem a matriz 
africana.
Os residentes do Rio de Janeiro, 
artistas, ativistas, performers e outros foram convocados a identificar 
um espaço ou relação social na cidade, que segundo eles, produza uma 
condição de desrespeito. Em seguida, projetaram intervenções 
arquitetônicas, urbanas, performáticas e/ou organizacionais, que 
promovam o respeito entre as pessoas em meio à diferença e potencialize o
 respeito abundante ao invés de um recurso escasso.
As propostas foram enviadas até o dia 07
 de setembro e a premiação ocorrerá no dia 4 de outubro, às 9h, no Museu
 do Amanhã. No mesmo dia da premiação, os projetos serão apresentados 
nas dependências do Studio-X, localizado na Praça Tiradentes, a partir 
das 19h. As dez propostas selecionadas ficarão expostas no museu durante
 o mês de outubro. Ambos os eventos são abertos ao público.
O grupo responsável pelo projeto em 
parceria com a comunidade quilombola é coordenado pela Universidade do 
Quebec em Montreal (UQAM). Todos os projetos inscritos entrarão para o 
arquivo global de propostas sobre projeto e política, e poderão ser 
exibidas mais tarde.
Anne-Marie Broudehoux é
 doutora em Arquitetura pela Universidade da Califórnia em Berkeley. É 
professora da Escola de Design da Université du Québec à Montréal desde 
2002. Sua pesquisa, financiada pelo Conselho de Pesquisa em Ciências 
Humanas do Canadá (CRSH), trata das transformações socioespaciais da 
zona portuária do Rio de Janeiro.
Helena Galiza é arquiteta e doutora em Urbanismo pela UFRJ. Trabalhou no governo federal com políticas públicas de reabilitação de áreas centrais, tema em que atua como pesquisadora acadêmica e ativista social, na assessoria técnica a movimentos que lutam pela moradia digna, incluindo as famílias do Quilombo Pedra do Sal.
João Carlos Monteiro é geógrafo, mestre em Planejamento Urbano e Regional e doutorando em Estudos Urbanos pela Université du Québec à Montréal. Há dez anos realiza pesquisas sobre a zona portuária do Rio de Janeiro, principalmente sobre o tema da habitação de interesse social.
Jonathan Simard é arquiteto e mestrando em Arquitetura pela Université Laval. Seu projeto final de mestrado trata da reabilitação de um edifício da comunidade quilombola Pedra do Sal. Ele foi responsável pela apresentação gráfica da proposta e participou da concepção do projeto
Serviço
Studio-X
Endereço: Praça Tiradentes, 48 – Centro, Rio de Janeiro, RJ.Telefone: (21) 2507-8505
Museu do Amanhã
Endereço: Praça Mauá, 1 – Centro, Rio de Janeiro, RJ.
Telefone: (21) 3812-1800
Coordenadora do projeto: Anne-Marie Broudehoux
E-mail: broudehoux.anne-marie@uqam.ca
Endereço: Praça Tiradentes, 48 – Centro, Rio de Janeiro, RJ.Telefone: (21) 2507-8505
Museu do Amanhã
Endereço: Praça Mauá, 1 – Centro, Rio de Janeiro, RJ.
Telefone: (21) 3812-1800
Coordenadora do projeto: Anne-Marie Broudehoux
E-mail: broudehoux.anne-marie@uqam.ca
CULTURA NEGRA
Certa
 feita Bob Marley enfatizou: 'Um povo sem memória é como uma árvore sem 
raízes'. A Perda da Memória, talvez este seja o maior crime cometido 
pelo racismo contra nosso povo. O não saber sobre quem somos de onde 
realmente viemos e o que deixamos de obter por herança, faz de nós um 
povo totalmente apascentado pelas ideologias de um sistema 
segregacionista, que tem muito medo de nossa evolução.
Os escravocratas castigaram nossos corpos, mas vencemos.
Não conseguiram escravizar nossas mentes, vencemos.
Nossa Cultura foi atacada, mas  nos reinventamos, vencemos.
Hoje nossa  Cultura está em toda parte, vencemos.
Resistimos, lutamos, e conquistamos o que ninguém pode nos dá, a Liberdade, vencemos.
Fonte:  culturanegra.org.br
O que é um quilombo?
 Por Natália Petrin em 10/05/2014
   Salvo em Brasil, História
Você já ouviu falar em quilombos? Nos séculos XVII e XVIII, o Brasil viveu o período de escravidão. O termo quilombo era usado para…
Você já ouviu falar em quilombos? Nos séculos XVII e XVIII, o Brasil viveu o período de escravidão. O termo quilombo era usado para denominar os lugares escondidos e fortificados, localizados no meio das matas, em que os escravos negros refugiavam-se em suas fugas. Viviam nesses locais de acordo com suas culturas, sobrevivendo com plantações da comunidade, com música, dança e manifestações religiosas condizentes com suas culturas. Para os portugueses em 1740, o termo era entendido como o agrupamento de cinco ou mais negros fugidos. Os negros que viviam em quilombos, recebiam o nome de quilombolas.
Foto: Reprodução
Representando resistência e combate à escravidão, os 
quilombos marcaram a história do Brasil como uma forma de rejeitar a 
maneira como os negros eram tratados, buscando justiça e dignidade para 
todos os escravos. Além disso, marcaram a história como uma forma de 
fazer sobreviver a sua cultura, o que favoreceu a formação da cultura 
afro-brasileira.
O Quilombo dos Palmares
O Quilombo dos Palmares
 é um dos mais famosos na história do Brasil. Com a invasão de 
Pernambuco pelos holandeses em 1630, os senhores de engenho, em sua 
maioria, acabaram abandonando as terras, o que favoreceu a fuga de 
muitos escravos que se refugiaram no Quilombo dos Palmares, localizado 
em Serra da Barriga, região onde atualmente está Alagoas. Em 1670, este 
quilombo abrigava em média 50 mil escravos, que pegavam alimentos das 
plantações em regiões próximas. O furto dos alimentos incomodava os 
produtores, e isso fez com que os holandeses e o governo de Pernambuco 
passassem a combatê-los.
Durante cinco anos, os negros do Quilombo dos Palmares lutaram chefiados por Zumbi, mas foram derrotados.
Os quilombolas nos dias de hoje
Atualmente, alguns quilombos que foram estabelecidos em 
locais afastados permanecem ativos, mesmo depois da abolição da 
escravatura. São chamados hoje em dia de comunidades quilombolas, e são 
cerca de 1500 certificados pela Fundação Palmares. As comunidades 
existentes estão, em sua maioria, localizadas em estados das regiões 
Norte e Nordeste. Os integrantes dessas comunidades mantêm, até os dias 
de hoje, fortes laços com sua cultura, fazendo com que sobrevivam as 
suas tradições, práticas religiosas, formas de trabalho e sistemas de 
organização social.
Um decreto de novembro de 2003 regulamentou procedimentos 
para identificar, delimitar e reconhecer, além de dar aos negros 
descendentes daqueles que foram vítimas da escravidão, propriedade das 
terras ocupadas pelas comunidades, que são reconhecidas e amparadas 
perante a lei brasileira.
Fonte:  http://www.estudopratico.com.br
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
A geração perdida da África hoje será o Brasil amanhã?
 Por Léa Maria Aarão Reis*
Filme discute qual o futuro que aguarda o sofrido continente africano diante da sangria impressionante ao qual está sendo submetido pela imigração maciça.
Os versos do belo hino de liberdade de Bob Marley,  Redemption Song, diz: “Você
 não vai me ajudar a cantar/Estas canções de liberdade? Libertem-se da 
escravidão mental. Ninguém além de nós mesmos pode libertar nossas 
mentes”
Foi esta a canção emblemática escolhida pela cineasta e atriz Cristina Mantis para o título do seu documentário exibido na mostra Fronteiras/ Cinema e Direitos Humanos, no Festival do Rio com apoio da Anistia Internacional; uma produção de 2015 da Itália, Brasil, Senegal e Guiana.
O filme trata de um aspecto quase sempre negligenciado por alguns analistas políticos: qual o futuro que aguarda o sofrido continente africano diante da sangria impressionante ao qual está sendo submetido pela imigração maciça, forçada ou não, de toda a sua geração de jovens (vários deles com diploma universitário) dos países da África sub sahariana que arriscam a vida atravessando o deserto guiados pelos buzus e no Mediterrâneo, nos barcos líbios, hipnotizados pela miragem das falsas benesses que os aguardariam na Europa.
A África está perdendo os seus jovens fugindo da fome e das guerras em uma hemorragia humana sem precedentes, mostra Redemption Song. Refugiados chegam aos portos italianos pela rota líbia pressionados pela miséria familiar e a falta de empregos. Terminam sem ocupação digna e cm frequência sem passaporte. Acabam trocando o trabalho semi-escravo nas minas de seus países ou os subempregos em petroleiras estrangeiras ou gigantescas corporações globalizadas, os neo colonizadores saqueadores de suas terras, (ver os contundentes documentários Viemos em paz e Big Men) pela mendicância, discriminação e miséria semelhante nas sarjetas européias ou nos campos de refugiados mais assemelhados a centros de concentração.
Foi esta a canção emblemática escolhida pela cineasta e atriz Cristina Mantis para o título do seu documentário exibido na mostra Fronteiras/ Cinema e Direitos Humanos, no Festival do Rio com apoio da Anistia Internacional; uma produção de 2015 da Itália, Brasil, Senegal e Guiana.
O filme trata de um aspecto quase sempre negligenciado por alguns analistas políticos: qual o futuro que aguarda o sofrido continente africano diante da sangria impressionante ao qual está sendo submetido pela imigração maciça, forçada ou não, de toda a sua geração de jovens (vários deles com diploma universitário) dos países da África sub sahariana que arriscam a vida atravessando o deserto guiados pelos buzus e no Mediterrâneo, nos barcos líbios, hipnotizados pela miragem das falsas benesses que os aguardariam na Europa.
A África está perdendo os seus jovens fugindo da fome e das guerras em uma hemorragia humana sem precedentes, mostra Redemption Song. Refugiados chegam aos portos italianos pela rota líbia pressionados pela miséria familiar e a falta de empregos. Terminam sem ocupação digna e cm frequência sem passaporte. Acabam trocando o trabalho semi-escravo nas minas de seus países ou os subempregos em petroleiras estrangeiras ou gigantescas corporações globalizadas, os neo colonizadores saqueadores de suas terras, (ver os contundentes documentários Viemos em paz e Big Men) pela mendicância, discriminação e miséria semelhante nas sarjetas européias ou nos campos de refugiados mais assemelhados a centros de concentração.
 O doc
 de Cristina Mantis, premiado pela RAI, coloca o dedo nesta dolorosa 
chaga com a narrativa de Aboukar Cissoko, um jovem da Guiné que chegou, 
anos atrás, na Itália, na companhia de mais de duzentos imigrantes 
africanos, muitos vindos da Costa do Marfim e da Guiné. Cissoko conhece 
bem a precariedade em que vivem os que fogem em busca de uma vida melhor
 e sonham com o ‘’paraíso’’, e conta a sua experiência gravando imagens 
dos companheiros na dura sobrevivência em países europeus para 
mostrá-las em escolas e aldeias africanas para outros rapazes.  Abre um 
debate entre os jovens e suas famílias sobre quais poderiam e deveriam 
ser outros caminhos na luta política para fixá-los em seus lugares de 
origem.
Assim como está perdendo os seus jovens, suas riquezas, seus recursos hídricos, a África está arruinando o seu futuro, é o que se discute no filme de Cissoko e Mantis.
As sequências finais do filme se passam na Ilha de Gorée, no Senegal, de onde partiam os escravos. Em seguida, outras delas são como homenagem a eles e foram realizadas em comunidades quilombolas no nordeste do Brasil, onde vivem seus descendentes procurando manter viva a cultura ancestral através da força de se manterem unidos.
Por coincidência, nesta mesma semana da exibição do documentário Redemption Song, entre as dezenas de protestos de forte repúdio que continuam se multiplicando em todo o país por parte de professores, educadores, estudantes, jovens e economistas responsáveis contra a PEC 241, o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Roberto Leher, reagiu, denunciou a proposta, e na sua indignação comentou justamente o desastre que ocorre na África atual, mais uma vez colonizada, e atinge, lamentavelmente, esta e outras gerações que virão. Diz ele:
‘’Então, desmontar a universidade pública significa também desmontar toda a expectativa de futuro em relação à ciência e tecnologia. Os povos necessitam de conhecimento, necessitam de ciência, de tecnologia para poderem forjar outra perspectiva para o bem viver.”
“Todos os povos precisam de conhecimento, enfim, para ter uma melhor intervenção na natureza, na sociedade, e isso vai colocar o país numa situação profundamente neocolonial. Tal como aconteceu no colonialismo na África, em que as universidades foram fechadas, foram impedidas de vicejar, nós teremos uma situação na mesma proporção, caso de fato essa PEC seja aprovada. Seria um processo de desmonte profundo da educação pública e de um precioso patrimônio que temos, do povo brasileiro, que são suas universidades públicas. ’’
Se a PEC 241 não for barrada o Brasil, amanhã, será a África de hoje.
Assim como está perdendo os seus jovens, suas riquezas, seus recursos hídricos, a África está arruinando o seu futuro, é o que se discute no filme de Cissoko e Mantis.
As sequências finais do filme se passam na Ilha de Gorée, no Senegal, de onde partiam os escravos. Em seguida, outras delas são como homenagem a eles e foram realizadas em comunidades quilombolas no nordeste do Brasil, onde vivem seus descendentes procurando manter viva a cultura ancestral através da força de se manterem unidos.
Por coincidência, nesta mesma semana da exibição do documentário Redemption Song, entre as dezenas de protestos de forte repúdio que continuam se multiplicando em todo o país por parte de professores, educadores, estudantes, jovens e economistas responsáveis contra a PEC 241, o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Roberto Leher, reagiu, denunciou a proposta, e na sua indignação comentou justamente o desastre que ocorre na África atual, mais uma vez colonizada, e atinge, lamentavelmente, esta e outras gerações que virão. Diz ele:
‘’Então, desmontar a universidade pública significa também desmontar toda a expectativa de futuro em relação à ciência e tecnologia. Os povos necessitam de conhecimento, necessitam de ciência, de tecnologia para poderem forjar outra perspectiva para o bem viver.”
“Todos os povos precisam de conhecimento, enfim, para ter uma melhor intervenção na natureza, na sociedade, e isso vai colocar o país numa situação profundamente neocolonial. Tal como aconteceu no colonialismo na África, em que as universidades foram fechadas, foram impedidas de vicejar, nós teremos uma situação na mesma proporção, caso de fato essa PEC seja aprovada. Seria um processo de desmonte profundo da educação pública e de um precioso patrimônio que temos, do povo brasileiro, que são suas universidades públicas. ’’
Se a PEC 241 não for barrada o Brasil, amanhã, será a África de hoje.
Fonte: Carta Maior 
CONFIRMADO! DIA 20 DE NOVEMBRO O CPC/RN REALIZARÁ O IV ENCONTRO ESTADUAL DO ORGULHO NEGRO!
Após a direção do Centro Potiguar de Cultura - CPC/RN manter contatos com lideranças culturais e estudantis em diveresas cidades, a deliberou a realização do IV ENCONTRO ESTADUAL DO ORGULHO NEGRO, que ocorrerá dia 20 de novembro na Escola Municipal NESTOR MARINHO - Nova Cruz/RN, conforme programação abaixo.
Serão 100 (cem) convidados entre grupos de capoeira, dança, percussão, entre outros.  Haverá também uma Roda de Conversa, cujos temas serão: RACISMO - DIVERSIDADE - LEIS e PROPOSTAS. Os participantes terão direito a certificado.
O CPC/RN, através de seu Presidente, Eduardo Vasconcelos buscará apoio junto as prefeituras e entidades de classes para a estruturação do evento.
IV ENCONTRO ESTADUAL DO
ORGULHO NEGRO
DIA 20 DE NOVEMBRO DE
2016 – NOVA CRUZ – RN (Escola Municipal NESTOR MARINHO) – Avenida Assis
Chateaubriand – S/N – Centro)
Realização: CPC/RN
Apoios: Prefeituras, 3º
DIRED, CPC DA ANE/RN – AMES – UNE - UBES
PROGRAMAÇÃO
08:00: Abertura e Formação da Mesa
08:30: Leitura da Importância do
evento e Apresentação Cultura
09:00:  Roda de Conversa – RACISMO – DIVERSIDADE –
LEIS e PROPOSTAS.
11:00: Aprovação das Propostas
12:00: Meio dia: Almoço e Espaço
Cultural
13:30: Apresentações de Grupos
Culturais das cidades participantes.
15:00: Entrega dos Certificados
16:00: Encerramento
terça-feira, 25 de outubro de 2016
MOVIMENTOS: UNALGBT: um ano de luta contra os machismos, racismos e lgbtfobias
 Foto: Acervo UJS
 A
 União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais –
 UNALGBT – acabou de completar um ano de lutas na defesa dos direitos da
 população LGBT e de contribuição para uma sociedade mais humana, 
equânime e livre de todos os preconceitos.
* Por Andrey Lemos e Silvia Cavalleire
Foi
 em 16 de outubro do ano passado, uma sexta-feira, na Assembleia 
Legislativa do Estado de São Paulo, que cerca de 400 mulheres e homens 
de diferentes partidos políticos ou apartidários, de sindicatos, 
entidades de movimentos estudantis e também organizações da sociedade 
civil, de diferentes cores, identidades de gênero e orientações sexuais,
 firmaram o compromisso com o sonho de construir uma entidade de luta e 
lançaram a União Nacional LGBT, já apelidada na mesma hora da fundação 
de “UNA”. Sua primeira palavra de ordem foi “A UNA! A UNA! A UNA é pra 
lutar! Lutar por mais direitos e liberdade de amar!”.
O ato de lançamento da UNALGBT contou com a participação de grandes personalidades e lideranças políticas como as deputadas federais Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB; Jô Moraes e Angela Albino; o deputado federal e presidente do PCdoB-SP, Orlando Silva e a sambista e deputada estadual (PCdoB-SP), Leci Brandão. A fundação da entidade foi bem recebida por setoriais LGBT de várias forças políticas e redes nacionais que já atuavam na luta por direitos humanos das pessoas LGBT também se congratularam com a iniciativa.
Desde a sua fundação, a entidade tomou uma decisão em relação à sua maneira de estruturação: ser uma entidade de bases, organizada em núcleos, direções municipais, estaduais e nacional. Em apenas um ano de fundação, já existem direções estaduais no Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Distrito Federal, Minas Gerais, Pernambuco, Amapá e núcleos municipais no Ceará, Acre, Goiás, Santa Catarina e Rio de Janeiro.
A direção nacional da UNA é composta por representantes das cinco regiões do país e isso tem ajudado a consolidar a entidade em todo o território nacional com núcleos municipais e direções estaduais. A diretoria executiva tem a seguinte composição: Andrey Lemos, presidente nacional; Fernanda Lima e Sílvia Cavalleire, vice-presidentas; Leonardo Lima, Secretaria Geral e Jhow Silva, tesoureiro, além de Fabíola Loguércio e Juremar de Oliveira.
No movimento social a UNALGBT vem mostrando que a importância do respeito à diversidade, visibilizando todas as identidades, se faz urgente para alcançarmos uma sociedade que valorize as diferentes expressões humanas. A entidade é composta por todos os segmentos de LGBT como lésbicas, gays, mulheres e homens bissexuais, mulheres travestis e mulheres e homens trans. Há também representação de gênero fluido, que se trata de alguém que se identifica com ambos os gêneros.
A União Nacional LGBT surgiu no momento certo, quando o Brasil atravessa um momento de golpe na democracia e nos direitos humanos, avanço do conservadorismo e ameaça de retrocessos e desde o início de suas atividades a UNALGBT fez diversas campanhas, colocando seu forte posicionamento político, que vai além das questões ligadas diretamente à LGBT. A primeira campanha foi em apoio ao PL 3369/2015, o Estatuto das Famílias do Século XXI, de autoria do deputado federal Orlando Silva (PCdoB – SP).
Quando o Comitê de Cultura LGBT do Ministério da Cultura correu o risco de ser extinto, a UNA logo expressou seu apoio na defesa e na valorização daquele colegiado.
Na 20ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, a UNA foi uma das entidades que mais se destacou na grandiosa manifestação com seus e suas ativistas e militantes vestindo a blusa da entidade, com palavras de ordem, cartazes, alegria e luta defendendo o “Fora Temer”. Em meio à multidão, foram distribuídos adesivos e abanadores com os dizeres: “LGBT na Luta, Temer jamais !”, uma forma de demarcar a desaprovação ao golpista Michel Temer.
A UNA também se posicionou contra o Escola Sem Partido. Convocou as pessoas LGBT para irem às ruas por uma escola sem mordaça. Afinal, proibir o pensamento crítico envolve também silenciar o debate sobre identidade de gênero e orientação sexual nas escolas – luta histórica do nosso movimento.
Mesmo sendo uma entidade com apenas um ano de atuação, a UNA ocupou importantes espaços de discussão nas conferências de políticas públicas para LGBT, nas etapas municipais, estaduais e nacional. A organização contribuiu com propostas relevantes e que ganham ainda mais destaque nesses tempos de golpe.
A UNA está atingindo um de seus principais objetivos que é ser uma atuante entidade de massas do movimento LGBT. A entidade almeja contribuir com a conquista e a garantia de direitos para a população LGBT nos quatro cantos do Brasil e poder influenciar direta ou indiretamente as mesmas conquistas para a América Latina e até o mundo. Um sonho desafiador que, segundo sua militância, não medirá esforços para alcançá-lo.
Essa entidade que em nenhum momento tergiversou em colocar seu exército na rua para enfrentar o golpe, lutou bravamente contra o afastamento da presidenta Dilma Rousseff e hoje segue na luta contra a PEC 241. Enfrentar todo tipo de retrocesso e pela organização de mulheres e homens LGBT para lutar por uma sociedade emancipada onde as pessoas possam amar livremente, terem suas identidades respeitadas e assegurados os direitos individuais e coletivos com justiça social e igualdade de oportunidades.
A UNALGBT seguirá convocando a sociedade brasileira para enfrentar os machismos, racismos e lgbtfobias em defesa da laicidade e do estado democrático de direito. Por isso venha você também integrar nossas fileiras e sonharmos juntos porque acreditamos que toda forma de amor vale a pena!
O ato de lançamento da UNALGBT contou com a participação de grandes personalidades e lideranças políticas como as deputadas federais Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB; Jô Moraes e Angela Albino; o deputado federal e presidente do PCdoB-SP, Orlando Silva e a sambista e deputada estadual (PCdoB-SP), Leci Brandão. A fundação da entidade foi bem recebida por setoriais LGBT de várias forças políticas e redes nacionais que já atuavam na luta por direitos humanos das pessoas LGBT também se congratularam com a iniciativa.
Desde a sua fundação, a entidade tomou uma decisão em relação à sua maneira de estruturação: ser uma entidade de bases, organizada em núcleos, direções municipais, estaduais e nacional. Em apenas um ano de fundação, já existem direções estaduais no Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Distrito Federal, Minas Gerais, Pernambuco, Amapá e núcleos municipais no Ceará, Acre, Goiás, Santa Catarina e Rio de Janeiro.
A direção nacional da UNA é composta por representantes das cinco regiões do país e isso tem ajudado a consolidar a entidade em todo o território nacional com núcleos municipais e direções estaduais. A diretoria executiva tem a seguinte composição: Andrey Lemos, presidente nacional; Fernanda Lima e Sílvia Cavalleire, vice-presidentas; Leonardo Lima, Secretaria Geral e Jhow Silva, tesoureiro, além de Fabíola Loguércio e Juremar de Oliveira.
No movimento social a UNALGBT vem mostrando que a importância do respeito à diversidade, visibilizando todas as identidades, se faz urgente para alcançarmos uma sociedade que valorize as diferentes expressões humanas. A entidade é composta por todos os segmentos de LGBT como lésbicas, gays, mulheres e homens bissexuais, mulheres travestis e mulheres e homens trans. Há também representação de gênero fluido, que se trata de alguém que se identifica com ambos os gêneros.
A União Nacional LGBT surgiu no momento certo, quando o Brasil atravessa um momento de golpe na democracia e nos direitos humanos, avanço do conservadorismo e ameaça de retrocessos e desde o início de suas atividades a UNALGBT fez diversas campanhas, colocando seu forte posicionamento político, que vai além das questões ligadas diretamente à LGBT. A primeira campanha foi em apoio ao PL 3369/2015, o Estatuto das Famílias do Século XXI, de autoria do deputado federal Orlando Silva (PCdoB – SP).
Quando o Comitê de Cultura LGBT do Ministério da Cultura correu o risco de ser extinto, a UNA logo expressou seu apoio na defesa e na valorização daquele colegiado.
Na 20ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, a UNA foi uma das entidades que mais se destacou na grandiosa manifestação com seus e suas ativistas e militantes vestindo a blusa da entidade, com palavras de ordem, cartazes, alegria e luta defendendo o “Fora Temer”. Em meio à multidão, foram distribuídos adesivos e abanadores com os dizeres: “LGBT na Luta, Temer jamais !”, uma forma de demarcar a desaprovação ao golpista Michel Temer.
A UNA também se posicionou contra o Escola Sem Partido. Convocou as pessoas LGBT para irem às ruas por uma escola sem mordaça. Afinal, proibir o pensamento crítico envolve também silenciar o debate sobre identidade de gênero e orientação sexual nas escolas – luta histórica do nosso movimento.
Mesmo sendo uma entidade com apenas um ano de atuação, a UNA ocupou importantes espaços de discussão nas conferências de políticas públicas para LGBT, nas etapas municipais, estaduais e nacional. A organização contribuiu com propostas relevantes e que ganham ainda mais destaque nesses tempos de golpe.
A UNA está atingindo um de seus principais objetivos que é ser uma atuante entidade de massas do movimento LGBT. A entidade almeja contribuir com a conquista e a garantia de direitos para a população LGBT nos quatro cantos do Brasil e poder influenciar direta ou indiretamente as mesmas conquistas para a América Latina e até o mundo. Um sonho desafiador que, segundo sua militância, não medirá esforços para alcançá-lo.
Essa entidade que em nenhum momento tergiversou em colocar seu exército na rua para enfrentar o golpe, lutou bravamente contra o afastamento da presidenta Dilma Rousseff e hoje segue na luta contra a PEC 241. Enfrentar todo tipo de retrocesso e pela organização de mulheres e homens LGBT para lutar por uma sociedade emancipada onde as pessoas possam amar livremente, terem suas identidades respeitadas e assegurados os direitos individuais e coletivos com justiça social e igualdade de oportunidades.
A UNALGBT seguirá convocando a sociedade brasileira para enfrentar os machismos, racismos e lgbtfobias em defesa da laicidade e do estado democrático de direito. Por isso venha você também integrar nossas fileiras e sonharmos juntos porque acreditamos que toda forma de amor vale a pena!
 *Andrey Lemos é Presidente nacional e Silvia Cavalleire é 2ª 
vice-presidenta da União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, 
Travestis e Transexuais.
Fonte: Portal Vermelho 
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
INDÍGENAS: Retrocesso e criminalização: diagnósticos de ameaças aos direitos dos povos indígenas
Com o avanço de forças conservadoras e o governo de Temer, situações graves de violações de direitos podem se agravar
Flávia Quirino, Lucas Prates, Valéria Burity
Cortes no orçamento da Fundação Nacional do Índio (Funai), mudanças em seu corpo administrativo, reinstalação da CPI do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e da Funai, utilização da Tese do Marco Temporal e Tradicional, avanço de proposições legislativas como a PEC 215, e muita violência. Este é o resumo do que representam nos últimos meses os retrocessos imputados aos povos indígenas pelo Estado Brasileiro.
O relatório especial das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas do Brasil, apresentado no último dia 20 de setembro em Genebra, na Suíça, enfatizou que o país não avançou e, inclusive, está piorando na proteção dos Direitos Indígenas. Além de tornar evidentes as violências e violações de direitos cometidas contra os povos originários, o Relatório da ONU também faz diversas recomendações para o Estado Brasileiro e expressa preocupação com relação às políticas implantadas desde maio de 2016.
Outro documento, lançado em agosto deste ano pela FIAN Brasil, “O Direito Humano à Alimentação Adequada e Nutrição do Povo Guarani e Kaiowá: um enfoque holístico” traz dados alarmantes sobre a situação de insegurança alimentar e nutricional deste povo. Em três comunidades pesquisadas o índice de insegurança alimentar era de 100% - em comparação, a média deste índice entre a população brasileira não-indígena é de 26,6%.
O estudo atribui esta gravíssima situação às precárias condições de vida que enfrentam os Guarani e Kaiowá, em que predominam a lentidão da demarcação de seus territórios tradicionais, a ausência de respeito à sua cultura, a violência física a que estão submetidos por ataques paramilitares e a ausência ou inadequação de políticas públicas específicas para estes povos. Com o avanço de forças conservadoras pelo país e com o governo de Michel Temer, situações graves de violações de direitos como essas podem se agravar não só para os Guarani e Kaiowá, mas para todos os povos indígenas do Brasil.
A demarcação de terras tem sido o pano de fundo de diversos conflitos que afetam os povos indígenas. Neste contexto, a luta histórica pela demarcação dos territórios tradicionais esbarra nas lutas políticas institucionais, bem como nas jurídicas. Dois grandes exemplos disto são a reinstalação da CPI do Incra e da Funai, no último dia 17 de outubro pela bancada ruralista, e o uso cada vez mais frequente da Tese Jurídica do Marco Temporal e Tradicional pelo Poder Judiciário.
A CPI do Incra/Funai tem sido utilizada para criminalizar entidades sociais que apoiam a luta pela demarcação das terras indígenas e quilombolas. É importante enfatizar que a citada CPI não atendeu a mandamentos constitucionais básicos como, por exemplo, a criação para apurar um “fato certo”, como mostra o requerimento de sua instalação. 
A Tese do Marco Temporal e Tradicional, por sua vez, é uma criação jurídica que ocorreu no âmbito do julgamento do caso Raposa Serra do Sol no Supremo Tribunal Federal, em 2009. Em resumo, trata-se de impor a data da promulgação da Constituição Federal (5 de Outubro de 1988) como marco temporal para se reconhecer uma terra indígena: caso os indígenas não estivessem na área demandada àquela época, eles não teriam direito a ela. A exceção a tal regra se daria caso os povos originários estivessem pleiteando àquela época a posse da terra no Poder Judiciário, ou ainda se, àquela época, estivessem sofrendo violência física direta contra a ocupação. Esta teoria não abarca, portanto, milhares de casos em que os povos indígenas já haviam sido expulsos e não haviam ajuizado ações na justiça por quaisquer razões. Nos últimos anos o Poder Judiciário vem barrando a demarcação de terras indígenas com base nesta teoria, a exemplo das Terras Indígenas Limão Verde, Panambi-Lagoa Rica e Guyraroka, todas no estado do Mato Grosso do Sul.
Em paralelo a tais entraves, o presidente Michel Temer apresentou ao Congresso Nacional a menor proposta de orçamento para a Funai dos últimos 10 anos, com o teto de R$ 110 milhões para despesas discricionárias da instituição. Há nove anos havia sido aprovado um valor de R$ 120,4. Como destacou o Secretário Executivo do Cimi, Cleber Buzatto, se levarmos em consideração a inflação acumulada do período, estamos falando de 60,88% de perda orçamentária. Em 2013 o orçamento aprovado foi de R$ 194 milhões.
O que se via no Brasil até o início deste ano é que, mesmo com investimentos em programas sociais e com maior orçamento para ações que mantêm estreita conexão com os direitos humanos, tal como o direito à alimentação e à nutrição adequada, os povos indígenas estavam sofrendo graves violações de todos os seus direitos. Sendo assim, a atual proposta de corte no orçamento da FUNAI, sem que haja qualquer justificativa devidamente fundamentada, já é em si um grave retrocesso que viola direitos humanos e representa o absoluto desrespeito aos compromissos internacionais e nacionais assumidos pelo Estado brasileiro.
No Direito Internacional, por exemplo, o Princípio da Vedação do Retrocesso Social proíbe que se retroaja em matéria de direitos econômicos, sociais e culturais sem que haja graves razões que justifiquem tal retrocesso. Esta tem sido a interpretação da Corte Interamericana de Direitos Humanos em diversos casos já analisados. Em sentido semelhante, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos indicourecentemente que cortes anunciados pelo governo de Temer em programas sociais podem configurar infração ao Protocolo de San Salvador.
Ressalta-se assim, portanto, a importância de uma abordagem de direitos humanos nas lutas sociais, inclusive indígenas. Historicamente, tais lutas têm provocado o reconhecimento de direitos em instrumentos legais. Contudo, esse reconhecimento pode e deve retroalimentar essas mesmas lutas, em um ciclo contra hegemônico de construção e exigibilidade de direitos humanos que permitam a todos e todas uma vida digna em sociedades mais justas e igualitárias.
Flávia Quirino é jornalista
Lucas Prates é assessor de Direitos Humanos da FIAN Brasil
Valéria Burity é advogada e Secretária Geral da FIAN Brasil
Edição: José Eduardo Bernardes
Fonte: Brasil de Fato
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