Em 21 de março de 1960, em Joanesburgo, na África do Sul, 20.000 pessoas faziam um protesto contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a portar um cartão que continha os locais onde era permitida sua circulação. Porem resultando em 69 mortos e 186 feridos.
O Massacre de Sharpeville foi divisor de águas na história do apartheid na África do Sul. Entre outras coisas, o terrível fato ocorrido 57 anos atrás acirrou demais os ânimos no país. Mais importante, abriu os olhos da comunidade internacional para a barbárie do regime da minoria branca contra a maioria negra.
Antes de falar do tétrico massacre, bom contextualizar a situação no país à época. Havia um grande partido opositor ao regime e representante da maioria negra, o Congresso Nacional Africano (CNA), aliás, o partido do então jovem Nelson Mandela.
No fim de 1959, o CNA anunciou, em conferência anual, que 1960 seria o ano da luta contra o passe. O famigerado passe – ou caderneta – existia há muito tempo. Antes, controlava os escravos. Depois, com a instauração do apartheid, passou a ser instrumento do governo contra os negros.
Se liga:Manifestação contra o apartheid acaba em carnificina em Johanesburgo. Policiais dispararam contra multidão desarmada cerca de 5 a 7 mil pessoas marchavam contra a obrigatoriedade das crianças falarem o língua “Afrikander”nas escolas e a lei do passe, algo como a nossa carteira de trabalho no Brasil, que nossa polícia e justiça sempre pede aos negros que abordam.
O documento continha foto, dados pessoais, números e registros profissionais, além de anotações sobre imposto de renda e ficha criminal. Os negros tinham de carregar os passes com eles sempre. E apresentar às autoridades sempre que solicitados. É. Já deu pra perceber o que isso causava…
Infelizmente hoje que o regime de segregação racial conhecido como apartheid vem conquistando lamentável lugar de destaque nas páginas do cada vez mais volumoso livro de calúnias da humanidade. Neste mês de março de 1960, porém, um novo capítulo nessa história de intolerância, discriminação e barbárie foi inscrita com o sangue dos negros pelas autoridades brancas da África do
Sul. No último dia 21, um protesto pacífico contra as leis do passe, incentivado pelas lideranças do Congresso Pan-Africanista e reprimido com violência pela polícia em todo o país, causou uma verdadeira carnificina em Sharpeville, a 45 quilômetros de Johanesburgo. Em uma ação desproporcional e covarde, as centenas de manifestantes que se aglomeravam em frente à delegacia de polícia local tornaram-se alvos vivos dos soldados do comando sul-africano. Revólveres, rifles e submetralhadoras, sem aviso prévio ou justificativa, cuspiram fogo contra a multidão...
Na véspera dos funerais, para evitar novos conflitos, o governo da África do Sul havia anunciado a suspensão da obrigatoriedade do porte do passe pelos negros. Esperançoso com o que parecia um primeiro ato de conciliação por parte da administração de Verwoerd, o planeta foi logo devolvido à realidade obtusa do apartheid com a declaração oficial de estado de emergência em 30 de março. Sob tal auspício, as autoridades sul-africanas voltaram à carga com prisões em massa – o número, ainda não oficial, é de 18.000 detidos, incluindo o líder do Congresso Pan-Africanista, Robert Sobukwe, e a quase totalidade dos cabeças do movimento negro –, além da criminalização das entidades políticas dos nativos. Uma passada de olhos pela história revela que, atuando na clandestinidade, as oposições não demoram a deixar a resistência pacífica em favor da armada. No ambiente incendiário em que se encontra a África do Sul, parece questão de tempo.
No início de março, o Congresso Nacional Africano (CNA) programou, para o último dia do mês, uma nova manifestação anti-passe. Antecipando-se a ela, os membros do Congresso Pan-Africanista (CPA) – fundado no ano passado por dissidentes do CNA –, liderados pelo educador metodista Robert Sobukwe, marcaram seu protesto sobre o mesmo tema para o dia 21, dez dias antes, portanto, da movimentação da associação rival. A campanha, de acordo com a orientação de Sobukwe, deveria ser totalmente pacífica. Todos os africanos deveriam deixar seus passes em casa e, desarmados, comparecer às delegacias de polícia, entregando-se aos oficiais para serem presos. Os líderes do CPA acreditavam que a detenção massiva de negros resultaria numa pane do sistema: não apenas as prisões ficariam superlotadas, mas também a economia seria bruscamente afetada, com boa parte da força de trabalho no cárcere.
O CNA, portanto, queria marcar o dia 31 de março como uma demonstração nacional contra as leis do passe. No entanto, o Congresso Pan-Africanista (PAC), uma dissidência do CNA fundada no final de 1959, sob liderança de Robert Subukwe, resolveu se antecipar e organizou um protesto pacífico para o dia 21.
“É patética a fé do governo em metralhadoras para resolver problemas humanos básicos.” O bispo anglicano de Johanesburgo apelou “a todos aqueles que têm sentimentos humanos na África do Sul para combater as táticas policiais.” No entanto, o mais simbólico, contundente e representativo protesto contra a administração federal veio por cortesia de uma manifestação de mais de 500 estudantes brancos da Universidade de Natal, em Durban. Os jovens mandaram confeccionar cartazes nos quais, em menos de 30 caracteres e com uma lapidar frase sem verbo, resumiam a indignação de um planeta: “Hitler 1939, Verwoerd 1960”. Nada mais precisa ser dito. Mas algo precisa ser feito para que se evite, duas décadas depois, a repetição de tal aberração.
Em memória a este massacre a Organização das Nações Unidas – ONU – instituiu 21 de março o dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial.
"Há de 57 anos… dia 21 de março de 1960, 69 mortos. 180 feridos. Todos negro".
Uma afro abraço.
Claudia Vitalino.
REBELE-SE CONTRA O RACISMO!
fonte:http://www.pordentrodaafrica.com/noticias/por-dentro-da-historia-o-massacre-de-sharpeville-durante-o-apartheid/fotos net
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