Outro dia, lendo as insultuosas manifestações de governantes e da imprensa italiana, ambos propriedade do peripatético, um perigoso irresponsável, o fascista Silvio Berlusconi, sobre uma decisão soberana do presidente do Brasil (o caso Battisti), acabamos lembrando da Etiópia.
Ainda: lendo sobre a posição do Itamarati, a favor do sigilo eterno de documentos, ficamos muito curiosos a respeito do voto brasileiro no infame incidente de 1936, bem como sobre a atuação da diplomacia brasileira nessa e em outras ocasiões.
A Etiópia - significado de "terra de paz superior", segundo especialistas - é o sítio que possui os traços mais antigos da humanidade, bem como um dos países mais velhos do mundo. Sua dinastia remonta a dez séculos antes de Cristo.
A Igreja Ortodoxa Etíope (nada tem a ver com a Católica, é independente, mas reconhece a ascendência da Igreja Ortodoxa Copta, estabelecida por São Marcos no Egito, cujo chefe é o Papa de Alexandria, sucessor de São Marcos) afirma que na igreja Nossa Senhora Maria de Zion, em Aksum, repousa a Arca da Aliança mencionada na Bíblia, dentro da qual estariam as Tábuas da Lei onde estão inscritos os Dez Mandamentos.
Segundo descobertas e estudos recentes, é o berço do homo sapiens.
Até 1935 nunca fora dominada por uma potência externa. Todos os seus vizinhos de fronteira já haviam se transformado, a ferro e fogo, em colônias inglesas, francesas e italianas.
Tendo como pretexto um mero tiroteio na divisa com uma colônia italiana (Eritréia), em 3 de outubro de 1935 os exércitos de Mussolini iniciaram a invasão. Houve tenaz resistência dos etíopes, enfrentando as armas modernas do invasor. Um morticínio terrível, para os africanos: pedras e lanças contra metralhadoras, tanques, canhões e gás venenoso.
A Etiópia valeu-se da Liga das Nações, que decretou sanções ao invasor. Sanções de mentira: em 5 de maio de 1936 houve a ocupação de Adis Abeba. O fracasso da Liga em impedir a agressão foi um sinal do que viria em 1939: a pior guerra de todos os tempos, a segunda mundial.
Em junho de 1936 o imperador Hailé Sélassie (nascido com o nome de Tafari Makonnen, em 23/7/1892,
morto em 27/8/1975), novamente recorreu à Liga das Nações, se fazendo presente na reunião em Genebra, onde proferiu o seu mais famoso discurso.
A LINHAGEM SALOMÔNICA NA ETIÓPIA.- E apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de todas as coisas preciosas do Egito; e os líbios e os etíopes o seguirão. Daniel 11:43
Porventura não foram os etíopes e os líbios um grande exército, com muitíssimos carros e cavaleiros? Confiando tu, porém, no Senhor, ele os entregou nas tuas mãos. 2 Crônicas 16:8
Menelik, o primeiro Imperador da Etiópia, tradicionalmente acredita-se ser o filho do rei Salomão de Israel e Makeda, aRainha de Sabá. Sua história está no livro etíope Kebra Nagast.
Makeda, rainha da Etiópia1 há seis anos,2 viajou para Jerusalém para conhecer a sabedoria de Salomão.3 Salomão usou um truque, fez a rainha, que era virgem, ficar com sede, e trocar sua virgindade por água.2
Nove meses e cinco dias após a Rainha ter se separado de Salomão, na terra de BÂLÂ ZADÎSÂRĔYÂ, a rainha deu à luz um menino, que foi chamado de BAYNA-LEḤKEM.4 De acordo com lendas etíopes ele nasceu na província de Hamasienem Eritrea.
Aos doze anos de idade, o menino quis saber quem era seu pai, e ouviu que era o rei Salomão, mas a rainha disse que ela era seu pai e sua mãe, mas depois que ele perguntou pela terceira vez, ela disse que seu pai era de um país distante.4Aos vinte e dois anos de idade, resolveu visitar seu pai.
Quando ele chegou a Israel, foi recebido como tendo vindo dos domínios de Candace e da Etiópia, e foi reconhecido como filho de Salomão; 5 Salomão pretendia, com mil mulheres diferentes, ter mil filhos homens, para conquistar as terras de todos seus inimigos, mas só teve três filhos homens, dentre os quais o mais velho, o filho da Rainha da Etiópia, era o filho da profecia.5 Reoboão tinha então sete anos de idade e era o único filho homem que estava com Salomão.
Tradicionalmente se credita que trouxe a Arca da Aliança para a Etiópia, quando ao alcançar maioridade, fora visitarJerusalém a fim de conhecer o pai.
De acordo com o Kebra Nagast, o rei Salomão tinha a intenção de enviar para o filho alguns nobres sacerdotes do templo e guerreiros junto com Menelik no retorno dele para o reino de Sabá. É suposto que ele tenha tido uma réplica da Arca, mas conta a lenda que o filho de Zadok o sumo-sacerdote trocou a réplica secretamente com a real Arca, permanecendo na Etiópia até os dias de hoje, mais exatamente na antiga cidade de Axum.
Na morte da Rainha Makeda, Menelik assumiu o trono com o título “novo de Imperador” e “Rei dos Reis de Etiópia”. Ele fundou a “Dinastia Salomonica” da Etiópia que governou o país com poucas interrupções durante aproximadamente três mil anos ou 225 gerações, depois terminadas com o Imperador Haile Selassie em 1974.
O LENDÁRIO REI PRESTES JOÃO- Com a expansão do império de Gêngis Khan no século XII, e com a intensificação dos contatos entre Ocidente e Oriente, monges e mercadores cristãos constataram que o “verdadeiro” reino de Preste João não ficava na Ásia Central, nem no Extremo Oriente, mas na Índianota ,
onde a cristandade europeia passou a procurá-lo. Era a época das antigas comunidades de cristãos indianos, chamados “seguidores de São Tomé”.2 .
A “hipótese indiana” era respaldada por viajantes que afirmavam ter encontrado um soberano cristão no norte da Índia, na corte de Tamerlão. A existência de um império etíope já era conhecida pelos ocidentais graças aos monges africanos que visitavam Jerusalém e às cartas enviadas ao papa “negus”, sacerdote etíope e soberano daquele reino. Esse império também é citado por frei Jordano de Sévérac, bispo da costa do Malabar. Foi quando a ideia de que a Etiópia poderia ser o reino do misterioso Preste João, realçada depois que uma embaixada enviada pelo “negusa nagast” (negus da Etiópia) chegou à corte papal de Avinhão, ganhou força (1310). Esse movimento reforçou a hipótese da existência, “em algum lugar do nordeste da África”, de um reino em guerra com os muçulmanos. Os europeus queriam se aliar a Preste João para enfrentar os muçulmanos. Havia, porém, dificuldade de localizar o misterioso rei e sacerdote.2 .
Os navegadores portugueses, ao desembarcarem na costa da África (1486), em busca de uma rota para as Índias, ouviram dos “notáveis” do reino do Benin que o grande rei “Ogané”, a quem deviam lealdade, reinava a “vinte luas de marcha para o norte, ao sul do Egito”. Ao ouvir esse relato, o rei João II de Portugal enviou dois homens ao rei Ogané, certo de que ele era Preste João.2 .
Os lusos, Pero de Covilhã e Afonso de Paiva, junto com uma soma em dinheiro levaram um planisfério para marcarem o local exato do reino misterioso. Em 7 de março de 1487 partiram. Somente Covilhã chegou ao destino. Desembarcou emZeila, antigo porto etíope, seguindo pelo interior até Gondar. Covilhã foi recebido pelo “negus” Alexandre, Leão de Judá, “Rei dos Reis”.
Assim como Preste João, o imperador etíope governava um reino que no passado havia dominado a costa oriental da África e que, com a expansão do Islã, fora empurrado para o interior do continente e resistiram durante séculos aos ataques muçulmanos. Com a morte do “negus” Alexandre, o seu filho e sucessor, Naod, convidou Covilhã a permanecer no reino.3 Covilhã aceitou a proposta de receber morada e esposa etíope, com quem teve filhos. Vinte anos depois (1520), uma nova embaixada portuguesa foi enviada à Etiópia. Na partida, Covilhã se recusou a seguí-los e permaneceu até a morte, segundo relato de um dos integrantes dessa nova embaixada, o padre Francisco Álvares, em seu “Verdadeira informação das terras do Preste João das Índias”. Foi a partir daí (século XVI) que o lendário rei deu lugar a um soberano real, aliado aos portugueses na disputa travada com os muçulmanos pelo controle das rotas comerciais do mar Vermelho.
A aliança, entretanto, era frágil. O exército do rei etíope era equipado com armas brancas. Já os muçulmanos possuíam arcabuzes e canhões fornecidos pelos turcos, que se aproximavam cada vez mais pelo mar Vermelho. Os portugueses tiveram dificuldade para barrar esse avanço. Os etíopes foram derrotados e obrigados a se refugiar nas montanhas. Ameaçados e sem recursos pedem ajuda aos portugueses que desembarcaram (1541) com uma tropa de 400 homens armados com canhões, comandados por Cristóvão da Gama. Os lusos vencem os muçulmanos, mas são derrotados quando sofrem contra ataque islâmico e perdem metade da tropa, incluindo aí o comandante. Os sobreviventes reuniram então os camponeses etíopes sob o comando do jovem “negus” Galawdewos (Cláudio) e saem vitoriosos sobre os muçulmanos em 21 de fevereiro de 1543.
Numa inversão da lenda, os europeus salvam o rei Preste João pondo um fim à busca mítica. Na questão da fé, a situação também se inverteu. A inquisição portuguesa enviou jesuítas à Etiópia para averiguar as práticas religiosas do Preste João e qualificou o monarca e seus seguidores de hereges. O “negus”, porém recusou a conversão ao catolicismo. Em 1634, os últimos jesuítas foram expulsos da Etiópia pondo fim a 140 anos de relação amigável entre o império etíope e Portugal.
Portanto, eis que eu estou contra ti, e contra os teus rios; e tornarei a terra do Egito deserta, em completa desolação, desde a torre de Syene até aos confins da Etiópia. Ezequiel 29:10
A espada virá ao Egito, e haverá grande dor na Etiópia, quando caírem os traspassados no Egito; e tomarão a sua multidão, e serão destruídos os seus fundamentos. Ezequiel 30:4
Naquele dia sairão mensageiros de diante de mim em navios, para espantarem a Etiópia descuidada; e haverá neles grandes dores, como no dia do Egito; pois, eis que já vem. Ezequiel 30:9
E, ouvindo Ebede-Meleque, o etíope, um eunuco que então estava na casa do rei, que tinham posto a Jeremias na cisterna (estava, porém, o rei assentado à porta de Benjamim), Jeremias 38:7
Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate, a Etiópia e a Seba em teu lugar. Isaías 43:3
Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal. Jeremias 13:23
Então disse o Senhor: Assim como o meu servo Isaías andou três anos nu e descalço, por sinal e prodígio sobre o Egito e sobre a Etiópia, Isaías 20:3
Assim o rei da Assíria levará em cativeiro os presos do Egito, e os exilados da Etiópia, tanto moços como velhos, nus e descalços, e com as nádegas descobertas, para vergonha do Egito. Isaías 20:4
Subi, ó cavalos, e estrondeai, ó carros, e saiam os valentes; os etíopes, e os do Líbano, que manejam o escudo, e os lídios, que manejam e entesam o arco. Jeremias 46:9
Então deu ordem o rei a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Toma contigo daqui trinta homens, e tira a Jeremias, o profeta, da cisterna, antes que morra. Jeremias 38:10
E disse Ebede-Meleque, o etíope, a Jeremias: Põe agora estes trapos velhos e rotos, já apodrecidos, nas axilas, calçando as cordas. E Jeremias assim o fez. Jeremias 38:12
Não me sois, vós, ó filhos de Israel, como os filhos dos etíopes? diz o Senhor: Não fiz eu subir a Israel da terra do Egito, e aos filisteus de Caftor, e aos sírios de Quir? Amós 9:7
E há de ser que naquele dia o Senhor tornará a pôr a sua mão para adquirir outra vez o remanescente do seu povo, que for deixado, da Assíria, e do Egito, e de Patros, e da Etiópia, e de Elã, e de Sinar, e de Hamate, e das ilhas do mar. Isaías 11:11
'Vai, e fala a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que eu trarei as minhas palavras sobre esta cidade para mal e não para bem; e cumprir-se-ão diante de ti naquele dia. Jeremias 39:16"
Assim diz o SENHOR: O trabalho do Egito, e o comércio dos etíopes e dos sabeus, homens de alta estatura, passarão para ti, e serão teus; irão atrás de ti, virão em grilhões, e diante de ti se prostrarão; far-te-ão as suas súplicas, dizendo: Deveras Deus está em ti, e não há nenhum outro deus. Isaías 45:14
E Asa, e o povo que estava com ele os perseguiram até Gerar, e caíram tantos dos etíopes, que já não havia neles resistência alguma; porque foram destruídos diante do Senhor, e diante do seu exército; e levaram dali mui grande despojo. 2 Crônicas 14:13
E falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cusita, com quem casara; porquanto tinha casado com uma mulher cusita. Números 12:1
Vi as tendas de Cusã em aflição; tremiam as cortinas da terra de Midiã. Habacuque 3:7
Então foram chamados os escrivães do rei, naquele mesmo tempo, no terceiro mês (que é o mês de Sivã),
aos vinte e três dias; e se escreveu conforme a tudo quanto ordenou Mardoqueu aos judeus, como também aos sátrapas, e aos governadores, e aos líderes das províncias, que se estendem da Úndia até Etiópia, cento e vinte e sete províncias, a cada província segundo o seu modo de escrever, e a cada povo conforme a sua língua; como também aos judeus segundo o seu modo de escrever, e conforme a sua língua. Ester 8:9
E disse Joabe a Cusi: Vai tu, e dize ao rei o que viste. E Cusi se inclinou a Joabe, e correu. 2 Samuel 18:21
Na mitologia grega, Mêmnon (em grego: Μέμνων) era um rei etíope e filho deTitono e Eos. Ajudou Príamo, rei troiano, a combater os gregos. Durante a guerrade Troia, levou um exército para defesa de Troia e foi morto por Aquiles em retaliação pela morte de Antíloco. A morte de Mêmnon ecoa a morte de Heitor, outro defensor de Troia que Aquiles também matou em vingança pela companheiro caído. As lágrimas de Eos pela morte do filho ainda são vistas no orvalho da manhã.
Um afro abraço
Claudia Vitalino
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