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Levitsky: "ele é uma ameaça
única à democracia"
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A avaliação acima é de Steven Levitsky, cientista político estadunidense que leciona na Universidade de Harvard e é co-autor do livro Como as democracias morrem.
Ele passou um pente fino nos atos e palavras dos
presidenciáveis brasileiros de 2018, no sentido de aferir se suas
personalidades possuem componentes autoritários suficientes para
caracterizá-los como aspirantes a ditadores, que aproveitariam o mandato
recebido das urnas para dar um bico nas urnas e eternizar-se pela força no
poder.
Eis como ele descreve o processo adotado e
apresenta suas conclusões:
.
"Como
podemos dizer se um candidato é autoritário? Quatro décadas atrás, o cientista
político espanhol Juan Linz propôs um teste decisivo para a identificação de
comportamento antidemocrático. Em nosso livro, Como as Democracias Morrem,
Daniel Ziblatt e eu apresentamos uma versão revisada do teste de Linz. Ela
contém quatro perguntas:
1. O
político questiona as regras democráticas do jogo? Ele sugere que há
necessidade de medidas antidemocráticas, endossa esforços extra-constitucionais
para mudar o governo, ou se recusa a seguir as regras democráticas?
2. O político
encoraja a violência? Ele mantém conexões com pessoas ou grupos envolvidos em
violência ilícita? Elogiou atos de violência política ou encorajou seus
partidários a recorrerem à violência?
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Bolsonaro encoraja e também pratica a
violência...
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3. O político
nega a legitimidade de seus oponentes? Ele descreve os oponentes como inimigos,
traidores, subversivos ou criminosos que deveriam ser privados de seus direitos
democráticos básicos?
4. O político
mostra disposição de restringir as liberdades civis dos rivais? Endossou
políticas que ameaçam os direitos civis ou os direitos humanos, elogiou atos
repressivos de outros governos ou ameaçou ações judiciais punitivas contra
aqueles que o criticam?
Quando um político
exibe um ou mais desses traços de comportamento, os cidadãos deveriam se
preocupar, e, o mais importante, não deveriam elegê-lo.
O teste identifica
corretamente a maioria dos autocratas contemporâneos. Putin, Chávez, Erdogan,
Duterte, Correa e Evo Morales teriam todos sido identificados pelo teste,
quando candidatos.
Com a ajuda de um
assistente de pesquisa, apliquei o teste aos candidatos à presidência no
Brasil. Um deles emergiu como distintamente autoritário: Jair Bolsonaro.
...inclusive numa escala (30 mil ) característica
de genocídio
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1. Ele
questiona as regras democráticas do jogo. Bolsonaro frequentemente elogia a
última ditadura brasileira e questiona a legitimidade da democracia do país.
Em 1993, ele declarou ser a favor de uma ditadura, pediu o fechamento do Congresso e apoiou o golpe de Fujimori no Peru.
Em 1993, ele declarou ser a favor de uma ditadura, pediu o fechamento do Congresso e apoiou o golpe de Fujimori no Peru.
Mais recentemente,
ele declarou que nomearia novos juízes para o Supremo (ao modo de Chávez),
definiu o sistema eleitoral brasileiro como viciado,
prometeu governar com as Forças Armadas e
selecionou como companheiro de chapa o general Hamilton Mourão, que ameaçou um
golpe de Estado.
2. Ele encorajou
a violência. Em 1998, Bolsonaro declarou que os militares deveriam ter matado
30 mil pessoas, entre as quais Fernando Henrique Cardoso. Encorajou execuções
extrajudiciais pela polícia, apoiou os esquadrões
da morte do Rio de Janeiro e justificou o massacre de
19 trabalhadores rurais do Pará em 1996.
3. Ele nega a
legitimidade de seus oponentes. Bolsonaro chamou FHC de corrupto e
disse que ele deveria ter sido morto durante a ditadura, chamou Lula de
criminoso, exigiu que fosse aprisionado (o que é função dos juízes, não dos
políticos) e disse que seu governo trataria o MST como terrorista.
Criador desta camiseta vem sendo ameaçado por trogloditas
4. Ele se mostra
disposto a restringir as liberdades civis de seus oponentes. Bolsonaro aprova a
tortura e execuções extrajudiciais, especialmente contra políticos e ativistas
de esquerda.
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Assim, Bolsonaro é
inequivocamente autoritário. De fato, ele é mais abertamente autoritário do que
Chávez, Fujimori, Erdogan ou Viktor Orban. Nenhum desses políticos abraçou a
ditadura da maneira como Bolsonaro faz.
Nenhum dos
adversários de Bolsonaro —Alckmin, Ciro, Marina ou Haddad— foi identificado
como autoritário em nosso teste. (Ciro é falastrão, mas não identificamos
comportamento que sugerisse autoritarismo).
Assim, Jair
Bolsonaro é uma ameaça única à democracia brasileira. Ele é tão abertamente
autoritário que poderia invocar uma possível vitória na eleição como mandato
conferido pelos eleitores para atacar as instituições democráticas..."
Fonte: naufrago-da-utopia.blogspot.com
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