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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

“Desobediência” e outros lançamentos de filmes necessários

Um filme lançado recentemente que aborda o romance entre duas mulheres dentro de uma comunidade judaíca ortodoxa; mais um para uma lista de filmes
Por Alessandra Monterastelli*
A fotógrafa Ronit (Rachel Weisz) retorna para a cidade natal pela primeira vez em muitos anos em virtude da morte do pai, um respeitado rabino. Isso porque ela nasceu e viveu sua juventude em uma comunidade judia ortodoxa na Inglaterra. Seu afastamento foi abrupto (mais tarde descobrimos que foi por ela se negar a seguir o que era planejado) e seu reaparecimento (para o funeral do pai) é visto com desconfiança na comunidade. Ronit acaba acolhida por um amigo de infância (Alessandro Nivola), casado, para a sua surpresa, com sua paixão de juventude, Esti (Rachel McAdams).

 Esti e Ronit viveram um romance quando jovens, que foi descoberto pelo pai de Ronit. Agora, quando ela retorna à cidade, precisa lidar novamente com o modo de vida imposto pela sua comunidade, com o confronto entre suas vontades e suas raízes e, especialmente, com sua paixão por Esti, que logo é correspondida.
Apesar do tema- que por envolver religião e a não-aceitação da homossexualidade pode parecer tenso- o flme contém uma boa dosagem de humor, estabelecido especialmente em piadas ironicas feitas pela personagem principal ou por cenas constrangedoras diante do confronto de ideias com outros membros da família ortodoxa. O diretor, o chileno Sebastián Lelio, é o mesmo que dirigiu o aclamado “Uma Mulher Fantástica”, que conta a história de Marina, uma garçonete transexual.
“Desobediência” parece bem equilibrado: a paleta de cores do longa não sai muito do branco, marrom, cinza e preto, e o romance de Ronit e Esti (uma paixão subita mesmo depois de tantos anos) tem como fundo musical a deliciosa e melancólica “Love Song”, do The Cure, banda gótica dos anos oitenta. A cena de sexo é intensa, o final não é de todo triste, mas também não é feliz, e Ronit parece achar uma maneira de ficar em paz com sua origem.

O filme não teve tanto rebuliço como o famigerado “Azul é a Cor Mais Quente”, mas é bonito, realista, crítico e necessário. Assim como muitos outros longas que abordam romances entre mulheres, entre eles “Um Belo Verão”, de Catherine Corsini e “Carol”, de Todd Haynes e com a incrível Cate Blanchett. Entre este ano e o próximo, está também previsto o lançamento de “The Miseducation of Cameron Post” no Brasil, vencedor do prêmio principal do júri do Festival norte-americano de Sundance. O longa de Desiree Akhavan trata do caso real de uma garota que em 1993 foi enviada para um centro de “cura gay” após ser flagrada beijando a rainha da festa de formatura da sua escola.
 * estagiária no Portal Vermelho 
Fonte: Brasil Cultura

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