O Fórum Social das Resistências com o lema, “Democracia, Direitos dos Povos e do Planeta” aconteceu em Porto Alegre de 21 a 25 de janeiro e contou com mais de cinquenta atividades com o objetivo de articular ações e iniciativas de resistência no Rio Grande do Sul, no Brasil e na América Latina.
O primeiro ano do governo Bolsonaro, os inúmeros retrocessos e os constantes ataques à democracia estiveram presentes nas pautas de praticamente todas as atividades, assim como a preocupação com o crescimento dos movimentos fascistas e o ambiente de crise econômica, social e ambiental. De todos os cantos do Brasil e da América Latina chegaram relatos de preocupação e busca por alternativas coletivas de resistência.
Com chuva e tudo!
A XXII Marcha Pela Vida e Liberdade Religiosa, atividade destinada a marcar o início do Fórum Social das Resistências 2020, precisou enfrentar a chuva que veio para aliviar as altas temperaturas da capital gaúcha daqueles dias. Os povos de matriz africana comandaram um carro de som que percorreu as ruas do centro de Porto Alegre até o Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa, chamando a atenção das pessoas para a necessidade de perceber os retrocessos que estão em curso, especialmente, com relação às liberdades individuais.
Os desafios da comunicação abriram os debates no CAMP
A comunicação como ferramenta de resistência esteve no debate que abriu as atividades do CAMP (Centro de Assessoria Multiprofissional) no dia 22/1.
A Roda de Conversa “Comunicação, as mídias livres e as lutas por democracia”, permitiu desabafos, relatos e provocações. A diversidade de sotaques presente nas falas dos participantes deixou evidente que a agonia é mais ampla do que pensamos ser, mas não há como negar a disposição de entender e aprender a lidar de forma eficiente com o “inimigo”.
Os depoimentos reconhecem uma certa ingenuidade que se abateu na militância de esquerda brasileira durante os governos Lula e Dilma quando a grande mídia permitiu a presença de agentes dos governos Lula e Dilma na lista vip dos “banquetes” promovidos pela grande mídia. Carlos Tibúrcio, idealizador do programa Democracia no Ar, que nasceu com o objetivo de fortalecer a comunicação independente e alternativa, foi um dos mediadores da atividade provocando o debate. Algumas considerações estão no vídeo abaixo:
MPF sediou atividades do Fórum pela primeira vez no RS
Por iniciativa da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) e do Comitê de Gênero e Raça, o Ministério Público Federal do RS recebeu, pela primeira vez, duas atividades do Fórum das Resistências: “Enfrentamento ao encarceramento em massa, ao genocídio das juventudes, à criminalização das lutas, movimentos sociais e dos Direitos humanos” e “Diversidade, Igualdade e Direitos Humanos”.
Na segunda atividade, Alice Martins, coordenadora da Ocupação Baronesa, que está se reconstruindo após o ataque do poder público estadual. Alice foi um dos destaques do debate. Entenda:
Os desafios da democracia hoje foi tema de debate promovido pelo grupo de referência do Fórum
No dia 23/1, na sede da Fetrafi, a mesa 3 que debateu os desafios da democracia teve as presenças do ex-governador do RS, Olívio Dutra e da médica Kota Mulanji.
Olívio Dutra era governador do RS em 2001 quando aconteceu o primeiro Fórum Social Mundial, evento que se transformou em referência para o mundo como ambiente de debate sobre as necessidades dos países oprimidos e em desenvolvimento fazendo o contraponto ao encontro de Davos. Desde então, Olívio tornou-se referência no RS, no Brasil e no Mundo. Abaixo, um trecho da sua fala no Fórum Social das Resistências 2020:
Outra presença importante na mesma atividade foi a de Regina Nogueira, mais conhecida como Kota Mulangi – que quer dizer “combatente” – e é presidente do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nuttricional dos Povos de Matriz Africana (FONSANPOTMA). Kota também colocou a necessidade de todos e todas se engajarem na defesa dos direitos retirados dos povos originários quando declara: “Vocês podem não acreditar em nada do que eu estou dizendo aqui, mas eu estou aqui, e o plano era que eu não estivesse.”
Nesta atividade, duas ausências foram destacadas e lamentadas: Sônia Guajajara, da articulação dos Povos Indígenas do Brasil, por motivos de saúde, e Preta Ferreira, representante do Movimento de Luta pela Moradia de SP, que não foi autorizada pela Justiça para viajar e participar do Fórum Social das Resistências.
Uma Ciranda ao som da música Coração Civil abriu a Assembleia dos Povos
A mística cultural preparada para a abertura da Assembleia dos Povos, momento onde os encaminhamentos de cada atividade foram apresentados, mostrou que as pessoas que participaram do evento precisavam aliviar as tensões provocadas pelo momento político e pelos intensos debates e reflexões que ocorreram no Fórum Social das Resistências. Confira no vídeo abaixo:
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