É do movimento estudantil e partidos e esquerda que vieram grande parte dos candidatos na faixa etária de 18 a 29 anos.
O pleito municipal de 2020 foi uma eleição que marcou a história. Jovens, mulheres, negros e LGBTs ampliaram sua participação nas prefeituras e em Câmaras de Vereadores de todo o Brasil. As sementes das novas regras eleitorais e o avanço de candidaturas do campo progressista em resposta ao Bolsonarismo tem dado frutos, pequenos ainda, mas expressivos como um passo a frente sem volta.
Entre os jovens é preciso ter 18 anos até a data de posse para se candidatar, e nessa faixa até os 29 anos, denominação estabelecida pelo Estatuto da Juventude para o termo jovem, eles serão 7,09% na vereança. Ou seja dos 57.091 vereadores eleitos para as Câmaras Municipais de todos os estados da federações, 4.047 são jovens.
Apesar do aumento das candidaturas infelizmente o número efetivo de eleitos diminuiu um pouco desde a eleição de 2016. Naquele ano o percentual foi de 7,8%.
“Mesmo com o cenário adverso de pandemia, ainda sim vemos vários candidatos eleitos que vieram do movimento estudantil, que aprenderam dentro da UNE que é pela via política que podemos mudar esse país o que nos orgulha muito. E mesmo os não eleitos só de colocar sua candidatura na rua estão provando que a juventude está convencida de que os espaços de decisão nesse país precisam dela”, comentou o presidente da UNE, Iago Montalvão.
Diversidade avança
Entre este jovens que estarão nos legislativos locais em 2021 ainda predominam os homens: são 83% deles. O que deriva exatamente do dado total dos eleitos 65% homens e 34,7% são mulheres. Mas em relação a eleição anterior as vereadoras aumentaram em quase 3%.
Para o presidente da UNE partidos de esquerda tem responsabilidade direta nesse aumento das candidaturas jovens e diversas.
“Assim como a ex-vice presidenta da UNE, Moara Saboia, primeira mulher negra no cargo da entidade foi eleita vereadora pelo PT em Contagem, Minas Gerais, e a ex-diretora da UNE Vivi Reis eleita pelo PSOL a vereadora mais votada de Belém no Pará temos muitos exemplos em todas as regiões do país.
Estes partidos trazem em seus quadros percentuais reais de mudança”, destacou.
Sim, de um modo geral a diversidade está mais presente. Na soma das 25 capitais que tiveram eleições, mulheres e homens pretos ou pardos serão 44% dos vereadores. Nas dez cidades com maior número de vereadores – como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador,… – a participação de mulheres cresceu 43%, passando de 58 para 83 cadeiras de um total de 421.
Se eleita prefeita pelo PCdoB no segundo turno a ex- diretora da UNE, Manuela D’Ávila vai governar Porto Alegre com um legislativo que será a maior representação feminina entre os vereadores do Brasil. A capital do Rio Grande do Sul elegeu 11 mulheres para a Câmara Municipal, 30% do total de vereadores que iniciarão o mandato em janeiro.
Em relação à raça mesmo com aumento das candidaturas negras a avanço tem sido tímido, as Câmaras Municipais seguem com maioria branca no país.
A proporção de brancos diminuiu de 2016, quando eles foram 57,1% dos eleitos vereadores. Neste quesito o partido PC do B merece destaque por ter 70% dos seus vereadores eleitos pretos ou pardos.
Ainda assim os legislativos no próximo ano continuam mais brancos do que a população brasileira em geral com 53% dos políticos que assim se declararam. Segundo o IBGE, 42,7% dos brasileiros são brancos, e 56,2%, negros.
Essa também é a realidade da maioria da federação. Contrapondo o perfil racial dos vereadores eleitos e o da população de cada estado, é possível constatar que 22 dos 26 estados devem ter Câmaras Municipais mais brancas e menos negras que os habitantes locais.
“Ainda temos muito que avançar, mas é inegável que esta eleição mostrou que estamos virando o jogo”, afirmou Iago.
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