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sábado, 8 de maio de 2021

AS DROGAS SÃO MERCADORIAS E AS MERCADORIAS SÃO UMA DROGA!

(continuação deste post)

4o Estado, a política, o mercado, o capital fictício – O capitalismo exigia uma forma política que lhe fosse consentânea. O Estado contemporâneo, republicano ou ditatorial,  funciona na chamada modernidade sob as ordens do capital, assim como antes o fazia o Estado monárquico absolutista e/ou constitucional. 

Nas democracias burguesas o Estado, seja liberal ou keynesiano, termina sempre cumprindo o papel de força auxiliar do capital. Agora, com a exigência empírica da subvenção da vida mercantil paralisada em grande parte pelo isolamento social, o Estado ganhou um protagonismo que vinha sendo eclipsado pelo liberalismo de algumas décadas anteriores. 

Desde a crise de 2008/2009 o Estado entrou em cena com o endividamento extraordinário, no sentido de dar sustentação ao iminente colapso causado pela trincadura do motor capitalista. Mas o artificialismo do socorro estatal via (des)controle monetário tem prazo de validade. 

A criação de bolhas financeiras que surgem a cada dia (a mais recente é a supervalorização sem substancia das criptomoedas, que logo se evidenciarão como verdadeiras arapucas do sistema financeiro), é o mais eloquente exemplo de desconexão do capital com seus conceitos de validade logico-econômicos. 

A falência estatal que deverá advir da presença dessa enxurrada de capital fictício (ou seja, cujo retorno não decorre da produção e circulação de mercadorias, as atividades da chamada economia real), tende a ser o fato causador do crash do sistema financeiro mundial. 

Ora, o Estado não pode continuar a emitir moeda sem lastro indefinidamente porque, se tal fosse possível, não precisaria da sincronia entre produção de mercadorias e sua comercialização, bastando que todos produzissem à medida da necessidade de consumo, sem remuneração, e o dinheiro cairia de helicóptero (como alguém já sugeriu), distribuído generosamente. 

Mas, não funciona assim a segregação capitalista; a contradição dos seus fundamentos em fase de atingimento do limite existencial está a exigir a sua superação, como já ocorreu com outros modelos de mediações sociais ao serem outrora ultrapassados.

Por sua vez, enquadrada dentro de tal circunscrição limitada e fazendo parte do circuito das correias de transmissão da lógica do capital, a política perde completamente a sua capacidade de soberania de vontade. 

Paradoxalmente, o protagonismo estatal que ora funciona como boia de salvação do naufrágio capitalista tem no segmento político um protagonismo de igual necessidade, ainda que ambos sejam ineficazes quanto à verdadeira superação das causas de todo a miséria social objetiva e subjetiva da qual são partes ativas.

Os políticos e seus partidos atuam dentro de um contexto de crise do capital como se estivessem alheios às causas subjacentes à atual falência sistêmica. 

Discutem-se medidas emergenciais, meramente paliativas da crise, como se tais remendos sanassem os problemas; e a população não compreende a  (apenas sofre os efeitos nefastos da) negatividade de toda esta entourage politico-econômica que a oprime, motivo pelo qual tudo segue como dantes do quartel de Abrantes. 

Mas, dia chegará em que os famélicos indignados hão de marchar para o Palácio de Versailles dos Bourbons ou para o Palácio de Inverno dos czares, em busca daquilo que nunca lhes será concedido de graça.  

Hoje temos uma montanha de capital fictício (expressão cunhada por Marx para designar o capital que aposta num retorno aumentado como sócio financeiro na extração de mais-valia e lucros do capital) que jamais vai retornar, seja aumentado ou não. Simplesmente não haverá mais lucros capazes de fazer a máquina do capital continuar girando em sua necessária, inatingível e eterna busca do infinito. 

Ademais, o capital necessita aumentar constantemente a possibilidade de sua expansão empírica, dentro do conceito de capital que se transforma em mercadoria, a qual se transforma em mais dinheiro (Marx); mas, tal processo tem limite existencial de expansão limitado e, consequentemente, diferenciado. 

Esta conta não fecha, e em algum momento do seu desenvolvimento a máquina vai engripar. Estamos às vésperas de tal hecatombe financeira. 

Trata-se de uma contradição insolúvel dentro da lógica capitalista e aproximamo-nos cada vez mais do momento de contradição irreversível e apocalíptica para os seus pressupostos objetivos mesquinhos e subjetividades desumanas.

Postado por celsolungaretti 

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