Holocausto em campo de concentração no ano de 1944. Foto: Wikimedia Commons
Publicado originalmente no RFI:
Por Daniela Kresch
Neste 27 de janeiro, Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, o Escritório Central de Estatísticas de Israel revelou que 900 sobreviventes do genocídio nazista morreram em 2020 em consequência da Covid-19. Durante todo o ano, 15 mil sobreviventes faleceram, o que significa que 6% das mortes foram causadas pelo coronavírus.
Setenta e seis anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, vivem em Israel apenas 178,4 mil sobreviventes do Holocausto. Entre eles, 5,3 mil foram contaminados pelo coronavírus.
A média de idade dos sobreviventes é de 84 anos. Por dia, cerca de 40 deles falecem.
Em comunicado conjunto, os presidentes de Israel, Reuven Rivlin, da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmaram que trabalham juntos para “preservar a memória do Holocausto e lutar contra o antissemitismo”.
“Prestamos homenagem aos sobreviventes. Seus testemunhos permanecerão para sempre como uma barreira contra aqueles que negam o passado. Trabalharemos juntos para garantir que as lições do Holocausto e o voto sagrado de ‘Nunca Mais’ sejam transmitidos aos nossos filhos, os filhos dos nossos filhos e todas as gerações futuras”, afirmou o comunicado.
Rivlin inaugurou uma exposição fotográfica de retratos de sobreviventes do Holocausto de todo o mundo em sua residência oficial, em Jerusalém. As fotos também estão expostas no Willy-Brandt Haus, em Berlim, como parte de uma iniciativa especial do Projeto Lonka, que começou há dois anos. Mais de 250 fotógrafos e cinegrafistas de cerca de 35 países imortalizaram sobreviventes do Holocausto em fotos e vídeos.
O Projeto Lonka ganhou esse nome em homenagem à Dra. Eleonora “Lonka” Nass, nascida na Polônia em 1926 e que sobreviveu a cinco campos de concentração: Raghun, Plaszow, Auschwitz-Birkenau, Bergen-Belsen e Terezin. Ela faleceu em Israel em 2018.
Genocídio de 17 milhões de pessoas
O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto lembra o genocídio, pelo regime nazista, de 6 milhões de judeus e 11 milhões de pessoas de outros grupos, como ciganos, deficientes físicos e mentais, homossexuais e presos políticos. Ela foi criada pela ONU em 2005 e é celebrada desde 2006 no mesmo dia: 27 de janeiro, que marca a liberação do infame campo de concentração de Auschwitz (em Israel, o Dia Nacional do Holocausto é em abril).
Este ano, por causa da pandemia de coronavírus, a data será lembrada sem grandes eventos ou aglomerações. Em Israel, o Museu do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, e outras instituições adaptaram seus programas, com transmissões ao vivo de cerimônias solenes por redes sociais como YouTube e Instagram. O Yad Vashem, por exemplo, criou uma campanha on-line pela qual internautas podem ler e compartilhar em suas redes sociais histórias de vida de vítimas do Holocausto.
Pelo mundo, a abordagem é semelhante. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) promoverá, nesta quarta-feira, um ato solene que será transmitido por YouTube e Facebook a partir das 19h (horário de Brasília) com presença de sobreviventes do Holocausto, que darão depoimentos. A transmissão contará com as participações de Efraim Zuroff, do Centro Simon Wiesenthal, do ator Dan Stulbach, entre outros.
O Museu do Holocausto de Curitiba prevê a exibição on-line do documentário “Zelda”, de Michel Gawendo, no domingo (31). O filme documenta a viagem de Zelda Shaham de Israel para a Lituânia para agradecer pessoalmente à família que a abrigou, juntamente com os pais e um tio, por mais de dois anos em um esconderijo subterrâneo.
Não é novidade que a lembrança do Holocausto está presente em redes sociais e através de eventos transmitidos na internet. Mas essa transição se tornou ainda mais importante em meio à pandemia do coronavírus.
“O início desta crise global afetou nossas vidas de muitas maneiras e, de fato, a lembrança do Holocausto não é exceção”, diz o Dr. Tobias Ebbrecht-Hartmann, do departamento de Comunicação e Jornalismo da Universidade Hebraica de Jerusalém. “As severas restrições do coronavírus aceleraram esse processo de transição para mídias digitais e criaram uma cultura de aceitação muito maior para o papel dessas mídias”, avalia.
Fonte: PORTAL BRASIL CULTURA
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