A editora Anita Garibaldi lança nesta sexta-feira (4), às 17h, o livro “Identidade” e Classe Social, de Carlos Montaño. O lançamento será online e marcará também a inauguração do canal da editora no Youtube.
“Identidade” e Classe Social (Anita Garibaldi, 2021), novo livro do professor Carlos Montaño (UFRJ), traz à luz do debate político e acadêmico um tema de grande relevância para a esquerda, mexendo no nervo central da luta pela emancipação da classe trabalhadora na atualidade. Ao abordar conceitos como identidade, identitarismo, pós-modernismo, lugar de fala, classes sociais, entre outros, o livro de Montaño se propõe a fazer uma análise crítica para a articulação das lutas de classes e antiopressivas.
A professora Angélica Lovatto (Unesp-Marília), que assina o potente prefácio da obra, destaca o “rigor intelectual e a fundamentação teórica apurada do autor no enfrentamento de um tema polêmico e, acima de tudo, necessário.”
Segundo Angélica, Montaño confere tratamento privilegiado ao tema da emancipação humana, “um tratamento raro mesmo entre autores marxistas”.
Tratando de uma das principais dimensões do irracionalismo contemporâneo e apoiando-se em uma bibliografia que vai de Marx e Engels a Silvio Almeida, passando por Boaventura de Sousa Santos, Touraine, Weber, Bauman, Habermas, Lukáks e muitos outros, a crítica geral do autor concentra-se na pós-modernidade, detalhando as diferenças entre identidade e sua transmutação em identitarismo, o segundo correspondendo a uma redução, fragmentação (e isolamento) da identidade e diminuindo – ou, na maioria das vezes, anulando – sua importância e articulação para as lutas de classes.
Dividido em duas partes, o livro anuncia no próprio título sua hipótese principal: articular lutas de classes e lutas antiopressivas, por meio de uma análise crítica: as lutas de classes trazendo a discussão sobre a exploração na sociedade capitalista, e a identidade fundamentando o debate sobre as opressões, no sentido de lutas que têm sua particularidade, mas não podem deixar de ser consideradas no contexto da classe social.
A também professora universitária Maria Lygia Quartim de Moraes (Unicamp e Unifesp) contribui com um texto na “orelha” do livro, onde registra que: “defendendo a importância primordial da luta de classes para a superação do capitalismo, Carlos Montaño faz um balanço crítico das teorias que transformaram as lutas contra opressões especificas (de gênero, raça, sexualidade) em uma espécie de identitarismo sem perspectiva unitária, levando mesmo a rivalidades e à política de ‘cancelamento’ entre distintos movimentos”. Para Maria Lygia, “a crítica do autor incide especialmente sobre os equívocos das teorias pós-modernas, que terminam sendo capturadas pela lógica individualista do neoliberalismo, em que a ideologia do empreendedorismo (que encobre o desemprego, a precarização e a perda de direitos trabalhistas) tem seu correlato na falácia do ‘empoderamento’ e o debate político é cerceado em nome do ‘lugar da fala’ que, em última instância, nega qualquer possibilidade de unidade na luta”.
O geógrafo Gerson de Souza Oliveira, membro do Grupo de Estudos “Terra, Raça e Classe”, do MST, acompanha a produção teórica do autor e avalia que “seu mérito está justamente em afirmar que a luta revolucionária não deve prescindir das lutas antiopressivas que, prospectivamente, devem estar articuladas às lutas anticapitalistas, potencialmente emancipadoras da totalidade do gênero humano.”
Gerson será um dos integrantes da mesa de lançamento, junto com o autor e com a ativista do movimento de mulheres, filósofa e mestre em Sociologia, Mariana de Rossi Venturini. A mediação será do jornalista Cezar Xavier. O debate será transmitido pelo Youtube, no novo canal da editora Anita Garibaldi, e também pelo Facebook, nas páginas da editora e da Fundação Maurício Grabois.
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