Festuern é considerado o maior festival de teatro
escolar do RN
O que está por trás das cortinas,
cenário, maquiagem, figurino e personagens é desconhecido do grande público.
Antes do palco, ao longo do percurso, é quando os maiores espetáculos
acontecem. Unindo arte, cultura e educação, o Festival de Teatro da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (FESTUERN) se destaca pelo seu
cunho social, ajudando a transformar vidas e mudar realidades.
Não são poucos os casos de alunos da
rede pública de ensino que aprenderam a ler para participar dos grupos de
teatro das suas escolas. Crianças e adolescentes que tinham dificuldade na
leitura e passaram a ter mais fluência.
Jovens tímidos que perderam o medo e
a vergonha ao se soltar nos ensaios e nas apresentações. Estudantes que sofriam
de depressão, pensavam em suicídio e foram salvos pela arte.
“Uma das minhas alunas dizia que o
teatro era um oásis, o único lugar em que ela se sentia bem. No último Festuern
que participamos, ao descer do palco, ela me abraçou, chorou no meu ouvido e
disse ‘só eu e você sabemos o porquê das minhas lágrimas. Desde os 12 anos que
você luta comigo para que eu não faça uma besteira e hoje estou aqui nos
palcos’. Era uma menina que vivia em depressão, pensando em suicídio e hoje tem
o teatro na veia”, relata o professor de Língua Portuguesa Alexandre Neves.
Professor
Alexandre Neves é testemunha de casos de jovens que mudaram suas vidas através
do teatro.
Coordenador do grupo de teatro da
Escola Municipal Professora Celina Guimarães Viana, em Mossoró, Alexandre Neves
participou de 11 das 14 edições do Festuern. Melhor ator, melhor atriz, melhor
cenário, melhor maquiagem, melhor diretor, melhor espetáculo e melhor ator
coadjuvante foram alguns dos prêmios conquistados pelas suas turmas.
Para o educador, todo o processo
realizado antes do Festival com oficinas de formação continuada não é apenas
uma intervenção cultural.
“O Festuern não é apenas uma ação de
teatro, mas é algo que ajuda a todos os envolvidos em diversos aspectos, tanto
na questão da leitura, como na questão do posicionamento como ser humano, como
indivíduo, como na questão, muitas vezes, psicológica”, completou Alexandre.
O professor Jonathan Aparecido foi
diretor artístico da Escola Municipal Maria Madalena da Silva, em Guamaré, e em
cinco oportunidades participou do Festuern com suas turmas. Para ele, o legado
que fica nas escolas e na vida de crianças e adolescentes é dos melhores.
“O impacto que tem com os alunos,
tanto na interação com outros jovens, quanto ajuda eles com a dicção, com a
fala, com a interpretação, nas leituras. E temos relatos também de adolescentes
com alguns problemas familiares, com alguns problemas de depressão, e que devido
ao teatro, às artes cênicas e ao contato com outros tiveram uma melhora de
praticamente cem por cento”, exemplifica.
Consolidado no calendário da Uern e
das escolas de Mossoró e de todo o Rio Grande do Norte, o Festuern é
considerado o maior festival de teatro escolar do estado potiguar, tendo em
vista a sua abrangência e a sua forma de realização.
“É um festival que está dentro das
escolas e a gente fica muito feliz por isso. Festuern é formação, é
envolvimento”, destaca o coordenador Hallyson Dantas.
Em razão da pandemia, não foi
possível realizar o evento no ano passado. Mas neste ano, levando-se em conta
as adaptações, o Festival será retomado para uma 15ª edição em um novo formato,
o virtual, com o tema “Letramento e arte: direito humano”.
Ao contrário das edições anteriores
com muitos envolvidos em ensaios, produções e apresentações presenciais, desta
vez serão apenas três participantes de cada escola a produzirem o material
audiovisual.
A partir das oficinas de dramaturgia,
audiovisual e de outros enfoques, os coordenadores e alunos das escolas vão produzir
vídeos que serão exibidos numa Mostra Virtual comemorativa pelos 53 anos da
Uern a ser realizada em setembro.
Escolas
podem se inscrever virtualmente até o dia 15 de junho
“Como realmente não tem previsão para
voltarmos ao normal, o Festuern teve que se reinventar, assim como todas as
outras atividades institucionais. E se tem uma coisa que a Uern faz bem é se
reinventar e fazer com o que se tem. Nós estamos empenhados e empolgados pra
que tudo dê certo, tentando contactar o maior número possível de pessoas
interessadas, as escolas, coordenadores antigos, e fazer uma retrospectiva
histórica de tudo que foi feito nesses 15 anos”, comentou a professora
Alexsandra Gomes, chefe do setor administrativo de Produção Cultural da
Diretoria de Educação, Cultura e Artes (DECA) da Proex.
Neste mesmo sentido de
ressignificação, a professora Dra. Beatriz Pazini Ferreira, do Campus Avançado
de Patu, coordenadora do projeto de extensão Cineatro, acredita que o Festival
traz novas possibilidades sendo realizado virtualmente.
Em 2019, o Cineatro, com alunos dos
cursos de Letras e Pedagogia de Patu, se apresentou pela primeira vez no
evento. Para esta edição, os primeiros esboços do que produzir já estão indo
para o papel.
“Acredito que o Festuern acontecendo
virtualmente é pra gente poder realmente pensar em atividades virtuais,
inclusive o teatro. A gente nunca pensou teatro virtualmente, né? A gente
sempre pensou as casas de teatro lotadas, as pessoas próximas, abraços. Então,
o Festuern está dando uma oportunidade de nós nos adequarmos a esse, digamos,
novo normal”, ressalta a docente que participará do Festival pela segunda vez.
Inscrições
As escolas interessadas devem se
inscrever virtualmente no site www.festuern.uern.br até o dia 15 de junho. No
endereço eletrônico é possível consultar o edital e o regulamento do Festival.
Serão selecionadas até 32
instituições, sendo, no mínimo, 70% de escolas públicas do Estado do Rio Grande
do Norte e no máximo 30% de escolas públicas de outros estados.
Fonte: http://portal.uern.br
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