JORNALISTA: GEOVANNA SANTOS
A discriminação racial está há anos enraizada na base social e política brasileira. A grande maioria de brancos, com suas regalias, impõe suas opiniões preconceituosas contra os direitos dos negros. Porém, um país onde o governo atual ataca as oportunidades ofertadas ao povo preto deve tornar ainda mais intensa a luta contra a discriminação que perdura na sociedade presente.
A crescente desigualdade e o preconceito, muitas das vezes “velados”, revelam uma realidade triste para os mais de 56% de brasileiros negros no país. De acordo com o Atlas da Violência 2020, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a taxa de homicídios de negros cresceu 11,5% de 2008 a 2018, enquanto a de não negros caiu 12%, revelando um grande descaso nas iniciativas políticas quanto ao aumento anual desses números.
O Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial marca mais uma luta contra o racismo no Brasil. A data foi instituída após a aprovação da primeira lei contra o preconceito racial no país, há 70 anos, em 3 de julho de 1951. A Lei nº 1.390 estabelecia como contravenção penal qualquer prática de preconceito por cor ou raça. Em 1985 a lei foi modificada e as práticas racistas passaram a ser consideradas como crime inafiançável e a pena foi ampliada para até cinco anos de prisão. No entanto, mesmo com a evolução na legislação ao longo destes anos, o racismo ainda é um crime com penas brandas. A cor da pele ainda continua sendo um símbolo constante de discriminação no país
(Foto: Arquivo pessoal)
Segundo a diretora do Sinpro Marcia Gilda, há quem diga que o Brasil é miscigenado e que as raças vivem em harmonia. “Isso é uma grande mentira , prova disso é este levante de pessoas contra as políticas públicas de reparação, como, por exemplo, as cotas para universidades e concursos públicos. O racismo está de forma sutil em todos os espaços da sociedade, resultado de uma branquitude que selecionou negros como inferiores e indignos de qualquer conquista. O racismo é uma questão de poder, porque ele seleciona, maltrata e mata.”
Porém, é só olhar os dados presentes em pesquisas e os constantes casos em noticiários para perceber a desigualdade absurda que separa negros em diversos cenários, enquanto crianças e jovens, Um exemplo recente foi o da jovem negra Maíza Teresa de Oliveira, de 19 anos, vencedora do concurso de beleza “Rainha da Cidade”, em Santo Antônio do Amparo, Minas Gerais. A jovem foi hostilizada por uma senhora branca que compartilhou áudios com ofensas racistas nas redes sociais, criticando a vitória de Maíza na competição.
Resistência
Marielle Franco foi uma das grandes vozes na luta contra o racismo. Ao longo de sua vida, ela demonstrou compromisso com as favelas, a justiça social, o combate ao racismo e ao machismo. Marielle foi a quinta vereadora mais votada na primeira eleição que disputou, e seu mandato era feito de forma coletiva, promovendo não só a ampla participação na política, mas especificamente trazendo negras e negros, mulheres e LGBTQI+ para esses espaços que lhes foram historicamente negados. Enquanto mulher negra, a vereadora e socióloga sempre deixou evidente que as discriminações raciais estão no epicentro das desigualdades no Brasil. Segundo ela, dentro de um sistema ainda atravessado pelo preconceito, os cidadãos negros e pobres continuam sendo os principais alvos da violência e da discriminação. “Falar de raça é falar da dominação e escravização de um povo, do apagamento, silenciamento e retirada da sua humanidade. Falar sobre raça é falar sobre a desigualdade que estrutura a nossa sociedade até hoje.” Defendia Marielle.
(Foto: Hysteria)
Com isto, os movimentos sociais erguem a voz em defesa de um Brasil livre e sem preconceitos, uma força histórica que reivindica os direitos roubados do povo preto , na luta contra um governo fascista e opressor que dissemina a desigualdade e o ódio. O país vive uma série de casos absurdos marcados por discursos repulsivos e preconceituosos, que abomina as diferenças e incentiva a segregação racial
Fonte: SINPRO-DF
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