O porta-vos Talibã, Zabihullah Mujahid (Foto: REUTERS/Stringer)
Por Pepe Escobar, para o Asia Times
Tradução de Patricia Zimbres, para o 247
O Talibã "tentará incluir pessoas de outras partes do país" - implicando que haverá cargos para mulheres e xiitas, mas não no primeiro escalão.
O anúncio feito pelo porta-voz do Talibã em Cabul, Zahibullah Mujahid, dos ministros do gabinete do governo temporário do Emirado Islâmico do Afeganistão já produziu um big bang: ele conseguiu enfurecer tanto o OTANistão quanto o Deep State dos Estados Unidos.
Trata-se de um gabinete composto unicamente de homens predominantemente pashtun (há um uzbeque e um tajique) que, essencialmente, recompensa a velha guarda talibã. Todos os 33 nomeados são membros do Talibã.
Mohammad Hasan Akhund, há vinte anos chefe da Rehbari Shura, ou conselho da liderança talibã, será o primeiro-ministro em exercício. Para todos os fins práticos, Akhund é tachado de terrorista pela ONU e pela União Europeia, e sofre sanções do Conselho de Segurança da ONU. Não é segredo para ninguém que Washington vê algumas facções do Talibã como Organizações Terroristas Estrangeiras, e a totalidade do Talibã como uma organização de "Terrorista Global Especialmente Designada".
É de importância crucial ressaltar que o Himatullah Akhundzada, o Líder Supremo do Talibã desde 2016, é Amir al-Momineen ("o Comandante dos Fiéis"). Ele não pode ser primeiro-ministro, seu papel é de um líder espiritual que estabelece as diretrizes para o Emirado Islâmico e media disputas - inclusive as políticas.
Akhunzada divulgou uma declaração afirmando que o novo governo "irá se empenhar no fortalecimento das regras islâmicas e da lei da sharia no país", e para garantir "paz duradoura, prosperidade e desenvolvimento". Ele acrescentou que "as pessoas não devem tentar deixar o país".
O porta-voz Mujahid fez todo o possível para deixar claro que o novo gabinete é apenas um governo "em exercício", implicando que o próximo passo importante será redigir uma nova constituição. O Talibã "tentará incluir pessoas de outras partes do país" - implicando que haverá cargos para mulheres e xiitas, mas não no primeiro escalão.
O co-fundador do Talibã, Abdul Ghani Baradar, que até agora vem se ocupando de tarefas diplomáticas como chefe do escritório político em Doha, será o vice primeiro-ministro. Ele co-fundou o Talibã em 1994 e é amigo próximo do Mulá Omar, que foi o primeiro a chamá-lo de "Baradar" ("irmão).
Fonte: BRASIL 247
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