Em 14 de março de 2018 a morte da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, no Rio de Janeiro, causou uma reviravolta em todo o país. Ao tempo que o caso provocou uma multidão de cidadãs e cidadãos em todo o mundo na busca por justiça, ocupando ruas e o parlamento, uma onda de fake news, campanhas difamatórias e tentativas de interferência nas investigações fizeram com que, até hoje, o mundo ficasse sem respostas.
Cinco delegados da Polícia Civil e ao menos dez promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro atuam no caso e ainda hoje os protestos exigem saber quem mandou matar Marielle Franco e por quê.
“O caso Marielle e Anderson não é apenas um marco em termos de violação de direitos humanos e um atentado contra a democracia brasileira. O episódio e sua investigação marcaram a história da polícia fluminense e auxiliou na abertura de investigações de diversos outros crimes do estado”, escreveu o Instituto Marielle Franco, criado em 2019 pela família da vereadora.
O instituto afirma que, desde então, o caso resultou em inúmeras operações policiais, envolvendo uma ampla rede de criminosos do Rio de Janeiro, levando a mais de 65 prisões até hoje. Entre as pessoas presas, estão os executores de Marielle e Anderson, Roni Lessa e Élcio de Queiroz e integrantes de quadrilhas que foram desmanteladas em investigações da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro.
“A partir do caso Marielle e Anderson, outros homicídios e crimes como tráfico de armas e extorsões foram esclarecidos. Mas, a pergunta de quem mandou matar Marielle e por quê, segue sem respostas, e com contornos cada vez mais confusos”.
Durante esses quatro anos, algumas tentativas para que o caso não fosse solucionado foram identificadas pela família de Marielle e outros parlamentares, advogados e ativistas que acompanham as investigações. Um comitê foi criado, reunindo familiares das vítimas com o mandato da vereadora Mônica Benício, a Anistia Internacional, Terra de Direitos, Justiça Global e Coalizão Negra por Direitos. As entidades fizeram uma ampla campanha para que o caso não ganhasse interferências externas.
Além disso, também houve uma tentativa de federalizar o caso, uma ação que, para a família de Marielle, representaria o começo do fim das investigações sem que ela tivesse a resposta definitiva. A federalização levaria a competência do caso para a Polícia Federal e sofreria o risco de interferência direta do presidente Bolsonaro e sua família.
Mais de 150 mil pessoas e mais de 200 organizações da sociedade civil assinaram um manifesto contra a federalização e uma campanha tomou conta das ruas e das redes com a hashtag #FederalizaçãoNão. Em maio de 2020, por unanimidade, a federalização do caso foi negada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e as investigações seguiram com a Polícia Civil e com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Há um mês, a investigação sofreu sua quinta mudança de delegado responsável. As alterações, publicadas em boletins da Polícia Civil, são alvo de críticas constantes entre as entidades e familiares que buscam por justiça e respostas. Hoje, o caso está sob comando do delegado Alexandre Herdy, até então titular da 10ª DP (Botafogo), tendo passado por Giniton Lages (2018-2019), Daniel Rosa (2019-2020), Moisés Santana (2020-2021) e Edson Henrique Damasceno (2021-2022).
Neste período, ainda que tenha passado por mudanças na coordenação, a polícia afirmou ter prendido os autores do crime, o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz. Eles vão a júri popular, em data ainda não marcada. Além de não terem a resposta de quem foram os mandantes, os policiais também não conseguiram descobrir onde está a arma utilizada no crime, uma submetralhadora MP-5 com munição UZZ-18, conforme apontado pela perícia. Investigações mostram que os fuzis foram jogados ao mar quando Lessa foi preso, mas nem a Marinha encontrou o armamento.
Para saber mais sobre o caso, confira esta linha do tempo.
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