A história de Madalena Santiago da Silva, idosa de 62 anos que viveu 54 na casa da família Seixas Leal em Lauro de Freitas (BA), ganhou mais um elemento que comprova os crimes cometidos contra ela. Uma carta escrita em abril de 2018 pelo seu ex-patrão Carlos Leal, morto em 2020, comprova um golpe e o tratamento dado a Madalena no período em que morou com a família.
O principal motivo da carta é uma queixa do patrão à sua filha Cristiane Seixas Leal, a quem ele direciona o texto, pelo golpe e tratamento dado a Madalena, a quem ele se refere como “mãe preta”. A carta foi compartilhada com a TV Bahia por Madalena nesta sexta-feira (29). Ela foi resgatada em março do ano passado, em uma ação do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Madalena conta que trabalhou com a família desde os 8 anos de idade. A patroa Sônia Seixas Leal, hoje com 86 anos, havia 32 quando teria recebido Madalena. Durante todo o período, Madalena conta que não recebia salário, era maltratada e sofria racismo. A carta deixada pelo ex-patrão falecido comprova ainda que ela foi vítima de um golpe da filha, a advogada Cristiane Seixas Leal, que fez empréstimos no nome dela e ficou com R$ 20 mil da aposentadoria.
“Sem qualquer sentimento de sensibilidade, ao contrário com o objetivo de atingir a todos, você subtraiu todas as cadernetas de poupança de sua mãe e de Madalena. Esta, foi como os meus antepassados diziam, era e sempre foi a chamada ‘mãe preta’ que lhe embalou no colo assim como vem fazendo com a sua filha. Serviu até hoje como uma ‘escrava’ fazendo todas as suas vontades”, diz um trecho do documento como mostrado na TV Bahia.
“Queria bem como se fosse a sua própria mãe. Então qual o agradecimento e gratidão: retirou toda a sua pequena poupança, produto de uma aposentadoria de 35 anos de trabalho. Não satisfeita no seu instinto perverso, ainda teve a crueldade de consignar empréstimos na aposentadoria que variam de 48, 60 e 70 meses. Doloroso!. O choro de dor e desespero da inocente Madalena ao tomar conhecimento do fato, por certo está entregue à misericórdia Divina. O preço dessa covardia será resgatado, ainda nesta vida”.
A Justiça do Trabalho bloqueou R$ 1 milhão em bens para garantia das verbas rescisórias e dos danos morais pagos a doméstica Madalena Silva, de 62 anos, que foi resgatada por auditores-fiscais do trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência (MTP) após trabalhar 54 anos sem receber salários.
Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), o pedido, acatado pela juíza Vivianne Tanure Mateus, titular da 2ª vara do Trabalho de Salvador, foi feito pela procuradora Lys Sobral, coordenadora nacional de combate ao trabalho escravo do órgão.
Sônia e Cristiane não foram presos porque o caso não se trata de um flagrante. A ex-patroa afirmou à TV Bahia que só vai se pronunciar no processo administrativo e em caso de um possível processo judicial, pois é idosa e nunca respondeu a nenhum processo criminal. A filha Cristiane Seixas Leal não responde às chamadas da imprensa.
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