As entidades estudantis, UBES, UNE e ANPG, se pronunciaram em nota divulgada na última quarta-feira, 22, em face à prisão do ex-ministro e dos pastores envolvidos no esquema apelidado de “bolsolão do MEC”, esquema que consistiu na cobrança de propinas e tráfico de influência, também contou com o envolvimento de nomes como Milton Ribeiro, Ministro do MEC, e o presidente Jair Bolsonaro.
As entidades afirmam que este esquema levou o Brasil a imensos retrocessos na educação, mas mesmo nunca tendo sido ouvidas e sequer recebidas pelos órgãos, entendem que este é um passo importante contra a impunidade que reinou no governo Bolsonaro. Leia a nota na íntegra:
NOTA DAS ENTIDADES ESTUDANTIS: PELO FIM DA IMPUNIDADE E PELA RECONSTRUÇÃO DO PROJETO DE EDUCAÇÃO
Uma das principais defesas das entidades estudantis nesse ano foi pela apuração do esquema de corrupção do Ministério da Educação, apelidado de “bolsolão do MEC”. Um esquema que envolvia cobrança de propinas e tráfico de influência entre pastores, no qual veículos de imprensa afirmavam que o então Ministro do MEC, Milton Ribeiro, e também o presidente Jair Bolsonaro, estavam envolvidos.
O esquema levou o Brasil a imensos retrocessos na educação. Os Municípios pararam de receber verbas, a universalização do acesso de crianças e de jovens ao ensino médio estagnou e a alimentação escolar perdeu recursos. Um ministério que deveria ser o responsável por um projeto nacional de educação se tornou um balcão de negócios.
Desde o início denunciamos o aparelhamento ideológico do ministério com o governo Bolsonaro e as graves consequências para a educação: na pandemia ficou refletido o alinhamento entre o negacionismo do governo e a pasta, e hoje temos diversos índices negativos gerados pela péssima gestão, incluindo o de evasão escolar.
Para se ter um exemplo, o Banco Mundial apresentou um estudo neste ano no qual demonstrava que já existia uma defasagem na educação de nosso país. Antes de 2020, 50% dos alunos apresentavam um nível de proficiência abaixo do nível, depois da pandemia, o número saltou para 71%. Isso é reflexo de um Ministério que “cruzou os braços” durante o momento mais crítico em nossa recente história e optou por cortar o orçamento das universidades e institutos federais, priorizando manobras eleitoreiras.
Também, não é coincidência que sob essa gestão do MEC, o ENEM tenha sido o mais desigual, com menor número de inscritos desde 2005, e tenha sido realizado em um clima de instabilidade.Nós das entidades estudantis e a sociedade alertamos frequentemente o ministério sobre essas questões. Mas nunca fomos ouvidos e sequer recebidos pelo órgão.
Entendemos que a prisão hoje do ex-ministro e dos pastores envolvidos é um passo importante contra a impunidade que reinou no governo Bolsonaro, e além disso, devemos convocar toda a sociedade para reconstrução do projeto de educação, desmontado durante esses quase quatro anos de governo.
Educação é pilar para o desenvolvimento nacional e para a redução das desigualdades. Basta de desmonte!
UNE (União Nacional dos Estudantes)
ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos)
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