ROBERTO PARIZOTTI (SAPÃO)
Sobram
dívidas e falta dinheiro até para pagar as contas de água e luz, segundo
pesquisa da CNI. Para 42% dos brasileiros, a situação econômica pessoal piorou
em relação a três meses atrás
Um em cada quatro brasileiros não consegue pagar todas as contas do mês e as dívidas se acumulam, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta segunda-feira (8).
As contas de luz e de água estão no topo das que mais têm
sido atrasadas:
. 34% dos entrevistados já atrasaram contas de luz ou água,
. 19% deixaram de pagar o plano de saúde, e
. 16% tiveram de vender algum bem para quitar dívidas.
Sem conseguir sair do negativo, a maioria da população (64%)
precisou cortar gastos desde o início do ano. Os primeiros cortes foram nos
gastos com lazer, seguido por compra de roupas e calçados, depois desistência
de viagens.
Mas, o orçamento apertado provocou mudanças mais drásticas no
dia a dia do brasileiro, como parar de comer fora de casa (45%), diminuir
gastos com transporte público (43%) e deixar de comprar alguns alimentos (40%).
O levantamento da CNI também mostrou que a cada cinco
brasileiros, pelo menos um precisou pedir empréstimo ou contrair dívidas nos
últimos doze meses. Para 42%, a situação econômica pessoal piorou em relação a
três meses trás. Outros 16% acham que ainda vai piorar mais até o final do ano.
Sem conseguir sair do vermelho, 69% da população não
conseguem guardar dinheiro para emergências, nem tampouco planos futuros.
“O estudo mostra os efeitos da situação econômica do
país nos hábitos da população. O aumento de preços de produtos como gás de
cozinha, alimentos e combustível impacta diretamente no orçamento das famílias
e isso reflete na redução do consumo de uma forma mais ampla”, disse o gerente
de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
A pesquisa CNI avaliou, ainda, a percepção da população sobre
os aumentos. Gás de cozinha lidera o ranking de produtos cujos preços mais
subiram nos últimos seis meses na percepção da população. Nesta edição da
pesquisa, 68% disseram que o valor do gás está maior contra 56% em abril.
Em seguida, aparece os itens alimentos, conta de luz e
combustível. Mais da metade dos brasileiros destacam o aumento desses itens. A
percepção de alta dos preços de itens como arroz e feijão e carne vermelha
também cresceu bastante em relação à pesquisa de abril, com aumento de mais de
10 pontos percentuais em julho.
Diante do aumento dos preços, a maioria da população (68%)
pechinchou antes de fazer uma compra este ano e utilizou o cartão de crédito
(51%). O famoso “comprar fiado” fez parte da realidade de 3 em cada 10
brasileiros este ano, mais que cheque especial, crédito consignado ou
empréstimo com outras pessoas, que tiveram menos de 15% de uso cada um entre os
entrevistados.
A pesquisa encomendada pela CNI para o Instituto FSB Pesquisa
é a segunda realizada no ano com foco na situação econômica e hábitos de
consumo da população. Foram entrevistados, presencialmente, 2.008 cidadãos em
todas as unidades da federação entre os dias 23 e 26 de julho.
Fonte: CUT NACIONAL
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