Clipe lançado pela entidade estudantil marca os dez anos da Lei de Cotas e reafirma a urgência de manter essa política pública.
Com música de Chico César, que também canta no filme, e letra de Carlos Rennó, o clipe “As Cotas” lançado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) reafirma a importância dessa política afirmativa para a transformação ocorrida no perfil dos estudantes que frequentam as instituições de ensino superior do país, com entrada de alunos negros e indígenas e pessoas com deficiência.
A produção tem participação de outros artistas – como Letícia Sabatella, Gilsons, Vitão, Teresa Cristina, Moreno Veloso, Fabiana Cozza, Leci Brandão, José Miguel Wisnik, Célia Xakriabá e Edvan Fulni-ô –, de representantes estudantis, como a primeira presidente negra do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, Letícia Chagas, e a própria presidente da UNE, Bruna Brelaz, e de lideranças negras e indígenas, como Gabriel Vako e Samela Sateré Mawé.
Sancionada em 29 de agosto de 2012, pela então presidente Dilma Rousseff, a lei já previa revisão no prazo de dez anos, para avaliar os resultados da sua aplicação e a necessidade de ajustes e aperfeiçoamento. Por isso o assunto está em pauta atualmente não só nas universidades e na sociedade, como no Congresso Nacional, onde deve ser analisado pela Câmara dos Deputados. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) apresentou o Projeto de Lei 433/2022, que altera o artigo 7º da Lei 12.711/2012, para que a cota passe a ser permanente.
Com o clipe, a UNE quer intensificar o debate público sobre a urgência de manter a lei. “Esses dez anos da Lei de Cotas transformaram a sociedade brasileira, e é esse o futuro que queremos continuar vivendo. O enfrentamento às desigualdades se faz necessário para garantir uma sociedade com equidade e justiça social”, argumenta Bruna.
A obra audiovisual revela símbolos da luta dos brasileiros por direitos, ao mesmo tempo que reúne um time de estrelas da música popular brasileira para contar essa história em forma de canção. O filme-ensaio mostra a trajetória da população negra e indígena no Brasil, desde a colonização até os dias atuais, passando pela conquista da Lei de Cotas, como uma ação afirmativa para reparar a privação de oportunidades provocada pelos 300 anos de escravidão.
A narrativa conduz os espectadores pelos corredores do Largo de São Francisco, agora ocupados não mais por apenas integrantes da elite, mas também por indígenas, estudantes de pele negra, pessoas LGBTQIAP+ e toda a diversidade que hoje se vê nas universidades brasileiras.
A escolha da locação não foi aleatória: o Largo de São Francisco, além de ser palco de grandes manifestações pela democracia (como no caso do ato que reuniu milhares de pessoas no dia 11 de agosto, na leitura da Carta pela Democracia), também é símbolo da elite intelectual que por muitos anos foi composta apenas por homens brancos.
Assista ao filme:
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