- Por Marcos Adller de Almeida Nascimento*
“Quantas formas de viver uma experiência universitária existem? Não conheço o inteiro dessa resposta, mas posso indicar uma maneira de experimentar essa vivência de modo intenso e significativo. Quero lhes contar a respeito de como o Programa Trilhas Potiguares torna especialmente viva a experiência universitária.
Fazer extensão não é tarefa fácil. E não quero dizer que seja difícil, só não é fácil. A extensão desacomoda, “desencasula”, desprotege, torna vulnerável. Essa é a extensão em seu sentido hard, a extensão que implica, fundamentalmente, no contato com a realidade dos sujeitos nos espaços que lhes são próprios: no assentamento rural, no vilarejo, no quilombo, nos distritos esquecidos pelo Estado, na penitenciária, em unidades de saúde, sob o sol do semiárido com o valente agricultor, na casa de brasileiras e brasileiros que são gente!
Uma extensão imersiva e solidária na medida do compromisso que comunidade e universidade (na sua forma humana, os sujeitos estudantes, docentes e técnicos administrativos) firmam em torno de um desenvolvimento recíproco. Uma extensão nutrida pela utopia do tornar-se pleno e, portanto, uma extensão protagonizada por atores conscientes de sua incompletude. Onde está a autenticidade do extensionista que só tem a oferecer? Essa extensão substantiva, sustentada na ação comunicativa e no gesto comunicacional, aproxima a humanidade, (re)significa o cotidiano das pessoas (das com título e das sem título acadêmico).
O Programa Trilhas Potiguares, na nossa Universidade Federal do Rio Grande do Norte, é uma das estradas cuja viagem oportuniza experiências acadêmicas transformadoras. É da essência do programa desmanchar os muros e as cercas que separam as pessoas, os seus saberes e as suas vivências dentro da universidade. O Trilhas desencaixa e mistura o que os organogramas separa. Ciências Humanas, Ciências Sociais, da Saúde, da Terra, Biociências, Tecnologias, Jundiaí, Trairi e Seridó?
Concluindo, peço licença para compartilhar o que escreveu uma trilheira, a Andrea Luiza, que esteve comigo (e com outros 21 trilheiras e trilheiros fantásticos) neste ano em Enxu Queimado, distrito de Pedra Grande/RN:
É do lado de fora que a vida urge. O vento sopra, a doença ataca, a notícia chega. É do lado de fora que você pode fazer a diferença. O olho no olho, toque, o abraço, o gesto. Sair da universidade para realizar ações é uma coisa, mas levar a universidade até onde, muitas vezes, ela não pode chegar, é outra.
Foto: Cícero Oliveira. |
Trilhando a universidade se torna uma, sem tautologismos. O Trilhas, quem sabe, ajuda a UFRN a melhor traduzir o seu “accipit ut det” (“recebe para dar” – divisa em latim presente no brasão da universidade). O Trilhas é uma ponte dentro da UFRN.”
* Marcos Adller de Almeida Nascimento, professor do curso de Administração do Centro de Ensino Superior do Seridó, campus Currais Novos, e trilheiro desde quando discente da graduação.
Foto: Helena Rodrigues.
Fonte: UFRN
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