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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

UNILA sob ataque da mídia golpista – Por Rafael Gomes*


A edição do último domingo – 25 de setembro, da revista Época trouxe em sua capa uma manchete que diz: “Educação em ruínas”. A ilustração da capa deu destaque para o prédio em construção que abrigará as futuras instalações da UNILA – Universidade Federal da Integração Latino-Americana, localizada em Foz do Iguaçu.

À primeira vista, a percepção do leitor é de que a matéria irá abordar o desmonte em curso na educação, atingida com os cortes que reduziram as verbas de custeio e praticamente zeraram os recursos para investimento nas universidades, em 2017. A UNILA é um caso destes, junto com quase uma dezena de universidades federais em implantação no Brasil que sofrem as consequências destas medidas. A matéria, no entanto, não dedica uma linha sequer ao efeito devastador do corte. Critica a ampliação das vagas nas universidades públicas nos anos dos governos Lula e Dilma, aponta para o alto custo de manutenção do sistema de universidades e escandaliza o orçamento da construção do campus da UNILA. Na ânsia de impressionar seus leitores, chega a afirmar que a área do campus possui 380 mil quilômetros quadrado, o que se fosse verdade corresponderia a uma área equivalente a dois estados do Paraná, onde a UNILA está localizada.

No subtítulo da matéria, ainda na capa, vê-se que não se trata propriamente de uma abordagem sobre educação, quando se lê: “Escolhas ideológicas e erros de gestão estão destruindo as universidades públicas brasileiras”. Como o próprio título diz, o alvo central é a questão ideológica e o caráter público das universidades, e neste contexto, a UNILA tem sido o modelo principal a ser combatido por setores da extrema direita. Há meses, a UNILA está sofrendo uma escalada de ataques de natureza ideológica por parte dos setores mais conservadores do Congresso e da grande mídia.

Em outubro de 2016, o locutor da rádio Jovem Pan, Marco Antonio Villa teceu comentários contra a UNILA, esbanjando ignorância diante das nomenclaturas das disciplinas de alguns cursos oferecidos pela universidade. O senador Álvaro Dias usou a tribuna do Senado e as redes sociais para desferir ataques contra a UNILA, classificada por ele como “bolivariana”. Recentemente, o deputado Sergio Souza, do PMDB do Paraná propôs a extinção da UNILA e no lugar dela, a criação de uma universidade vocacionada para o desenvolvimento do agronegócio da região oeste do estado. A proposta não avançou.

A abordagem da revista Época demonstra a continuidade de uma antiga aliança entre os setores mais retrógrados do Congresso e a grande mídia para destruir o programa que expandiu e ampliou o acesso às universidades públicas brasileiras, e no caso da UNILA, deu um passo histórico na direção da integração científica e cultural da América Latina. Se, para estes setores a UNILA é uma escolha ideológica do governo Lula, combatê-la e esmagá-la é uma questão de honra e um desafio também ideológico. 

Estes algozes exercem uma patrulha semelhante à das milícias da Escola Sem Partido, como numa guerra contra o livre pensamento. É neste terreno que a UNILA está situada, com o agravante do caráter xenofóbico que possui seus mais vorazes críticos. A presença de estudantes estrangeiros na UNILA também é alvo de ataques de ódio praticados por agressores encorajados por alguns políticos e pelos grandes meios de comunicação de massa. 

Exemplo incontestável foi o do estudante haitiano agredido enquanto seus agressores gritavam dizeres xenofóbicos e evocavam temas políticos para justificar que o estudante deveria voltar para seu país de origem.

Recentemente, uma Audiência Pública no Senado convocada pela Comissão dos Direitos Humanos e presidida pelo senador Paulo Paim discutiu a crise das universidades e dos institutos federais. A Audiência contou com as presenças de representantes de entidades da educação, MEC e representantes das IES, como o reitor da UNILA, Gustavo Vieira. O principal encaminhamento da Audiência foi o da criação da Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas em Implantação, que inclui a UNILA, a UNILAB e outras seis instituições. A criação da Frente é uma forma de legitimar o trabalho de parlamentares alinhados com a pauta da defesa dessas universidades, como já demonstrado pelos senadores Paulo Paim e Fátima Bezerra e pelos deputados Orlando Silva e Maria do Rosário.

A defesa da universidade pública brasileira e da UNILA enquanto estratégia de integração regional está distante dos interesses corporativos dos grupos empresariais que pretendem feudalizar o sistema de educação brasileiro. A ofensiva destes grupos se deve ao fato de que, sob a liderança de Michel Temer é possível fazer todo o serviço sujo, como fechar UNILA a pedido de empresas agroindustriais, como a Frimesa, a Cocamar e a Lar. Os nomes destas empresas estavam citados na justificativa do deputado Sergio Souza, quando propốs a uma Medida Provisória, a emenda que previa a extinção da UNILA.

Servindo-se de panfleto destes políticos e grupos empresariais, a revista Época bradou que os ricos devem pagar para estudar e os pobres ocuparem vagas gratuitas nas universidades públicas. A UNILA é alternativa de universidade da integração para estudantes das periferias de diversos países latinoamericanos. Uma das tragédias que esses países compartilham em comum são suas crianças e jovens segregados em escolas, onde os que pagam têm direito à qualidade e os que não pagam, não. As elites que querem destruir a UNILA jamais admitiram pagar para o filho do pobre estudar na mesma escola que o filho deles.

O mesmo não fariam nas universidades.
Nós bem os conhecemos.
#UNILAfica
*Rafael Gomes é estudante da UNILA

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