40% da carga horária do ensino médio e 100% da Educação de Jovens
e Adultos podem ser à distância. Especialistas são unânimes: esse é
mais um duro golpe na educação e na qualidade do ensino no País.
O ilegítimo, golpista e entreguista de Michel Temer (MDB-SP) quer
liberar até 40% da carga horária do ensino médio para educação a
distância. Para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a proposta é
permitir que 100% do curso seja feito fora da escola.
O ensino online, além de implicar na redução do número de professores
e, consequentemente, no fechamento de escolas, impede que pessoas sem
acesso a internet continuem estudando. Profissionais e especialistas em
Educação são unânimes em afirmar que esse é mais um duro golpe na
educação e na qualidade do ensino de todo o país.
“É a terceirização da escola pública”, denuncia a Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), em nota divulgada na
semana passada.
“Ao invés de investir na formação, na contratação, na valorização de
professores e em quadros técnicos administrativos, na infraestrutura e
na ampliação de escolas e turnos integrais, o governo ilegítimo, fiel à
Emenda Constitucional (EC95), que implantou o mais cruel ajuste fiscal
da história do país, opta por precarizar ainda mais o ensino médio
brasileiro”, diz trecho da nota.
Para o presidente da entidade, Heleno Manoel Gomes Araújo Filho, a
medida atende exclusivamente o mercado, uma vez que ignora completamente
o papel do Estado de garantir Educação de qualidade e acessível a todos
os brasileiros.
“O governo golpista está pouco se importando com aquilo que determina
a legislação, que é fazer com que os alunos concluam o ensino médio e
exerçam a cidadania, além de serem preparados, com qualidade, para o
mundo do trabalho”.
“O que eles querem de fato é dar dinheiro público para o setor privado”, denunciou o presidente da CNTE.
O doutor em educação e professor da Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia, Almérico Lima, concordou com Heleno e acrescentou:
“Do ponto de vista pedagógico, despreza para os dois casos, a
necessidade de sociabilidade, de construção coletiva do conhecimento, de
reforço a interação e pertencimento social que é característica da
educação presencial”.
Segundo o professor, a medida visa apenas um crescimento
quantitativo, com pouca ou nenhuma qualidade. “E, no caso específico da
educação de jovens e adultos, é ainda mais perverso, pois é exatamente
esse público o menos incluído digitalmente, com muitas dificuldades
quanto ao acesso às plataformas digitais”, concluiu Almérico Lima.
A professora associada da Universidade Federal de Minas Gerais e
pesquisadora do campo da educação de jovens e adultos, Analise da Silva,
disse que para a grande maioria dos educandos da EJA a medida é uma
catástrofe, um desastre.
“Para a EJA é uma tirada de chão. Se existir a abertura de oferta de
EJA 100% a distância, a modalidade deixará progressivamente de ser
reconhecida como direito, na minha avaliação. Passará a ser ofertada por
grupos educacionais privados, seja por si, ou em parceria com os
Estados e Municípios”, destacou a professora.
“Esse jovem ou adulto que procura a EJA, quando criança e adolescente
foi privado do seu direito de escolarização. Agora o trabalho que
precisa ser feito é muito presencial, em que ele seja e se sinta
acolhido devidamente para construir seu conhecimento escolar em diálogo
com suas vivências”, explicou Analise.
A professora ainda disse, indignada, que o que este governo está
fazendo com a educação de jovens e adultos é mais um filão para os
“empresários que precisam de uma formação da mão de obra para o mercado
mais barata e que possa ser descartada com maior facilidade”.
Segundo Analise, as brasileiras e os brasileiros não tem outro
recurso além de continuar lutando e resistindo. “Precisamos continuar
nas ruas, nos espaços de controle social, nas redes sociais e, em
especial, nas redes humanas, lutando contra as retiradas de direitos e
denunciando os golpes diários desse governo ilegítimo”.
Fonte: CNTE
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