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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

EM 1984 UM MOTORISTA DE ÔNIBUS ENFURECIDO ATINGIU UM BLOCO DE CARNAVAL EM NATAL

Natal, 25 de fevereiro de 1984, uma semana antes do Carnaval. Como de costume, a tranquila cidade do Natal organizava com entusiasmo seus bloquinhos de carnaval, que, há alguns anos, desfilavam com gente empolgada antes mesmo do período carnavalesco.
A Prefeitura de Natal disponibilizara transportes exclusivamente para os foliões e as bandinhas. O produtor cultural Dickson Medeiros tratou de colocar seu bloco na rua. O “Cordão dos Puxa-Saco” sairia no pré-carnaval daquele dia reunindo cerca de 5 mil foliões, um “mar” de gente, entre amigos e familiares, pelas ruas da capital. Era a terceira edição do bloco, e também sua consolidação como um dos blocos de maior sucesso na cidade.
O bloco “Cordão dos Puxa Sacos” na época. Autor da foto desconhecido.
Mas um destes transportes infelizmente tinha como motorista o jovem de 26 anos Aluízio Farias Batista, que havia recebido a notícia de que deveria trabalhar naquele dia além do expediente para cumprir um acordo com a Prefeitura, e isso o deixou bastante irritado. O motorista, mesmo topando para manter seu emprego, não sabia que faria a sua última viagem como funcionário da empresa Guanabara.
Na madrugada daquele dia Aluízio tinha a missão de deixar os integrantes da escola de samba “Malandros do Samba”, que tinham acabado de se apresentar no bairro do Alecrim e iriam para sua sede, localizada no bairro das Rocas. Um percurso de pouco mais de 4 km. Os integrantes da escola voltavam bastante entusiasmados dentro do ônibus, bem ao contrário do inconformado motorista.
Motorista Aluízio Batista na época do acidente
Na rua, o “Cordão dos Puxa-saco” seguia animado reunindo jovens e adultos ao som de sucessos tocados pela sua bandinha. O bloco iria se dispersar na Praia do Meio, e a previsão era que a folia naquela madrugada seguisse até o amanhecer do dia.
Dentro do ônibus os ânimos estavam exaltados, integrantes da escola animados versusmotorista estressado, e então ocorreu uma discussão. Os integrantes da escola de samba, gritando, tocando e apressados para chegar em casa, começaram a puxar a corda do ônibus, e isso deixou Aluízio ainda mais enfurecido. Ele então saiu em alta velocidade pelas ruas de Natal, sem respeitar os semáforos e prestes à perder o controle. Após reclamações dos passageiros, ele teria respondido: “Se tiver que morrer, morre todo mundo”.
Na rua, há poucos quarteirões dali, o bloco de Dickson fazia uma pequena parada na Praça Carlos Gomes, para que os integrantes procurassem o banheiro e comprassem bebidas e lanches, mas infelizmente eles encontrariam o ônibus de Aluízio em disparada antes que pudessem retomar sua caminhada.
Pouco depois da meia noite, nas proximidades do então recém-inaugurado Viaduto do Baldo, ao fazer uma curva a traseira do ônibus bateu em um carro que estava parado no canteiro na Avenida Rio Branco, desviando para uma rota fatal: em direção ao “O Cordão dos Puxa-saco”. Já sem o controle do veículo, Aluízio viu o ônibus em que dirigia invadir o lado da pista onde os quase 5 mil foliões se divertiam, atropelando várias pessoas.
O carro Fusca de placa “DN 9799” atingido pelo motorista do ônibus no acidente
O ônibus passou em alta velocidade pelo meio do bloco, atingindo as pessoas num trecho de mais de 80 metros, já na subida da avenida, e muita gente foi atropelada. “Como presidente do bloco, eu tinha que ficar observando o funcionamento de tudo, principalmente da banda. Eu estava do lado dos músicos até o momento em que o bloco passou pela igreja de São Pedro. A partir daí passei a dançar com uma mulher na frente do bloco e, quando estava no meio da subida eu me virei, aí vi a cena mais horrível da minha vida. Como foram muitas pessoas atingidas, a rua se transformou num verdadeiro mar de sangue”, disse Dickson Medeiros.
Quando chegou ao alto da avenida, Aluízio abandonou o ônibus acreditando ser o final da tragédia, mas o carro desceu a ladeira, atingindo o bloco novamente, e até quem já ajudava os feridos. Há relatos de que era possível ouvir o estralar de ossos das vítimas. Foi quando um rapaz chamado Adailson Pereira de Oliveira teve uma atitude heroica, ele conseguiu subir no coletivo e puxar o freio de mão, parando o carro imediatamente.
Um laudo do ITEP na época afirmou que não houve nenhuma falha mecânica no ônibus. O acidente deixou 19 mortos, 11 feridos gravemente e o trauma interrompeu durante muitos anos o carnaval de rua em Natal. Muitas pessoas escaparam justamente porque o bloco estava disperso pela pausa na praça.
Alguns dias depois da tragédia, Aluízio Farias Batista se apresentou à Polícia, prestou depoimento e foi misteriosamente liberado. Depois disso ele nunca mais foi visto.
Em 15 de maio de 2009 ele foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado, mas a prisão nunca aconteceu.
Em 2005 o programa Linha Direta da Rede Globo de Televisão fez uma matéria que ilustra bem o triste ocorrido, assista aqui:
Mortos no acidente: Wellington Teófanes de Assis, Walace Martins Gomes, Francisco Alves da Silva, Dinarte de Medeiros Mariz Neto, Abimael Florêncio Bernardo, Jaecy Cabral de Oliveira, Murilo Alberto Viana da Silva, Luiz Inácio da Silva, Esdras César da Silva, José dos Santos Xavier, Acelúsio Borges Gomes, Jethe Nunes de Oliveira, Benedito Alves da Silva, José Luiz da Silva, Simone Banhos Teixeira, Milton Servita de Brito, José Félix de Lima, Astor dos Santos Dantas e Rizomar Correia dos Santos. Dezenas de pessoas ficaram feridas.
Deixo aqui minhas sinceras condolências aos familiares das vítimas 
Fonte CURIOZZZO

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