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sexta-feira, 17 de abril de 2020

Rubem Fonseca morre aos 94 anos

Um dos mais importantes nomes da literatura brasileira, o escritor Rubem Fonseca morreu ontem, quarta-feira (15), aos 94 anos, vítima de um infarto, em seu apartamento no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada por seu genro, o colecionador Pedro Corrêa do Lago. O escritor, que completaria 95 anos em um mês, foi levado ao hospital, mas não resistiu. Ainda não foram divulgadas informações sobre velório e sepultamento.
Mineiro de Juiz de Fora, José Rubem Fonseca, nome fundamental, construiu uma trajetória respeitada nas letras, influenciou gerações de escritores e colecionou prêmios  – entre ele, o Camões, em 2013, considerado o mais importante reconhecimento da literatura em língua portuguesa, pelo conjunto da obra.
Funcionário da Light e ex-comissário de polícia,  Zé Rubem, como era chamado pelos amigos, criou contos com personagens antológicos que moldaram gerações ao expor as feridas da sociedade. “Feliz Ano Novo”, de 1975, é citado como referência obrigatória de quase todos os escritores surgidos nas últimas décadas.
O escritor nasceu 11 de maio de 1925, se formou em Direito na UFRJ e construiu uma carreira de seis anos na polícia civil, como comissário, em São Cristóvão, Rio de Janeiro. Ele estreou na literatura em 1963, com o livro de contos “Os Prisioneiros”. Na época, sua obra foi descrita como brutalista. Sua  chegada ao cenário da literatura brasileira introduziu o gênero policial na época contemporânea com obras como “Lúcia McCartney” (1967), “O Caso Morel” (1973), “A Grande Arte” (1983), o já citado “Feliz Ano Novo” (1975), além de “Bufo & Spallanzani” (1985) e “Agosto” (1990).
Autor de mais de 30 livros, ele teve sua obra traduzida em vários países e adaptada ao teatro, cinema e televisão. Venceu cinco vezes o prêmio Jabuti de contos, pelos livros “Lúcia McCartney” (1969), “O Buraco na Parede” (1995), “Secreções, Excreções e Desatinos” (2001), “Pequenas Criaturas” (2002) e “Amálgama” (2014). Na categoria romance, ele venceu apenas uma vez, com A “Grande Arte” (1983), mas um de seus mais reconhecidos romances é “Agosto”, narrativa histórica que conta os eventos que culminaram no suicídio do ex-presidente do Getúlio Vargas em agosto de 1954.
Conhecido por sua reclusão – e consequente recusa a dar entrevistas -, a Rubem Fonseca normalmente é a atribuída a fundação de uma nova era na ficção nacional, que se tornou mais urbana depois dele. Com os livros do autor, também chega ao país uma influência mais direta da literatura dos Estados Unidos, além da linguagem cinematográfica.
Com livros marcados pela linguagem afiada e pela violência, ele publicou principalmente histórias policiais, mas era um dos autores que levava ao gênero – muitas vezes associado ao mero entretenimento – à alta qualidade literária.
Apesar de ter nascido na Zona da Mata mineira, Rubem Fonseca  viveu a maior parte da vida no Rio de Janeiro – e, mesmo recluso, se tornou, um dos personagens da cidade. Morador do Leblon, não era incomum vê-lo levemente disfarçado em caminhadas matinais, com boné e óculos escuros.
Sua reclusão gerou anedotas. Por exemplo, há a história clássica de um repórter de TV que, cobrindo a queda do Muro de Berlim, em 1989, resolve entrevistar um brasileiro que por ali passava. Aos ser questionado sobre seu nome, o tal brasileiro responde: “José Rubem”. O jornalista conversa com o escritor sem se dar conta de sua real identidade.
O lançamento de “Feliz Ano Novo”, em 1975, e proibição posterior pela ditadura, geraram uma das polêmicas mais rumorosas envolvendo um escritor no regime militar. O livro trazia cinco contos com o estilo que consagrou Fonseca, com os personagens urbanos e do submundo dos quais ele gostava de tratar, como um milionário que atropela pessoas de noite.
A obra já tinha saído há um ano e sido um best-seller quando a ditadura o proibiu, acusando o autor de atentar contra a moral e os bons costumes. Fonseca processou a União, mas o livro só voltaria às prateleiras em 1985, com a reabertura da democracia.
Seu trabalho mais recente foi o livro “Carne Crua”, publicado em 2018, que reuniu contos inéditos.
Fonte: Portal BRASIL CULTURA

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