José Carlos Ruy, pesquisador competente e curioso, escritor cioso da precisão, com sua seriedade, discrição e calma em qualquer discussão, vai fazer muita falta
Acho que eu conheci o Ruy pessoalmente em 1978, na sede do jornal Movimento, em São Paulo. De início ele trabalhou no arquivo do jornal, com o Samuel Rodrigues e o Miguel Jimenez, depois foi para a redação. Desde então participamos juntos de várias publicações dirigidas pelo jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, como a enciclopédia Retrato do Brasil, a revista Reportagem e a revista Retrato do Brasil.
Algumas das características que me chamaram a atenção nele, desde o início, foi a seriedade, a discrição, e a calma em qualquer discussão. Talvez fosse sério demais, embora soltasse sonoras gargalhadas volta e meia.
Uma vez me disse, para meu espanto, que não suportava o Woody Allen, um dos meus ídolos, a despeito das tentativas criminosas de seu cancelamento por parte da Mia Farrow.
Pesquisador competente e curioso e escritor cioso da precisão, por mais de uma vez mencionou para mim a ex-mulher, a bióloga e escritora Verônica Bercht, como exemplo a ser seguido, por sua “cautela de cientista”. “A gente só deve escrever depois de estar muito seguro dos dados, levantados com rigor”, dizia.
Ficamos afastados muitos anos, durante os quais continuei a acompanhar o seu trabalho, sóbrio e entusiasmado, na revista Princípios e no portal Vermelho.
Mais recentemente, quando passei a colaborar com o Vermelho com algumas das minhas crônicas atrevidas, voltamos a nos falar. Foi quando soube que ele enfrentava, com o espírito de luta de sempre, graves problemas nos olhos.
O Ruy vai fazer muita falta entre as fileiras dos que batalham para transformar o Brasil numa república democrática, popular e socialista.
Fonte: Portal BRASIL CULTURA
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