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sábado, 5 de junho de 2021

UNE convoca Congresso Extraordinário entre 14 e 18 de julho

Maior evento estudantil do país será on-line e elegerá propostas, diretrizes e uma gestão provisória 

Com os dois anos do  57º Congresso da UNE, último CONUNE realizado em 2019,  se aproximando e diante do período desafiador que o país atravessa, a UNE convoca um Congresso Extraordinário entre os dias 14 e 18 de julho. Dessa vez, em formato on-line, por conta das necessidades impostas pela pandemia, os debates, GT´s e plenária estão mantidos, para aprovar as orientações e diretrizes da próxima gestão, que será em caráter provisório.

A deliberação aconteceu após reunião da Diretoria da Entidade realizada em 1º de Junho. Também foi decidido a convocação e mobilização de atos em todo Brasil contra os cortes na educação e pelo #ForaBolsonaro que devem acontecer no meio de junho – com as possíveis datas de 19 ou 26. O calendário será debatido com os demais movimentos para garantir unidade.

“Seria impossível nesse momento a realização dos tradicionais Congressos da UNE, que costumam atrair mais de dez mil estudantes de todo o Brasil, e entendemos que a diretoria da entidade deve ser renovada para construir a resistência e a formulação de saídas para esse período, e que esse processo deve estar dentro da legalidade e dos regimentos da entidade”, avalia Iago Montalvão, presidente da UNE.

Acompanhe as redes da UNE para acompanhar os processos de inscrição para o Congresso Extraordinário.

Confira a íntegra da Resolução da Reunião da Diretoria da UNE aprovada nessa terça-feira, 1º de junho

Organizar a luta para defender a educação, a vacina e derrotar Bolsonaro!

Vivemos hoje um dos períodos mais trágicos de nossa história. A pandemia do novo Coronavírus continua fazendo vítimas no Brasil, e já chegamos à triste marca de 462 mil mortos em nosso território. À medida que a pandemia avança, o governo brasileiro demonstra todo seu desprezo pela vida das brasileiras e dos brasileiros, com a recusa de vacinas e o incentivo à aglomeração e o não uso de máscaras, por exemplo, realizando um verdadeiro genocídio do nosso povo.

No campo econômico, o governo Bolsonaro também é um desastre. Segundo o IBGE, o índice de desemprego no país chega a 14,7%, atingindo cerca de 14,8 milhões trabalhadoras e trabalhadores que, sem um auxílio emergencial que corresponda ao mínimo necessário para a sobrevivência, ficam à mercê das incertezas causadas por essa catástrofe bolsonarista e da fome que volta a assolar as famílias.

A chacina do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, ocorrida no último dia 06, evidencia uma terceira face da política de morte da qual Bolsonaro e seus aliados são responsáveis, a da bala. Em nome de uma suposta guerra às drogas, corpos negros tombam diariamente em nosso país, inclusive de crianças e inclusive dentro de casa, em meio a uma pandemia, onde todos deveríamos ter o direito de permanecermos seguros.

Em meio a tudo isso, é a educação pública que vem buscando soluções para enfrentar a crise sanitária que dizima o povo brasileiro. Através de muita produção científica, as instituições públicas de ensino superior vêm dando aula no combate à Pandemia no país. Desde as vacinas produzidas por essas instituições, ao atendimento direto nos HUs e medidas pensadas para conter o avanço do vírus.

E é justamente a educação, ao lado da ciência, um dos setores mais atacados pelo governo Bolsonaro. As universidades e institutos federais vêm sofrendo cortes que ameaçam inviabilizar seu funcionamento, como anunciou a UFRJ no último mês, esses cortes foram na ordem de mais de R$ 1 bilhão somente no orçamento discricionário das universidades, além de intervenções na sua autonomia política na decisão de suas reitorias, como forma de viabilizar a política de desmonte das universidades sem nenhuma resistência por parte de seus gestores, e profundos cortes na assistência e permanência estudantil.

É importante frisar que desde o início da pandemia nenhuma proposta para minimizar os impactos da pandemia na educação foi apresentada pelo MEC. Pelo contrário, com o avanço da pandemia em nosso país, as atividades presenciais nas instituições de ensino superior foram suspensas ainda em março de 2020, sem nenhum plano concreto para a continuidade das atividades. O governo de Bolsonaro apenas buscou implementar um ensino remoto sem políticas de assistência e permanência para os estudantes que dependiam da estrutura da universidade para se alimentar, morar, ter acesso a internet e materiais didáticos. Não havendo nenhuma regulamentação sobre a implementação das  modalidades remotas de ensino e mesmo sem a garantia da ampla vacinação tenta impor a retomada das atividades presenciais através do PL 5595/2020, coube a UNE e o conjunto do movimento estudantil apresentar um projeto que abrangesse as políticas de assistência estudantil tão necessária para a manutenção de todas e todos os estudantes no ensino superior.

Diante dessa situação vemos a evasão e o número de estudantes em situação de vulnerabilidade crescer exponencialmente, fechando ainda mais as portas da universidade para aqueles grupos historicamente negligenciados, como os jovens negros, as mulheres, os trabalhadores e os LGBTQIA+. Essa condição está diretamente ligada com o crescente número de jovens que recorrem para os postos de trabalho mais precarizados, no setor informal, como é o caso dos entregadores de aplicativos.

A resposta veio no dia 29 maio, quando milhares de pessoas foram às ruas, tomando as precauções necessárias devido à Pandemia, em todos os cantos do Brasil, para gritar “Fora Bolsonaro”, por um auxílio emergencial digno, e levantar as bandeiras da defesa da educação e do direito à vacinação do nosso povo. Por vida, pão, vacina e educação!

Manter a UNE viva, forte e mobilizada: a UNE somos nós!

A UNE teve um papel destacado nesse processo, desde a posição firme quanto à necessidade da convocação dos atos, até a mobilização na base estudantil por meio de dezenas de assembleias, e também com grande responsabilidade assumindo as comissões de saúde dos atos, organizando estudantes da área da saúde, arrecadando recursos e máscaras para serem distribuídas nas manifestações. Isso ficou demonstrado pela presença massiva da juventude e dos estudantes nas ruas com grande referência na UNE.

É preciso dar continuidade a esse processo de mobilização com responsabilidade, coesão e unidade. A demonstração de forças do campo de oposição à Bolsonaro nas ruas inaugura uma nova fase das lutas populares, que serão fundamentais para a derrota de seu governo. Portanto consideramos indispensável que nos mantenhamos mobilizados respondendo ao amplo sentimento de indignação social, construindo um calendário de plenárias estudantis, de lutas unificadas junto às Frentes Brasil Popular, Povo sem Medo e a Campanha Fora Bolsonaro, ampliando cada vez mais a luta com participação de mais entidades na construção da mobilização popular, que desaguem em um novo dia nacional de luta nas ruas em 19 ou 26 de Junho, sempre reforçando os cuidados com uso de máscara, álcool gel, distanciamento.

Além disso, a União Nacional dos Estudantes se encontra em um momento importante de sua organização. Nos aproximamos da data em que completaremos o prazo de dois anos da gestão eleita no 57° Congresso da UNE em Julho de 2019. Os processos congressuais da nossa entidade têm forte tradição desde nossa fundação e configuram um caminho que percorre as eleições de delegados nas universidades, até a mobilização em congressos que tem reunido uma média de 12 mil estudantes a cada dois anos para discutir e eleger a nova diretoria e as diretrizes políticas da gestão que se sucede.

Entretanto nos encontramos em um dos momentos mais difíceis da nossa história, em que além dos graves efeitos da pandemia do covid-19, há um governo negacionista que nos impõe a necessidade de defender pressupostos básicos para salvar vidas: como as medidas restritivas, o auxílio emergencial, a vacinação urgente e massiva. Portanto estamos diante de uma situação objetiva que impossibilita a realização de um congresso presencial com milhares estudantes que se deslocariam de todo o país para um único lugar.

A ausência das aulas presenciais e a falta de perspectivas sobre um retorno que seja seguro também cria um cenário que impede a realização das eleições de delegados nas universidades, o que é indispensável para cumprir o processo congressual.

Embora hajam essas imposições objetivas do contexto em que estamos, há a necessidade de renovar as lideranças à frente da direção da União Nacional dos Estudantes, bem como o cuidado institucional que garanta a legitimidade e legalidade da nossa entidade. Assim como há também uma a necessidade de realizarmos um espaço amplo e aprofundado de debate que atualize o programa político da UNE e suas diretrizes para a atual conjuntura.

Nesse sentido, a Diretoria da União Nacional dos Estudantes convoca para os dias 14 a 18 de Julho, um Congresso Extraordinário para renovação de sua diretoria por meio de uma gestão de caráter provisório, que deverá ocorrer no formato online, composto por uma programação que contemple debates abertos, grupos de trabalho e plenárias, cujas discussões garantam a ampla participação das entidades e estudantes da base do movimento estudantil, cujas propostas sejam sistematizadas e aprovadas pela diretoria como resoluções e diretrizes para a próxima gestão.

O momento exige muita luta e responsabilidade. As dificuldades do momento não irão abater a força dos estudantes. A UNE somos nós, nossa força e nossa voz!

Fonte: UNE

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