imagens por Kamatxi Ikpeng e Richard Werá Mirim
Uma câmera na mão indígena entre muitas ideias na cabeça, tal um novo cinema num país que nega. A película que não desiste no digital definitivo da suprema insistência. Em paz vejo, apesar das afrontas, a floresta, caatinga ou cerrado que queima, que o índio que não desiste, em protesto incide. Marco temporal NÃO.
País tão diverso, por vezes, me recorda a nau que afunda, mas como submarino, uma sucuri grande de rio ressurge. Se a civilização bóia, dança ou lamenta no trânsito sempre da luta pela vida, vejo hoje que a mulher indígena, tal peixe de fundo, onça que espreita, guarda, comemora, celebra.
Um cérebro eletrônico na terra em que pisamos, eles caminham.
Fotógrafo indígena é tipo desse ser que voa, marca, demarca como águia ou coruja. Aprendeu, conquistou a tal máquina do mundo, como a flor que rompeu o asfalto. Releio meus poetas e percebo, mais do que nunca, porque sofriam tais delicados ou fingidores. Dor primitiva, originária, tradicional.
Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.
* A Flor e a Náusea / Carlos Drummond de Andrade
O ser, mesmo, o resto será chuva. Sorriso que brota quando se abraça. Homens de terno preto quando se queimam.
Fonte: Jornalistas Livres
Nenhum comentário:
Postar um comentário