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domingo, 5 de dezembro de 2021

'Neopentecostalismo é a religião do neoliberalismo', diz Gilberto Nascimento

 

Edir Macedo e Gilberto Nascimento (Foto: Reprodução | Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

Escritor discorreu sobre o crescimento das igrejas evangélicas no país e ponderou sobre possibilidades de diálogo com a esquerda.

Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quarta-feira (01/12), o jornalista Breno Altman entrevistou o escritor Gilberto Nascimento sobre o crescimento das igrejas evangélicas e sua relação com a política brasileira.

“O neopentecostalismo é a religião do neoliberalismo porque tem essa coisa do empreendedorismo, da busca por prosperidade, por ganhar bem. E é um discurso que ressoou com setores menos privilegiados da população. A teologia da prosperidade diz que a riqueza é uma bênção de Deus, que ele quer ver as pessoas ricas e prósperas, então basta doar a Deus e, por tabela, à igreja e ao pastor, que você irá receber”, começou explicando o jornalista.

Assim, a lógica das igrejas fundamentalistas se assemelharia mais à de uma empresa que quer aumentar seu poder de influência sobre a população e a política para obter benefícios financeiros. Nascimento reforçou esse argumento contando que chegou até a ler o livro do pastor Edir Macedo, publicado em 2007, “e não consegui ver ali fundamentação política ou ideológica”. 

Nesse sentido, o grupo — que não é único e homogêneo, chegando até a existir evangélicos de esquerda — não teria um projeto de poder de construir um Estado teocrático cristão: “Acho que se eles conseguissem, iam adorar, mas não dá para dizer que têm esse projeto. Por enquanto têm relações mais pragmáticas e fazem alianças em torno de interesses e objetivos específicos”.

Por isso, também se trata de um grupo que, apesar de ter suas preferências políticas, se transforma a cada governo “para poder se dar bem com o grupo que for”. O jornalista destacou que os evangélicos da Assembleia do Reino de Deus e da Universal, os dois grupos mais poderosos e conservadores, chegaram a demonizar o Partido dos Trabalhadores e Lula, mas, quando ele venceu as eleições, “embarcaram de maneira intensa no governo”.

“Aliás, mesmo nas eleições de 2018, com Bolsonaro, que era o candidato mais próximo ao que eles queriam, Edir Macedo começou apoiando Geraldo Alckmin, porque se pensava que ele tinha mais chances de ganhar do que Bolsonaro”, ponderou.

Fonte: BRASIL 247

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